NÓS FAZEMOS A DIFERENÇA NO MUNDO...

Nós fazemos a diferença no mundo
"Eu sou a minha cidade, e só eu posso mudá-la. Mesmo com o coração sem esperança, mesmo sem saber exatamente como dar o primeiro passo, mesmo achando que um esforço individual não serve para nada, preciso colocar mãos à obra. O caminho irá se mostrar por si mesmo, se eu vencer meus medos e aceitar um fato muito simples: cada um de nós faz uma grande diferença no mundo." (Paulo Coelho)

Na qualidade de Cidadão, afirmamos que deveríamos combater o analfabetismo político, com a mesma veemência que deveria ser combatido o analfabetismo oficioso no Brasil. Pois a politicagem ganha força por colocarmos poder de importantes decisões nas mãos de quem não se importa com o que irá decidir.
Concordo com Bertolt Brecht, quando afirma que: "O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos”. Ele não sabe o custo de vida, nem que o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato, saneamento, mobilidade urbana, e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. “Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce à prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Manchetes de CAPA das grandes Revistas do país em 07/02/2011

A CARA DO CONGRESSO
Representantes de quem?
Veja - 07/02/2011

Por serem complexas e anacrônicas, as regras do sistema representativo brasileiro resultam em um Parlamento com uma série de distorções.

Algumas delas:
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Entre os 513 deputados, só 36 se elegeram com votos próprios.
Os demais 477 ganharam o mandato graças a votos dados a outros políticos ou às legendas.
Culpa do coeficiente eleitoral: 477 deputados

TOTAL 513 DEPUTADOS
Na atual legislatura, 80 deputados são filhos, netos, sobrinhos ou cônjuges de outros políticos o que indica que devem ao menos parte de sua carreira política ao sobrenome

TOTAL 513 DEPUTADOS

Na posse do novo Congresso, na última terça-feira, desfilaram pelo tapete verde da Câmara dos Deputados, na condição de representantes recém-empossados dos brasileiros, o ex-jogador Romário (PSB-RJ), o ex-pugilista Popó (PRB-BA), o ex-BBB Jean Wyllys (PSOL-RJ) e o ex-presidiário Chico das Verduras (PRP-RR) - que deixou o cárcere um dia antes da votação do ano passado e foi eleito com 5903 votos. Havia ainda um contingente discreto de 71 parlamentares que conseguiram se reeleger apesar de enfrentar processos ou inquéritos no Supremo Tribunal Federal e outro, mais esfuziante, composto de oitenta filhos, netos, sobrinhos ou cônjuges de políticos poderosos, para quem o sobrenome foi a principal, se não a única, credencial para a conquista do mandato. Fechando o cortejo estava Tiririca, o ex-palhaço de circo que, na campanha, pediu votos com a justificativa de que o nível da política já é tão rasteiro que "pior que tá não fica". Ainda que se ignore essa seleção que dispensa comentários, não é possível dizer que o restante dos candidatos eleitos representa completamente os eleitores - nem ao menos que eles foram escolhidos com algum discernimento pela maioria dos cidadãos votantes.

Isso porque, dos 513 deputados que compõem a Câmara, apenas 36 se elegeram com votos próprios. Os demais 477 ganharam o mandato graças a votos dados a outros políticos ou às legendas. A culpa é do obtuso sistema de cálculo do coeficiente eleitoral, pelo qual as cadeiras no Parlamento são divididas entre as legendas - apesar de 91 % dos votos serem nominais. Com essa regra marota, um candidato bem votado de um partido pequeno pode perder a vaga para alguém que recebeu menos votos, mas que pertence a um partido maior. Em resumo, é uma tremenda confusão que faz com que muita geme vote em uma pessoa e ajude a eleger outra. Mas não é a única distorção que o sistema representativo brasileiro produz. Especialistas concordam que, para recuperar o seu sentido, a única saída é alterar as normas em vigor. "Nosso sistema atrai as pessoas que querem se beneficiar da política, e não as que querem trabalhar pelo país, Hoje, na Câmara, não há um nome sequer de envergadura nacional. A maioria defende apenas seus próprios interesses", diz o cientista político Bolívar Lamounier. A novidade é que os próprios partidos agora parecem dispostos a começar a discutir o rema.

