FRASE DO DIA
“Permitimos a mistificação de Lula. Mas Lula não é nenhum revolucionário. Ele saiu da classe trabalhadora e se comporta como se fosse parte da velha elite conservadora.”
Fernando Henrique Cardoso
“Permitimos a mistificação de Lula. Mas Lula não é nenhum revolucionário. Ele saiu da classe trabalhadora e se comporta como se fosse parte da velha elite conservadora.”
Fernando Henrique Cardoso
Candidatos ao Senado podem seguir o exemplo de Roriz
Tem por aí mais trës ficha suja dispostos a seguirem o exemplo de Joaquim Roriz, que renunciou à disputa pelo governo do Distrito Federal e escalou a mulher para seu lugar com medo de ter negado pelo Supremo Tribunal Federal o registro de sua candidatura.
Os três são candidatos ao Senado - Cássio Cunha Lima (PSDB) na Paraíba, Jáder Barbalho (PMDB) e Paulo Rocha (PT) no Pará.
A candidatura de Cássio foi impugnada pelo Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) com base na Lei da Ficha Limpa. Ele foi condenado duas vezes por órgãos colegiados, acusado de abuso de poder ao autorizar a distribuição de R$ 3 milhões em cheques de R$ 150 e R$ 200 com eleitores carentes.
Sílvia Cunha Lima, mulher de Cássio, deverá substitui-lo.
Jáder poderá ceder a vez à sua ex-mulher, a deputada federal Elcione Barbalho.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou o registro da candidatura de Jáder porque em 2001 ele renunciou ao mandato de senador. Com a renúncia, evitou a abertura de um processo de cassação por desvio de dinheiro da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
O artigo 1º da Lei Complementar nº 64/90 (Lei das Inelegibilidades), que foi incluído na Lei da Ficha Limpa, determina que se considere inelegível, por até oito anos após o termino da legislatura, o político que tenha renunciado a cargo eletivo para evitar a instauração de processo disciplinar contra ele.
O eventual substituto de Paulo Rocha ainda não foi escolhido. O registro da candidatura dele foi recusada pelo TSE. Acusado de ser mensaleiro, Rocha renunciou ao mandato de deputado federal no dia 17 de outubro de 2005 para escapar da abertura de processo por quebra de decoro parlamentar.
Cássio, Jáder e Paulo podem renunciar às candidaturas até 48 horas antes do dia da eleição. Seus nomes aparecerão na urna eletrônica - assim como o de Roriz. Ao cliclar no nome deles, os eleitores votarão nos seus substitutos.
O trem-bala do PT irá do Oiapoque ao Chuí
Elio Gaspari
O projeto do trem-bala tornou-se um monumento à empulhação. Tratando-se de uma obra que desde o primeiro momento foi acompanhada pela ministra Dilma Rousseff, ele permite viajar num típico de sua qualificação técnica e administrativa.
Em 2007, o trem faria a rota Rio-São Paulo, ficaria pronto antes da Copa de 2014, custaria R$ 18 bilhões, cobraria R$ 80 pela viagem e nada custaria à viúva. Seria bancado pelos concessionários. O bólide não o pararia no caminho, mas ninguém sabia dizer por quê.
Felizmente, o Tribunal de Contas travou a proposta, apontando inconsistências na estimativa da demanda. O TCU encontrou uma tabela com números absurdos. Feita a denúncia, o consórcio italiano que encaminhou o estudo disse que aquela planilha não tinha sido posta lá por ele.
Em 2008, decidiu-se que o governo entraria no negócio e o trem-bala tornou-se uma das joias da coroa do PAC. A essa altura o preço foi estimado em mais R$ 18 bilhões, com diversas paradas, estendendo-se até Campinas, uma decisão que deveria ter sido tomada no primeiro momento.
A ministra Dilma Rousseff defendia o projeto italiano mas ele foi moído no BNDES. Em maio daquele ano, a comissária confirmava o custo previsto na literatura do PAC. O BNDES trabalhava com uma conta de R$ 22 bilhões.
Em 2009, aquilo que seria um projeto privado ainda não atarraxara um só parafuso, mas começou-se a falar na criação de uma empresa estatal para a obra. Quanto ao custo, pulou para R$ 33 bilhões e as paradas seriam oito. O velho e bom BNDES deveria pingar R$ 20 bilhões.