Uma das propostas que vêm ganhando corpo é a da implantação do sistema conhecido como voto distrital. Há mais de vinte projetos nesse sentido em tramitação. O modelo - inaugurado na Inglaterra no século XIX - encontra apoio, sobretudo na bancada do PSDB. Seu funcionamento é simples: para efeito, de votação, o país é dividido em distritos, e cada um desses distritos tem o direito de eleger um representante no Parlamento. As vantagens começam do fato de que, dessa forma, os eleitores têm, um leque mais reduzido de candidatos para escolher cada distrito reúne apenas um nome por partido. Como numa eleição para prefeito, o eleitor teria não mais do que três ou quatro perfis para analisar, o que tomaria muito mais fácil a comparação de propostas e currículos, por exemplo. Em São Paulo, no ano passado, havia 1.131 candidatos a deputado federal - impossível conhecer tanta gente. Outra vantagem do sistema distrital é o barateamento das campanhas. Como cada candidato só disputaria votos em seu distrito, e não no estado inteiro, reduziria os custos com viagens e material de propaganda.

Por fim, e aqui talvez resida o maior mérito da proposta, o voto distrital aproxima o eleito do eleitor. Como cada político representa uma região delimitada, os habitantes do lugar podem acompanhar mais atentamente seu trabalho em Brasília. As pessoas conheceriam de fato o seu representante e não esqueceriam o nome do candidato em quem votaram poucos dias depois da eleição, como ocorre hoje. Como o Brasil tem 135 milhões de eleitores e 513 vagas de deputado, cada distrito reuniria 264.000 eleitores, em média. Cidades grandes seriam divididas em mais de um distrito e as pequenas, agrupadas, para manter a proporção. "É um sistema eficiente. Se não for viável implantá-lo de uma vez, é possível começar com distritos maiores em todas as regiões, elegendo cinco deputados em cada um deles, por exemplo, até chegar ao número ideal de distritos", diz o líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira. Como desvantagem desse sistema que recebe o nome de distrital puro, seus críticos apontam o fato de que ele aumenta o risco de fazer com que políticos intelectualmente consistentes fiquem de fora do jogo apenas por não com ar com uma base regional definida.

Os maiores adversários do voto distrital são os petistas. O grupo apoia outro sistema, o das listas fechadas, radicalmente distinto. Nesse caso, cada partido prepara uma lista de candidatos, ordenados por números segundo a preferência do partido. O cidadão de cada estado vota apenas numa legenda na eleição para deputado. Quanto mais votos um partido tiver, mais políticos da sua lista serão eleitos, a começar pelos que foram colocados no começo da relação encaminhada pela agremiação. "A proposta fortalece os partidos e as posições partidárias, já que o eleitor opta pelas siglas, e não por candidatos individuais", diz o líder do PT, deputado Paulo Teixeira. O sistema também tem suas imperfeições. Se a política fosse uma atividade sempre regida pela ética e pelas boas intenções, os partidos iriam colocar apenas gente séria e bem-intencionada nas listas. Ocorre que, no mundo real, é alta a possibilidade de seus dirigentes escolherem os candidatos com base em critérios bem menos nobres.

A Alemanha conseguiu aproveitar o melhor de um e de outro sistema juntando os dois. Lá, funciona o voto distrital misto. Por esse modelo, o eleitor vota duas vezes. Na primeira, escolhe o representante do seu distrito; na segunda, a lista fechada apresentada pelo partido cujas propostas melhor atendem a seus anseios. Metade das cadeiras do Bundestag, o Parlamento alemão, é preenchida pelo voto distrital e a outra metade pelo voto em lista. Com isso, os lideres regionais garantem espaço no Congresso como representantes de seus distritos e os candidatos menos populares, mas com propostas consistentes e de alcance nacional, ocupam o espaço das listas. Pode ser a saída para depurar a representatividade do Congresso e evitar que, nas próximas cerimônias de posse, palhaços, boIeiros, presidiários e políticos enrolados e fisiológicos que só contribuem para reduzir a estatura moral da Casa sejam as estrelas da festa.

EXEMPLO DEMOCRÁTICO
A Inglaterra criou, em 1885, o sistema de voto distrital para definir quais seriam os representa files do povo na Câmara dos Comuns. Poderia funcionar no Brasil, com modificações

Por que o voto em Roraima vale mais
O número de deputados de cada estado é definido pelo tamanho de sua população - mas a lei diz que nenhum estado pode ter menos de 8 nem mais de 70 deputados. Isso faz com que o voto do eleitor de Roraima, por exemplo, "valha" muito mais do que o do eleitor de São Paulo

As muitas fórmulas eleitorais
Os candidatos de um mesmo estado concorrem no sistema "todos contra todos" ê disputam votos em várias regiões, o que encarece as campanhas. Os eleitores têm de enfrentar uma lista imensa na hora de escolher. Em São Paulo, por exemplo, havia 1131 candidatos a deputado federal no ano passado. O sistema é confuso e um deputado pode ser eleito com os votos de outro. Resultado: a maioria dos eleitores vota sem critérios

O atual sistema eleitoral é caro, injusto e ineficiente. Só outros quatro países seguem uma lógica semelhante à brasileira na hora de eleger seus representantes: Peru, Chile, Polônia e Finlândia. Mudar o sistema eleitoral pode ser o primeiro passo para requalificar o Congresso

1 Voto distrital puro
É a eleição descentralizada. Cada estado é dividido em áreas - ou distritos - com um número fixo de eleitores. Os partidos apresentam um candidato por distrito. Quem recebe mais votos fica com a vaga

CONSEQUÊNCIAS: com um representante por distrito, fica mais fácil para o eleitor fiscalizar o parlamentar que o representa. O risco, aqui, é que os deputados acabem se preocupando mais com questões locais do que com temas nacionais

2 Lista fechada
Cada partido escolhe seus representantes e monta uma lista de nomes. No dia da eleição, as pessoas só têm a opção de votar na legenda. Quanto mais votos um partido tiver, mais pessoas da sua lista serão eleitas

CONSEQUÊNCIAS: os eleitores vão comparar as propostas de cada partido, o que é mais simples do que analisar centenas de candidatos. Em um mundo ideal, só políticos sérios e competentes seriam indicados, mas há o risco de os caciques partidários escolherem apaniguados para o topo da lista

3 Voto distrital misto
É uma mistura dos sistemas anteriores. Nesse modelo, o eleitor vota duas vezes: a primeira, para escolher o representante de seu distrito; a segunda, em uma lista fechada de candidatos. Cada votação preenche metade das vagas

CONSEQUÊNCIAS: pode preservar as virtudes dos dois modelos. Haveria espaço tanto para os políticos com representatividade local, na eleição distrital, quanto para candidatos preocupados com questões nacionais, na lista partidária
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A APOSTA DO BTG PACTUAL NO VAREJO
O Banco de André Esteves assume o PanAmericano, evitando os efeitos de um rombo que poderia chegar a R$ 10,8 bilhões, e quer crescer no mercado de crédito
Autor(es): Cláudio gradilone e Tatiana Bautzer
Isto é Dinheiro - 07/02/2011


A sede do banco BTG Pactual localiza-se em um prédio moderno na região mais valorizada da Avenida Faria Lima, zona sul de São Paulo, compartilhado com algumas das maiores empresas do País.

Está nas mãos do sócio José Luiz Acar Pedro, 58 anos, a missão de levar esse banco de elite para outro universo: os centros de comércio popular como o Largo da Batata, em São Paulo, ou o Saara, no Rio, muito distantes das luxuosas salas de reunião com obras de arte adornando as paredes.

É Acar, como é conhecido, quem vai comandar a investida do BTG Pactual no varejo bancário, usando a estrutura do banco PanAmericano, que pertencia ao empresário Silvio Santos.

O BTG Pactual comprou o banco de Silvio a preço de saldos e retalhos, por R$ 450 milhões, e sua meta ambiciosa é colocá-lo entre os dez maiores bancos do País em três ou quatro anos.

Aos 40 anos de carreira em grandes instituições financeiras, Acar é pouco conhecido fora do mercado, mas esteve envolvido em alguns dos maiores negócios entre bancos nas últimas décadas.

Começou sua trajetória profissional no banco BCN, de Pedro Conde, e participou de sua venda ao Bradesco, em outubro de 1997. Continuou na Cidade de Deus por mais 14 anos, cuja presidência chegou a disputar, perdendo a indicação para Luiz Carlos Trabuco Cappi em 2009.

Agora, como CEO do PanAmericano, terá como meta acelerar o financiamento ao consumidor, principalmente aquisição de veículos, e conceder empréstimos a médias e pequenas empresas.

“Queremos aproveitar o potencial de geração de negócios do PanAmericano, com 260 pontos de venda e 1,5 milhão de clientes em cartão de crédito”, disse Acar em entrevista à DINHEIRO.