Todos os prazos e custos do projeto estouraram. A tarifa Rio-São Paulo de R$ 80,00 está estimada em R$ 200. Ofereceram-se isenção tributárias de ICMS, PIS/Pasep e Cofins aos interessados. (Coisa de R$ 500 milhões.) Os consórcios internacionais querem que o governo garanta a demanda e tudo indica que serão atendidos, apesar de um deles já ter dito que não precisa disso. (Com garantia de demanda, Eremildo, o Idiota, inaugura uma linha de ônibus para a Lua.)
Com a proximidade da eleição, o embuste ganhou uma nova dimensão. Em maio, renasceu uma ideia de 2008 para estender o percurso do trem-bala a Belo Horizonte e Curitiba. No trajeto Rio-Campinas, ele percorreria 518 quilômetros. Com essas duas linhas, seriam mais 895 quilômetros.
Em julho, o senador Aloizio Mercadante prometeu trabalhar para levar o trem a Bauru, Sorocaba e Ribeirão Preto. Mais 400 quilômetros, pelo menos. Os 518 quilômetros iniciais ainda estão no papel e já prometeram mais 1.300 quilômetros.
Se o dia 3 de outubro demorar mais um pouco, os candidatos do governo oferecerão o Expresso Oiapoque-Chuí.
Nova enquete - O futuro Congresso
Como a imprensa se comportou até agora em relação à eleição do sucessor de Lula?
* De forma equilibrada - 23.42%
* Favoreceu Serra - 51.56%
* Favoreceu Dilma - 23.13%
* Favoreceu Marina - 0.82%
* Não sei - 1.07%
Deu na Folha de S. Paulo: Quem dá mais?
Renata Lo Prete
Dedicado à tarefa de impulsionar José Serra em São Paulo na semana final de campanha, o PSDB local faz marcação cerrada sobre os prefeitos que ameaçam se deixar seduzir pelo pacote de bondades do governo Lula.
A operação responde à abundante oferta de obras para cidades com menos de 50 mil habitantes -e minguado orçamento- inscritas no PAC2.
Sinalizando dividendos da possível vitória de Geraldo Alckmin já em 3 de outubro, os tucanos querem evitar desmobilização dos "multiplicadores" e migração de apoio para Dilma Rousseff no interior no momento em que os serristas enxergam o Estado como peça-chave para tentar forçar o segundo turno.
A preocupação dos tucanos se baseia em números robustos.
O Planalto abriu cadastro para construir 1.500 creches, 1.529 quadras poliesportivas e 2.172 postos de saúde em todo o país. Os projetos dispensam contrapartida.
"Tem prefeito que nunca disporia de verba própria para esse tipo de obra", diz um dirigente do PSDB.
Deu no Correio Braziliense: A “ultima hora”
De Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
Neste domingo, a apenas uma semana da eleição presidencial, temos uma parte menor do sistema político, uma parte importante (mas minoritária) da sociedade e a maioria da “grande imprensa” em torcida animada para que a “última hora” faça com que os prognósticos a respeito de seu resultado não se confirmem.
É natural que todos os candidatos, salvo Dilma, queiram que alguma reviravolta aconteça. Os três partidos que dão apoio a Serra, o PV de Marina Silva, os pequenos partidos de esquerda, todos torcem pelo “fato novo”, a “bala de prata”, algo que a golpeie. Do outro lado, a ampla coligação que Lula montou para sustentar sua candidata (e que formará, ao que tudo indica, a maioria do próximo Congresso) espera que nada altere o quadro.
Hoje, Dilma lidera em todas as regiões do país, jogando por terra as análises que imaginavam que as eleições consagrariam um fosso entre o Brasil “moderno” e o “atrasado”. Era o que supunham aqueles que leram, sem maior profundidade, as pesquisas, e acreditavam que Serra sairia vitorioso no Sul e no Sudeste, ficando com Dilma o voto do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste. Não é isso que estamos vendo.
Ela deve vencer em todos os estados, em alguns com três vezes mais votos que a soma dos adversários. Vence na cidade de São Paulo, na sua região metropolitana e no interior do estado. Lidera o voto das capitais, das cidades médias e das pequenas. É a preferida dos eleitores que residem em áreas rurais.
As pesquisas dão a Dilma vantagem em todos os segmentos socioeconômicos relevantes. É a preferida de mulheres e homens (sepultando bobagens como as que ouvimos sobre as dificuldades que teria para conquistar o voto feminino), de jovens e velhos, de negros e brancos. Está na frente entre católicos, evangélicos, espíritas e praticantes de religiões afro-brasileiras.
Vence entre pobres, na classe média e entre os ricos (embora fique atrás de Serra entre os muito ricos). Lidera entre beneficiários do Bolsa Família e entre quem não recebe qualquer benefício do governo. Analfabetos e pessoas que estudaram, do primário à universidade, votam majoritariamente nela.
É claro que sua candidatura não é uma unanimidade. Existe uma parcela da sociedade que não gosta dela e de Lula, que nunca votou e que nunca votará em alguém do PT. São pessoas que até toleram o presidente, que podem achar que é esperto e espirituoso, que conseguem admirar aspectos de seu governo. Mas que querem que Dilma perca.
Se, então, Dilma reúne ampla maioria no eleitorado e apoios majoritários no sistema político, o que seria a “última hora”? O que falta acontecer, de hoje a domingo?
Formular a pergunta equivale a considerar que o eleitorado ainda não sabe o que vai fazer, que aguarda a véspera para se decidir. Que “tudo pode mudar”.
É curioso, mas quem mais acredita que os outros são volúveis são os mais cheios de certezas, os mais orgulhosos de suas convicções. Mas acham que o cidadão comum (o “povão”) é diferente, que é incapaz de chegar com calma a uma decisão pensada e madura.
É fato que sempre existe uma parcela do eleitorado que permanece indecisa até o final. Já vimos, em eleições anteriores, que ela pode oscilar, saindo de uma candidatura e indo para outras. Conforme o caso, sua movimentação pode provocar resultados inesperados, como ocorreu com o segundo turno em 2006.
Mas aquelas eleições também mostram como acontecem esses fenômenos de “última hora”. Nelas, a única coisa que um quase uníssono da “grande imprensa” contra a candidatura Lula conseguiu fazer foi assustar os eleitores mais frágeis, com baixa informação e baixo interesse por política. Os dados indicam que os eleitores mais informados e com alto e médio interesse em nada foram afetados pela artilharia da mídia (assim como os sem nenhum, que nem ficaram sabendo que havia “aloprados”).
Ou seja: aquela gritaria só fez com que as pessoas mais inseguras a respeito de suas escolhas ficassem confusas, ainda que apenas por alguns dias. Mal começou a campanha do segundo turno, Lula reassumiu as rédeas da eleição e avançou sem problemas até a consagração no final de outubro. É como o título daquela comédia: “Muito barulho por nada”.
deu em o globo: Metamorfoses
Merval Pereira
O presidente Lula é o sujeito mais enganado do mundo. Ou o que mais se engana. Ou se acha capaz de enganar todo mundo. Já se declarou uma “metamorfose ambulante” para justificar suas constantes mutações. Agora mesmo passou de um ponto a outro, de acusar a “mídia” de tentativa de golpismo a tratá-la como a coisa mais importante do mundo.
Ele, que apregoava que a “velha mídia” não tem mais importância na relação com os cidadãos, admitiu, sempre nos palanques, que sua disputa com a imprensa é em busca de elogios, que fica de ego inflado quando é elogiado.
Menos, presidente, menos.
Mais do mesmo, apenas a repetição de uma tática de morde e assopra em que ele é mestre. Pelo mais recente relato da crise no Gabinete Civil, repete-se o mesmo roteiro, que leva a crer que ou o presidente não sabe escolher seus assessores – o que coloca uma dúvida sobre a escolha de Dilma como sua candidata –, ou não consegue controlar sua equipe.
E tampouco Dilma consegue.
Uma semana depois da saída de Erenice Guerra da Casa Civil sob acusação de tráfico de influência, ele admitiu finalmente que pode ter sido enganado. “Se alguém acha que pode chegar aqui e se servir, cai do cavalo, porque a pessoa pode me enganar um dia, mas não engana todo mundo todo dia”.
Esse comentário de Lula é uma demonstração de que ele é um precipitado quando quer defender seu feudo eleitoral, e por isso perde o senso de medida.
Um dia depois de ter que demitir sua ministra, o presidente voltou a subir nos palanques para criticar a imprensa, dizendo para seu eleitorado que os jornais "inventam coisas" contra ele apenas por que apóiam a candidatura adversária de José Serra.
A candidata Dilma foi no mesmo diapasão, acusando a oposição de usar "calúnias e falsidades" contra o governo.
Hoje, o presidente já admite que pode ter sido enganado, e a candidata oficial tira o corpo fora para dizer que foi Lula quem indicou Erenice para o ministério.
Antes, dizia que não vira nenhum sinal de atitudes indevidas de seu antigo braço direito, agora transformada em simples “ex-assessora”.