O PanAmericano terá um impacto profundo no modelo de negócios do BTG Pactual. O banco é uma sociedade com 33 participantes. Entre eles há nomes míticos do sistema bancário, como André Esteves, um dos sócios do antigo Pactual, o ex-presidente do Banco Central (BC) Pérsio Arida, Antonio Carlos Canto Porto Filho, o Totó, outro ex-diretor do BCN, e o consultor e reestruturador de empresas Cláudio Galeazzi – todos acostumados às grandes operações de atacado e conhecedores do varejo bancário, mas até então sem um grande canal para explorar essa atividade cada vez mais valorizada no Brasil devido ao avanço da classe média.

Agora, a aquisição do PanAmericano fez o incansável banco de Esteves ganhar sua quarta linha de negócios, o varejo. A principal sempre foi a de banco de investimentos, com venda de ações e dívida de empresas e assessoria a fusões e aquisições.

A segunda é a área de gestão de recursos, que administra R$ 90 bilhões em fundos de investimento. A terceira, a administração de fortunas, gere R$ 30 bilhões. O apetite do BTG Pactual, contudo, não está saciado. Já prepara uma nova investida na área financeira.

“Acho bem provável adquirimos ainda este ano corretoras em países da América Latina que estão indo bem, como Colômbia, Peru, Chile e México”, diz Roberto Sallouti, sócio e CEO do BTG Pactual.

“Nosso diferencial hoje é ser um banco de investimento brasileiro com presença global. Distribuímos produtos brasileiros nos Estados Unidos e Europa e agora queremos nos tornar o banco de investimento da América Latina.”

O BTG Pactual também vem investindo pesado fora do setor bancário. Na quinta-feira 3, informou que estava adquirindo, por meio de sua controlada Brasil Pharma,a rede de farmácias Mais Econômica, no Rio Grande do Sul, além de estar assumindo o controle da problemática rede de varejo carioca Casa & Vídeo.

Uma de suas especialidades é adquirir empresas em situação difícil. Foi o caso do PanAmericano, que está sendo comprado por uma fração de suas dívidas devido às fraudes contábeis descobertas em novembro passado.

Numa espécie de Proer privado, o PanAmericano foi salvo da bancarrota sem o uso de um tostão de dinheiro do governo. Quem está assumindo o grosso do prejuízo é o Fundo Garantidor de Crédito, ou FGC, formado por contribuições pagas por todos os bancos e que garante a segurança do sistema bancário, cobrindo depósitos de até R$ 70 mil por cliente em caso de quebra.

Indiretamente, os correntistas bancam essa segurança por meio de tarifas bancárias. O rombo do PanAmericano é de R$ 3,8 bilhões, mas o Fundo aceitou vendê-lo por R$ 450 milhões à vista, amargando uma perda de R$ 3,3 bilhões.

Se quiser, o BTG Pactual poderá pagar esses R$ 450 milhões em até 17 anos, corrigidos por 110% do CDI. “Escolhemos o menor prejuízo.” Foi assim que Antonio Carlos Bueno, diretor-executivo do FGC, explicou a operação que salvou o banco e, por tabela, o empresário Silvio Santos.

Sem a transferência ao BTG Pactual e a continuidade das operações do PanAmericano, as consequências seriam muito piores, disse Bueno com exclusividade à DINHEIRO.

O prejuízo do FGC poderia quase triplicar e atingir R$ 10,8 bilhões se o PanAmericano quebrasse, afirma Bueno. O Fundo Garantidor perderia os R$ 2,5 bilhões que já havia emprestado ao banco, mais R$ 3,3 bilhões que teria que honrar em depósitos garantidos.

Os correntistas e investidores em CDB perderiam ainda R$ 5 bilhões, até que se tentasse recuperar algo dos créditos para ressarci-los. A quebra poderia também ter impacto negativo em todo o sistema bancário.

“O PanAmericano havia captado cerca de R$ 1,8 bilhão no Exterior e uma quebra traria escassez de recursos para todos os bancos pequenos”, diz Bueno. “Isso sem contar a perda de 1.200 empregos diretos e as perdas dos pequenos investidores que possuem ações do banco.”

Como explicar esse buraco? Já está claro que a maior parte do rombo do banco PanAmericano deveu-se a fraudes. A dúvida é sobre qual fatia da fraude decorreu dos esforços para encobrir a operação deficitária e qual foi armada para desviar dinheiro do banco.

“Além disso, a própria fraude aumenta o rombo porque incidem sobre os lucros fictícios dividendos e impostos”, diz um conhecedor do assunto. O balanço de setembro ainda não está publicado, mas estima-se que os ativos a ser divulgados sejam muito menores que os R$ 11,88 bilhões de junho, devendo cair para R$ 6 bilhões.

Foi ao receber a má notícia dos auditores que Bueno percebeu que o acordo fechado em novembro passado não seria capaz de salvar o banco. Os bens de Silvio Santos, dados como garantia, não cobriam o rombo. Bueno avisou o BC que, sem um comprador, o PanAmericano iria quebrar.

Aí começou a parte mais dura da transação. “Silvio Santos é um negociador extremamente difícil”, diz um advogado que acompanhou o processo de perto. Intransigente, ele não abria mão de blindar suas outras empresas – a rede de televisão SBT, a empresa de varejo Baú da Felicidade e a fabricante de cosméticos Jequiti, entre outras – das dificuldades do banco. Silvio também se resguardava afirmando não entender a atividade bancária.

“Ele argumentava que não compreendia o que estava acontecendo e não entendia por que o banco estava com problemas”, diz o advogado. “Ele parecia duvidar que o PanAmericano pudesse quebrar.”

Sua atitude só mudou depois de um telefonema bastante convincente do presidente do BC, Alexandre Tombini, na segunda-feira 31, alertando-o das consequências de uma intervenção no PanAmericano – que poderiam incluir o bloqueio de seus bens. Com isso, Sílvio tornou-se mais receptivo à ideia. A próxima tarefa do FGC era encontrar um comprador com recursos suficientes para enfrentar o problema.

Os candidatos mais óbvios eram Bradesco e Itaú Unibanco, mas eles não se interessaram. O Bradesco não quis nem olhar o negócio, segundo um executivo do banco. O argumento foi a participação de 49% que a Caixa possui no PanAmericano.

Ao ter um sócio, ele não poderia integrar a financeira de Sílvio à sua própria operação de crédito (ao longo dos anos o Bradesco comprou várias operações parecidas, como a do BMC e do Banco Ford, entre outras), e com isso obter ganhos com sinergias. O Itaú também nem considerou o assunto. O banco considera que as suas necessidades no mercado de crédito estão bem resolvidas com a Fininvest, financeira que veio junto com o Unibanco.

A solução foi o BTG Pactual, que não tem rede de agências e mostrou-se disposto a enfrentar a encrenca de colocar o PanAmericano nos eixos – desde que o valor pago não tornasse inviável obter lucro do negócio.

Após um fim de semana de negociações intensas, o contrato foi assinado às 21h30 da segunda-feira 31 de janeiro. O BTG Pactual foi representado por seus sócios André Esteves, Roberto Sallouti e Marcelo Kalim.

Pesou também a parceria com a Caixa Econômica Federal, que já se comprometeu – informalmente, diz Acar – a proporcionar linhas de financiamento para o PanAmericano. Ambos, Caixa e BTG Pactual, vão oferecer até R$ 14 bilhões para o banco, sendo que a Caixa vai entrar com R$ 10 bilhões. “Será tudo a preços de mercado. Não haverá subsídio”, diz Acar.

Será que o PanAmericano vai conseguir disputar mercado com os gigantes do crédito? O banco perdeu um de seus principais trunfos, que era a parceria com o Sistema Brasileiro de Televisão e seu principal acionista. Silvio não virá mais aí para vender os produtos do banco em seus programas, o principal diferencial do banco. Ele deixou a sede do BTG Pactual sorridente na segunda-feira. “Não ganhei nem perdi nada”, afirmou.

Sem Sílvio, o PanAmericano será só mais um banco a disputar o concorrido mercado de financiamento ao consumo. A seu favor estão a vasta experiência dos novos donos e o tino por bons negócios. Não fosse por eles, muitos teriam perdido dinheiro, inclusive os pequenos acionistas do banco, que lançou ações na bolsa em novembro de 2007.

Os investidores foram salvos de suas ações virarem pó, mas nem todos estão felizes com o desfecho. O BTG Pactual está oferecendo a eles R$ 4,89 por suas ações, pouco acima do mínimo de R$ 4,00 registrado quando foi descoberto que o rombo era maior que o inicialmente imaginado.

Mas houve quem lucrasse muito dinheiro antes de a operação ser concluída. Os papéis subiram mais de 20% nos dias anteriores ao negócio. A Comissão de Valores Mobiliários confirmou na quinta-feira 3 que está investigando a oscilação das ações desde novembro, data da divulgação dos primeiros problemas, para apurar se alguém operou com informação privilegiada sobre o rombo ou a aquisição do banco.

“Se não der lucro, cortam meu pescoço”
O administrador de empresas paulistano José Luiz Acar Pedro, o homem que assumirá o comando do PanAmericano, chegou há quatro meses no BTG Pactual. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida à DINHEIRO na noite da quarta-feira 2.