Agora, Dilma já anuncia que é a favor de punições rigorosas, e que nunca foi favorável ao nepotismo que estava instalado no seu ministério, desde quando era ela a responsável principal.
No caso anterior, da quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao candidato oposicionista, o presidente chegou a ir à televisão, num dia 7 de setembro, para, simulando uma declaração oficial de governo, assumir seu papel de cabo eleitoral da candidata Dilma.
Garantiu ao povo brasileiro que a turma “do contra” levantava calúnias contra seu governo. Até o momento, várias pessoas ligadas ao PT foram indiciadas pela quebra de sigilo, o aparelhamento político da Receita Federal transformou agências em verdadeiros balcões de negócios, e o próprio governo, que negava as acusações, teve que anunciar às pressas várias medidas para proteger políticos e suas famílias de uma possível invasão.
O fato de ter se mobilizado para blindar políticos, e só ter tido preocupações com efeitos eleitorais do episódio, mostra como o governo vem tratando a questão, sem se preocupar com o fato de que mais de mil pessoas tiveram seus sigilos negociados nos balcões da agência Mauá da Receita federal.
Como bem destacou a candidata do Partido Verde Marina Silva, o governo deveria ter pedido desculpas aos contribuintes, e não apenas se preocupar com os aspectos políticos do episódio.
A tática de negar primeiro, e depois admitir que houve problemas, é recorrente no governo Lula. No mensalão foi a mesma coisa.
Em entrevista de Pedro Bial no Fantástico, em janeiro de 2006, o presidente Lula admitiu que houve erros, tanto, disse ele, que houve punições: "Genoíno saiu da presidência do PT, o Silvinho não está mais no PT e o Zé Dirceu perdeu o mandato. O Delúbio saiu do PT".
O presidente, que havia se declarado “traído” no episódio, diz que "o conjunto dos acontecimentos" soou como se fosse uma "facada nas costas".
Hoje, Lula diz que não houve mensalão, e que tudo não passou de uma conspiração da oposição, com apoio da “midia”, contra o seu governo.
Leia a íntegra do artigo Metamorfoses
Deu na Folha de S. Paulo: No labirinto (Editorial)
Demora da Justiça na apreciação de questões relativas à Lei da Ficha Limpa gera insegurança jurídica nociva ao processo eleitoral
Terminou em empate o julgamento da Lei da Ficha Limpa no Supremo Tribunal Federal. Melhor dizendo, terminou em impasse: cinco ministros a consideraram válida já para as eleições deste ano, outros cinco tinham a opinião contrária.
Seria necessário o voto de Minerva de mais um magistrado - cuja indicação (para a vaga do ministro Eros Grau, que se aposentou em agosto) ainda não foi feita pelo presidente Lula.
Segundo algumas interpretações, caberia ao presidente do STF, Cezar Peluso, desempatar a votação. Ocorre que Peluso já havia dado seu voto (era um dos cinco desfavoráveis à aplicação imediata da lei), e corretamente considerou abusivo votar pela segunda vez. "Não tenho vocação para déspota", exclamou, num dos rompantes do debate.
Ficou-se, portanto, à espera de que seja nomeado o ministro a quem cumpriria desempatar a questão.
Depois do debate, do empate e do impasse, eis que o noticiário impõe nova correção ao relato do que aconteceu. Julgava-se, no STF, um recurso do ex-governador Joaquim Roriz (PSC-DF), candidato às eleições do próximo dia 3, contra a Lei da Ficha Limpa.
Vem a surpresa: Roriz informa ter desistido da candidatura, lançando em seu lugar ninguém menos do que a própria mulher, Weslian - sobre cuja ficha, aliás, não constam maiores informações.
Com isso, o que havia terminado em impasse experimentou uma reviravolta: em vez de terminar, deixou de existir. Já que não há mais candidato, o recurso que este impetrara perde sentido - e a questão da ficha limpa volta à estaca zero. Na quarta-feira, a corte volta a apreciar o tema.
Se é que não deveria voltar até alguns pontos antes da estaca zero: na sua argumentação, o ministro Peluso observara que o texto da lei, depois de aprovado pelo Senado Federal, teria de retornar à Câmara dos Deputados antes de ser efetivamente sancionado.
Não devem causar estranheza os incontáveis meandros jurídicos em que se embrenhou a discussão. O assunto, além de relevante, é de fato extremamente complexo -estando em jogo princípios constitucionais básicos como a da presunção da inocência e a retroatividade na aplicação da lei.
Duas evidências ressaltam, todavia, em meio ao labirinto que se criou. A primeira é que o ritmo da promulgação da Lei da Ficha Limpa, e do exame dos recursos que inspirou, não poderia ter coincidido com o de uma campanha eleitoral em pleno curso.
A poucos dias do pleito, a insegurança jurídica deixou a sua marca - como vem acontecendo, em escala menor, diante de tantas e seguidas alterações nas minúcias da legislação eleitoral.
A segunda constatação diz respeito a um outro descompasso, mais profundo. A Lei da Ficha Limpa expressa o empenho legítimo de setores da sociedade no sentido de livrar o panorama político das suas manifestações mais caricatas de impunidade e de corrupção; tal expectativa também pesou nas discussões do STF.
Contudo, não se resolve em poucas horas um problema que depende de aprimoramento educacional, de contínuo debate político, de instituições sólidas e - sobretudo - de segurança e agilidade judiciais para ser, se não extirpado, controlado com eficácia.
Se Alckmin perder mais 5 pontos, haverá 2º turno em SP
Do blog de José Roberto de Toledo
Desde o começo de setembro os votos válidos de Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa pelo governo paulista caíram sete pontos porcentuais. Ele começou o mês com 62%, foi a 56% na semana passada e chegou agora a 55%. Para ganhar no primeiro turno, o candidato precisa no mínimo de metade mais um dos votos válidos (aquele dados apenas a candidatos).
Ao longo de setembro, Aloizio Mercadante (PT) somou cinco pontos porcentuais aos 25% de votos válidos (excluídos os brancos/nulos/indecisos) que tinha no começo do mês. Desde a semana passada, o petista oscilou positivamente dois pontos: tinha 28% e chegou agora a 30%.
Em 2006, Mercadante teve 31,7% dos votos válidos, mas não houve segundo turno. José Serra (PSDB) foi eleito governador com 57,9% dos válidos.
A diferença em relação a esta eleição é que os outros candidatos estão mais fortes do que os adversários que petistas e tucanos enfrentaram há quatro anos.
Ao longo da última, Paulo Skaf (PSB) foi de 3% para 4% dos válidos, Celso Russomanno (PP) foi de 10% para 9%. Tanto Fabio Feldmann (PV) quanto Paulo Bufalo (PSOL) continuam com 1% de votos válidos cada um.
Ao tornar públicos os resultados da votação, a Justiça eleitoral prioriza a divulgação dos votos válidos. Portanto, são os percentuais acima que devem ser comparados às urnas.
No total de votos, Alckmin permanece com os mesmos 48% da semana passada, enquanto Mercadante foi de 24% para 26%. Como a soma de votos dos adversários cresceu, o percentual de válidos do tucano oscilou um ponto para baixo.
Mesmo assim, o favoritismo de Alckmin se mantém intacto: 62% dos paulistas acreditam que ele será o próximo governador do Estado.
A pesquisa foi feita pelo Ibope entre 21 e 23 de setembro. Foram 2002 entrevistas, em 98 municípios paulistas.
A margem de erro máxima estimada é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%.
Seu registro no TSE é de número 31.800/2010. A pesquisa foi contratada pelo Estado e pela TV Globo.
Serra e Marina focam SP/MG/RJ para forçar 2º turno
Dilma se concentra nos dois últimos debates, enquanto rivais precisam 'roubar' votos e convencer indecisos
Julia Duailibi, Malu Delgado, Roldão Arruda, de O Estado de S.Paulo
Na reta final das eleições, os candidatos José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) aproveitarão a última semana de campanha para reforçar estratégias nos principais colégios eleitorais e calibrar o discurso para o eleitor indeciso em busca de um segundo turno.
Com chances de vencer no primeiro turno, Dilma Rousseff (PT) aposta e se prepara para os dois últimos debates na TV.
Nos bastidores, o PT acredita ser possível a vitória no primeiro turno, dia 3 de outubro, mas também tem preparado dirigentes e militantes para um enfrentamento no segundo turno, se necessário.
Já o comando tucano articula aumento da exposição de Serra no Rio e em São Paulo.
Diante da oscilação negativa de Dilma nas últimas pesquisas de intenção de votos, o comando político da campanha reforça a necessidade de adotar cautela na reta final e considera que os momentos decisivos serão os dois últimos debates, na TV Record, neste domingo, 25, e especialmente o da TV Globo, o de maior audiência.