Qual vai ser a estratégia do BTG Pactual no varejo com o PanAmericano?
A ideia é concentrar o banco no financiamento ao consumo, principalmente de veículos, no middle market (crédito a empresas de pequeno e médio portes) e também em cartões de crédito. Hoje, a maior parte da carteira, cerca de 60%, é de veículos, depois vem o consignado, que deve representar uns 30%. O restante é middle market, que eles ainda estavam começando a desenvolver.É iimportante a capilaridade proporcionada pelos 260 pontos de venda.

O banco vai continuar concentrado na classe C?
A clientela do banco hoje não é só da classe C. O perfil do cliente de financiamento de veículos que compra carro usado ou zero é totalmente diferente. É evidente que a classe C é a que está vindo e que tem uma propensão boa de consumo, mas a carteira é maior que isso. Em cartões de crédito, eles têm cerca de 1,5 milhão de clientes. É importante dizer que essa é a estratégia para o PanAmericano, que continuará como uma marca separada do BTG Pactual.

O banco tem uma meta de tamanho, de estar entre os dez maiores?
O objetivo do banco não é atingir um determinado market share, mas chegar a um retorno sobre o capital entre 20% e 30% ao ano. É evidente que um banco como esse, para ser rentável, precisa ter uma certa escala. Acreditamos que é possível gerar uma carteira de crédito de R$ 1 bilhão a R$ 1,2 bilhão ao mês. Como essas carteiras têm um prazo que não é curto, você forma uma base grande e consegue acumular entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões em três ou quatro anos.

Como vai ser explorada a parceria com a Caixa Econômica Federal?
Por enquanto, ainda são apenas ideias, que serão discutidas por um comitê específico com a Caixa . Não tivemos tempo ainda de fazer um plano de negócios completo, mas podemos falar da criação de produtos. Uma ideia, por exemplo, é que o PanAmericano distribua fundos de investimento do BTG ou ofereça produtos para as empresas médias. Agora, eu sou o “filhinho” desses dois “pais”, que vão me ajudar a tocar o negócio.

O crédito imobiliário pode ser uma alternativa?
O crédito imobiliário será um produto estratégico em algum momento, mas teria de ser fora do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), onde a Caixa é campeã. A ideia por trás desses novos produtos que podemos criar no PanAmericano não é competir com a Caixa nem com o BTG.

Como chegar a um retorno de 30% , se a operação dava prejuízo até agora?
O que aconteceu no passado já foi. Agora, queremos fazer uma coisa muito simples, reduzir o custo que o banco tinha para captar recursos aos níveis dos custos da Caixa e do BTG Pactual, que estão em torno de ser de 101% do CDI (taxa do mercado interbancário). Queremos investir também em eficiência e reduzir custos operacionais, investir muito em tecnologia, em processos. Varejo é isso, tem de ter escala, com um custo baixo, e oferecer um bom serviço.

Quando o banco passará a ser lucrativo? Já neste ano?
É difícil dar um prazo, vai levar um tempo. Seria um chute falar. Se no ano que vem não der lucro, cortam o meu pescoço... O banco também não fará mais cessão de carteira, como acontecia antes e antecipava resultados. Nossa ideia é fazer essa carteira crescer, apropriar as despesas e receitas ao longo do tempo do crédito. Esse é um modelo melhor de negócio, de não antecipar as receitas. Mas, claro, isso cria uma evolução diferente nos resultados do banco.

Não é arriscado investir justamente numa área em que há o risco de elevação da inadimplência, com o novo ciclo de alta de juros?
Para gerar crédito com qualidade, é necessário ter um bom processo de avaliação de crédito, com sistemas de pontuação dos clientes, por exemplo. Sem dúvida, essa linha de negócios está sujeita aos ciclos da economia. Mas, em princípio, não acreditamos que haverá uma reversão dessa tendéncia positiva, pois o Brasil está indo bem em termos de renda e emprego. O Banco Central só restringiu o excesso de crescimento do financiamento de veículos.

Haverá mudanças na diretoria do PanAmericano?
Vamos manter a equipe que a Caixa colocou lá, há gente muito boa, que deve ser preservada. Vamos manter na diretoria o Celso Antunes, que veio do Real. Depois da aprovação do negócio pelo Banco Central, vamos indicar nossos diretores. Provavelmente, serão Roberto Sallouti, André Esteves e Marcelo Kalim.
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O PAN-ARABISMO RENOVADO?
Os caminhos abertos por Egito e Tunísia na visão do especialista
Carta Capital - 07/02/2011


A tampa da panela saltou, mas seu conteúdo continua em ebulição.”Palavras de Issa Goraieb, pena ágil do diário libanês L’Orient Le Jour. Goraieb refere-se ao Cairo, a Tunis e outras capitais de países árabes, onde massas demandam a queda de seus déspotas nas ruas. “Espero uma mudança nesses países”, me diz Goraieb. “Mas será que depois teremos outras ditaduras?” E o Líbano, embora aqui o premier-designado Najib Mikati tente formar um governo, entra na mesma equação. Para Goraieb, o sunita Mikati, escolhido pelo Hezbollah, agirá em nome da Síria e do Irã, países que financiam e apoiam politicamente o movimento xiita.

As revoluções a sacudir o mundo árabe anunciam a chegada de um novo pan-arabismo, sugere Ahmad Moussalli. O professor de ciências políticas e estudos islâmicos da Universidade Americana de Beirute acredita, porém, que o cerne do problema ainda continua sendo o conflito entre a Palestina e Israel. Mas, por ora, o premier israelense, Benjamin Netanyahu, comporta-se como um “imperador global”.

CartaCapital: Como o senhor avalia as revoluções e quais desfechos podemos esperar?

Ahmad Moussalli: Entramos numa nova era no mundo árabe. Lembra quando Condoleezza Rice, então secretária de Estado dos EUA, falou no começo de uma revolução no Oriente Médio, em 2006? Pois é, a revolução começou, mas não do modo desejado pelos americanos. Este é um novo e revolucionárioOriente Médio, não mais aquela região com países com regimes moderados e submissos aos Estados Unidos. Fala-se em um pan-arabismo como aquele de Gamal Abdel Nasser, líder da revolução de 1952 e modelo de líder nacionalista secular. Essas revoluções não são religiosas.
*Confira este conteúdo na íntegra da edição 632, já nas bancas.
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COMO NASCE UMA DEMOCRACIA
A história mostra que deixar uma ditadura para trás é um processo lento, mas com desfecho acelerado. A massa nas ruas do Egito ruma para a abertura. O que ainda falta para chegar lá
Autor(es): José Antonio Lima e outros
Época - 07/02/2011


O mais instável dos regimes políticos do mundo é a ditadura. Pode até durar décadas por conta da imposição da força, mas carece de um fundamento básico: a boa vontade dos que são governados por ela. O que o mundo vê agora no Egito é uma prova de que, cedo ou tarde, o povo se cansa dos autocratas. Não que seja fácil aposentar um ditador. Na semana passada, a imagem da massa que superlotava a Praça Tahrir – “liberdade”, em árabe –, no centro do Cairo, dava a impressão de que Hosni Mubarak, há 30 anos no poder, anunciaria o fim do regime em questão de horas. Até o fechamento desta edição, Mubarak continuava cambaleante, mas agarrado ao poder.

Em resposta, grupos pró-Mubarak invadiram a praça e investiram contra os manifestantes. Por quase seis horas, pedras, bombas incendiárias e disparos de armas de fogo vinham dos dois lados. Homens montados em cavalos e camelos, com chicotes e pedaços de pau, atacaram os manifestantes anti-Mubarak. Em poucos minutos, foram derrubados de suas montarias e espancados. As imagens lem-bravam outros levantes brutalmente sufocados, como os protestos por abertura política na Praça da Paz Celestial, em Pequim, ou as manifestações contra a reeleição fraudada de Mahmoud Ahmadinejad no Irã, em 2009. Nesses dois casos, a repressão sobressaiu – e os regimes autoritários persistem. Ainda não está claro que caminho o Egito seguirá, mas parece claro que pelo menos a ditadura de Mubarak está perto do fim.

O nascimento de uma democracia varia de acordo com cada país ou região. De certo modo, o fim das ditaduras costuma seguir um ritmo parecido com a bancarrota do célebre personagem do escritor americano Ernest Hemingway: “Gradualmente – e então de repente”. A democracia começa de forma lenta, latente, à medida que um regime autoritário se desgasta. E geralmente acelera nos momentos finais. As últimas grandes ondas de democratização do século XX, da América Latina ao Leste Europeu, tiveram essa característica.