Principal cabo eleitoral de Dilma, o presidente Lula também arrefeceu o tom do discurso contra a mídia em comício realizado em Porto Alegre na sexta-feira, 24.
Após sucessivas críticas de parcialidade da mídia e de adotar uma retórica agressiva contra a oposição, Lula destacou a importância da imprensa e afirmou que "é preciso ter humildade".
"Estamos confiantes, mas sem salto alto, e vamos continuar na mesma linha de campanha", disse o presidente do PT, José Eduardo Dutra, coordenador da campanha de Dilma. "O que salta aos olhos é que após um mês de intenso bombardeio a Dilma não perdeu votos."
Segundo o presidente do PT, a despeito da pequena oscilação, as pesquisas deixam claro que Dilma Rousseff tem voto consolidado.
O aumento da vantagem de José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), afirmou Dutra, ocorreu sobretudo a partir dos votos de indecisos, e não houve perda de votos da petista.
Leia mais em Serra e Marina focam grandes colégios eleitorais para forçar 2º turno
Deu na Folha de S. Paulo: Promessas de Serra já foram alvo do TCE
Auditorias durante gestão do tucano em SP apontam problemas em áreas que viraram bandeiras de campanha
Ressalvas do tribunal atingem propostas divulgadas tanto no programa de TV como no site oficial do tucano
Breno Costa
Algumas das principais bandeiras hoje empunhadas por José Serra (PSDB) na campanha à Presidência foram objeto, durante sua gestão no governo de São Paulo, de ressalvas de auditorias promovidas pelo TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado).
Uma equipe de 15 técnicos finalizou, em maio, a análise das contas relativas a 2009, terceiro ano de Serra à frente do governo ao qual renunciou em abril para concorrer.
As contas foram aprovadas, mas o relatório de mais de 700 páginas inclui, além das variáveis econômicas, a avaliação dos indicadores de gestão e uma compilação das auditorias realizadas ao longo daquele ano pelo tribunal em 21 ações de governo.
Essas auditorias apontam problemas nas áreas de saúde, distribuição de medicamentos, habitação popular, expansão da oferta de transporte de massa, saneamento e política de esporte nas escolas, entre outras.
Todas essas áreas incluem propostas centrais do candidato José Serra, divulgadas tanto em seu programa de TV como no seu site oficial e em entrevistas e debates.
Na saúde, área da qual foi ministro no governo Fernando Henrique Cardoso, a gestão de Serra é cobrada por ignorar os planejamentos anuais definidos pela Secretaria da Saúde na definição de investimentos.
Apesar de algumas metas terem sido superadas, o TCE diz que há "ausência de garantias quanto a critério, planejamento e racionalidade". Promessas de Serra já foram alvo do TCE
Dezoito estados podem não ter 2º turno
André de Souza, O Globo
A uma semana da eleição, o quadro político nos estados mostra que a maioria dos novos governadores deverá se eleger no primeiro turno. Em 17 estados e no Distrito Federal, os eleitores deverão conhecer os nomes dos eleitos já no dia 3 de outubro. Em quatro estados o segundo turno se configura, até o momento, como certo.
Os partidos que apoiam a presidenciável Dilma Rousseff (PT) devem eleger pelo menos 14 governadores. Já a oposição a Lula e a Dilma deve ganhar em seis, incluindo os dois maiores colégios eleitorais: São Paulo e Minas Gerais. A disputa é indefinida em cinco estados.
O desejo de continuidade também é grande. Em 16 estados, o favorito é o governador que tenta a reeleição ou o candidato que tem apoio do governo estadual.
O caso mais extremo é o de Pernambuco, onde o governador Eduardo Campos (PSB), segundo pesquisa Ibope divulgada na sexta-feira, tem 73% das intenções de voto contra 16% do segundo colocado, Jarbas Vasconcelos (PMDB).
Em outros cinco estados, o candidato do governo é competitivo e pode vencer a eleição. O cientista político Carlos Ranulfo, da Universidade Federal de Minas Gerais, lembra que o fenômeno da continuidade não começou nas eleições deste ano. Leia mais em Dezoito estados podem não ter 2º turno
CGU: punir corruptos depende de novas leis
Ministro Jorge Hage propõe mobilização da sociedade contra a 'bandalha' na política
Marcelo de Moraes - O Estado de S.Paulo
A sucessão de escândalos estaduais envolvendo políticos e autoridades com desvio de recursos públicos fez o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, cobrar fortemente mudanças na legislação do País.
Responsável pelo comando do principal órgão de controle do governo federal, o ministro defende que a "sociedade pressione mais o Congresso" para modificar o Processo Penal brasileiro.
Na prática, ele quer garantir que os tribunais ganhem agilidade para punir acusados da prática do chamado crime do colarinho branco.
"Muitos corruptos ainda insistem em praticar as mesmas condutas por acharem que o risco de serem presos ainda é baixo", diz Jorge Hage. "Talvez porque não acreditem na condenação definitiva, pois em nosso País, infelizmente, as leis e a jurisprudência dominante permitem a eternização dos processos, e o Supremo Tribunal Federal só admite a prisão após o trânsito em julgado. Vale dizer, nunca", lamenta o ministro.
Por conta do aumento de casos, a CGU vai assinar amanhã um protocolo de cooperação técnica com o Ministério Público Federal (MPF) para ampliar suas ações de combate a crimes de corrupção envolvendo recursos federais.
Com isso, passará a haver cruzamentos entre todas as bases de dados que as duas instituições possuem.
Leia mais em CGU: punir corruptos depende de novas leis
AM: marcha contra pedofilia é dispersada em Manaus
Kátia Brasil, Folha.com
Professores, estudantes e funcionários da Universidade Federal do Amazonas fizeram uma marcha contra a pedofilia, na manhã de hoje, no centro de Manaus.
No ato, cerca de 150 manifestantes protestaram contra prisões determinadas pelo Tribunal Regional Eleitoral sob suspeitas de crime de injúria eleitoral.
No final do ato, policiais federais abordaram os manifestantes e ordenaram que o protesto fosse suspenso por ordem da Justiça. Ninguém foi preso.
O candidato à reeleição, governador Omar Aziz (PMN), havia protestado junto ao TRE argumentando que a campanha contra a pedofilia no Estado tenta atingir sua candidatura.
Uma liminar desta semana proibiu que a campanha de Alfredo Nascimento (PR) associe em propagandas o crime de pedofilia ao governador.
Aziz foi investigado na CPI da Exploração Sexual do Congresso, em 2004. O nome dele acabou retirado do relatório final da comissão.
Leia mais em Após pedido de governador, marcha contra a pedofilia é dispersada em Manaus
Mulher de Roriz faz registro de candidatura no TRE-DF
Folha.com
Weslian Roriz (PSC), mulher do ex-governador Joaquim Roriz, protocolou neste sábado o registro de sua candidatura ao governo do Distrito Federal no TRE (Tribunal Regional Eleitoral).
Na sexta-feira, Roriz renunciou a candidatura depois do empate em 5 a 5 no julgamento da Lei da Ficha Limpa no STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo o TRE, há um prazo de cinco dias para a impugnação da candidatura após a publicação do nome da candidata em edital. Só depois o tribunal julga o registro, o que deve acontecer próximo das eleições no dia 3.
Ontem, Roriz justificou a sua saída declarando-se vítima de uma "orquestração" do socialismo. Segundo o ex-governador, a mulher vai substituí-lo em um gesto de amor.
"Eram 5h35, eu não tinha dormido e fiz um movimento para saber se a Weslian estava dormindo. Aí eu disse: minha ficha caiu e eu não vou ser candidato. Ela disse que nós tínhamos que ser. E ela respondeu: eu vou para a rua", relatou.
Roriz deixou claro que, apesar de Weslian ser a candidata, está disposto a governar junto com a mulher. "Se ela me convidar, é claro que eu vou para o governo. Mas quem vai governar é ela."
Leia mais em Mulher de Roriz faz registro de candidatura no TRE-DF
Autoescola em SP fraudava exames da CNH
O Globo
Uma autoescola foi flagrada fraudando as regras dos exames para retirar a Carteira Nacional de Habilitação em Barueri, na Grande São Paulo. Pelo esquema, os alunos poderiam apenas pagar o valor das aulas teóricas, mas não precisavam comparecer.
Eles moldavam a impressão digital em silicone, que era transformado num falso dedo para enganar o sistema biométrico do Detran. No local a polícia encontrou nada menos do que 13 dedos de silicone.
Os donos da Autoescola Domingues e os alunos devem responder pelo crime de falsididade ideológica.
As investigações duraram três meses. No flagrante, uma policial foi até a autoescola e fingiu ser uma aluna. À paisana, afirmou que queria tirar a CNH, mas não tinha tempo de fazer as aulas.
O funcionário da autoescola explicou que era preciso fazer 45 aulas teóricas, mas disse que ela não precisava ir e pagaria R$ 1.500, em três vezes. A policial, que estava com câmera oculta, gravou a proposta.
'Efeito Toyota: Brasil agarrado no acelerador'
Cristina Alves e Luciana Rodrigues, O Globo
Doutora pela London School of Economics e professora da PUC-Rio, a economista Monica de Bolle, sócia da Galanto Consultoria e considerada "herdeira" do professor Dionísio Dias Carneiro, diz que o Brasil está se beneficiando dos efeitos da crise global: conseguindo se financiar com capital externo e importando produtos baratos. Assim, cresce sem inflação.
Para Monica, que trabalhou por cinco anos no Fundo Monetário Internacional (FMI), é um "efeito Toyota", em que o Brasil permanece agarrado ao acelerador - em alusão às falhas dos veículos Toyota que provocavam uma aceleração inesperada e levaram a um gigantesco recall da montadora.
Mas ela alerta: há risco de se desconstruir o arcabouço macroeconômico que garantiu a estabilidade dos últimos anos, sobretudo pelo avanço do setor público no crédito.
O Globo: O Brasil cresce a mais de 7%, com a inflação sob controle. Como é possível?
Para entender esse quadro particularmente auspicioso, de crescimento em alta e inflação relativamente controlada, temos de levar em conta o panorama de mundo relativamente fraco nos próximos anos.
As taxas de juros globais, por causa dessa situação de crescimento anêmico, vão permanecer baixas por um tempo. A inflação global também vai permanecer baixa. Então não tem canal de inflação importada.
Adicionalmente, tem um canal favorável ou desfavorável, dependendo do ponto de vista, para as perspectivas de câmbio, porque o diferencial de juros entre o Brasil e o resto do mundo vai continuar alto, mesmo que o Banco Central decida baixar juros.
Com isso, há um fluxo de entrada de poupança externa que garante um câmbio no mínimo do patamar atual, se não um pouco mais valorizado.
Então, mesmo que a gente tenha uma demanda doméstica crescendo a taxas altas - nos últimos dois trimestres, foi a mais de 8% - há um componente de supressão de inflação que está sendo importante para o Brasil.
A demanda forte não tem consequência sobre inflação, mas estamos vendo uma forte deterioração da conta corrente.
Leia mais em Monica de Bolle, da PUC, diz que aumento da demanda não trará inflação, mas economista alerta para risco do crédito público
Só 4% dos municípios têm alto desenvolvimento
O Globo
É abissal a distância que separa Araraquara, em São Paulo, de Marajá do Sena, no Maranhão. Os dois municípios retratam o embaralhamento da desigualdade socioeconômica do país, que junta cidades de diferentes níveis de desenvolvimento.
Aquelas que oferecem estudo de qualidade, saúde idem e elevado nível de formalidade no emprego ainda são absoluta minoria e somam apenas 226 cidades (ou 4%), de um total de 5.564 municípios.
Já as cidades carentes, ou subdesenvolvidas, são em número 11 vezes maior: 2.503 municípios sem água tratada e atendimento médico básico. Neles vivem 40 milhões de brasileiros.
Ainda que o país esteja melhorando no seu conjunto, 45% das cidades do país continuam em situação de penúria total ou parcial , revela reportagem de Liana Melo, Rennan Setti e Evandro Éboli.
Pouco mais da metade delas (51%) apresenta grau de desenvolvimento moderado. Este é o retrato das cidades brasileiras que o novo presidente da República vai receber das urnas no próximo domingo.
Leia mais em Só 4% dos municípios têm alto desenvolvimento, e 45%, ou 2.503, são carentes
poema da noite: Poema da Purificação - Carlos Drummond de Andrade
Depois de tantos combates
o anjo bom matou o anjo mau
e jogou seu corpo no rio.
As águas ficaram tintas
de um sangue que não descorava
e os peixes todos morreram.
Mas uma luz que ninguém soube
dizer de onde tinha vindo
apareceu para clarear o mundo,
e outro anjo pensou a ferida
do anjo batalhador.
Carlos Drummond de Andrade (Itabira do Mato Dentro, Minas Gerais, 31 de outubro de 1902 - Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987) - Considerado um dos maiores poetas brasileiros, autor de uma vasta obra poética, que também inclui contos e crônicas. Morou no Rio de Janeiro a maior parte de sua vida, onde, foi funcionário público. Foi traduzidos para vários idiomas e é uma referência fundamental na poesia brasileira. Nessa semana, poemas de seu primeiro livro Alguma Poesia, que faz 80 anos de sua primeira publicação.
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