O caso mais marcante foi a derrubada das ditaduras comunistas, na virada dos anos 80 para os 90. Por quatro décadas, os soviéticos sufocaram a soberania dessas nações ao impor seu modelo político-econômico. As revoltas eram debeladas, mas a insatisfação só aumentava. A União Soviética agonizou até o Muro de Berlim cair, em outubro de 1989. A partir daí, as ditaduras foram caindo como um castelo de cartas. Na Romênia, a velocidade e as circunstâncias da queda foram assustadoras. O ditador Nicolae Ceaucescu, com 24 anos de governo, enfureceu a população ao convocar um comício em Bucareste, em que os romenos seriam obrigados a clamar palavras de apoio ao tirano. O resultado foi uma mobilização ensandecida contra Ceausescu. Quatro dias depois, ele estava fuzilado, e seu regime extinto.

A Romênia foi um caso extremo, mas os princípios que regeram o fim do comunismo no Leste Europeu estão presentes nos levantes do Egito. Dos 22 países que formam a Liga Árabe, só três têm sistemas cujos elementos permitem falar numa democracia, ainda que imperfeita – Líbano, Kwait e Iraque. No restante, predominam autocratas que já passaram dos 70 anos de idade, com 20 a 30 no poder. Some a isso pobreza, desemprego e falta de liberdades fundamentais – e eis o caldo de fermentação para um futuro regime aberto.

O “Muro de Berlim” dos árabes foi o levante da Tunísia, no mês passado. Pela primeira vez na história da região, a força do povo nas ruas derrubou um ditador – Zine el-Abidine Ben Ali comandava o país desde 1987. As demais populações viram que poderiam fazer o mesmo. O Egito, foco do momento, pode ser o próximo a seguir o caminho tunisiano e há sinais de mudança em outros países da região. Uma onda democrática árabe pode estar a caminho. Mas o exemplo do Egito mostra que sair de uma ditadura para uma democracia não requer só vontade popular.

Embora frequentemente inspiradas pelos ideais de democracia e de participação popular, as transformações políticas implementadas na América Latina, no Leste Europeu e, agora, no Egito e no resto do mundo árabe nem sempre resultam numa democracia. Não bastam eleições para tornar um regime democrático. Uma democracia pressupõe poderes Executivo, Legislativo e Judiciário independentes, conceito que começou a ser traçado no século XVIII pelo filósofo francês Charles de Montesquieu. Somem-se à democracia representativa a necessidade de garantias das liberdades individuais amplas, de acesso a fontes de informação diversificadas e a não interferência da religião nas decisões do Estado.

Os regimes dos países têm sido classificados de acordo com critérios como a competitividade das eleições, a liberdade da imprensa e o clima de respeito às liberdades individuais. De acordo com a organização americana Freedom House, uma referência no monitoramento da democracia pelo mundo, 45% dos países entraram em 2011 na condição de livres. Somos quase 3 bilhões vivendo em Estados abertos. Entre eles, Brasil e Argentina, parte da onda de democratização da América Latina na década de 80, ou Estônia e Lituânia, ex-repúblicas soviéticas. Outros 31% dos países, com 1,5 bilhão de habitantes, são classificados como parcialmente livres. Nesse grupo estão países como a Venezuela, de Hugo Chávez, ou a Bolívia, cuja ditadura terminou em 1982, mas não foi substituída por um regime 100% democrático. Ou ainda países do Leste Europeu que, embora engolfados pela redemocratização, ainda não completaram sua transição, como a Ucrânia.

Antes que o Egito possa ser considerado um motor para uma onda de democracia no mundo árabe, ele terá de atravessar os percalços daquele que promete ser um conturbado período de transição. Há três décadas, Mubarak é sustentado por dois pilares poderosos, com fortes interesses na manutenção da estabilidade no Egito – os militares e as potências estrangeiras. Aos 82 anos, Mubarak é um homem teimoso, orgulhoso e indiferente aos anseios da população. Na única entrevista que concedeu na semana passada, à rede de TV americana ABC News, afirmou que “não liga” para o que falam dele. Mubarak parece disposto a fazer de tudo para evitar a humilhação de ser obrigado a renunciar. Por isso, mantinha até o fim da semana passada a decisão de ficar até setembro, quando estão previstas as eleições presidenciais. Ainda assim, seu futuro é incerto, uma vez que os pilares que o sustentam foram abalados pelos protestos. Alguns militares chegaram a tomar parte nos protestos populares. E o presidente Barack Obama, que comanda a principal potência estrangeira que sempre o apoiou, declarou que gostaria de vê-lo fora do poder imediatamente.

O Egito ainda não chegou, porém, ao “ponto de virada” de uma ditadura para uma democracia. Algumas vezes ele é súbito (como na Romênia); noutras, mais gradual (como no Brasil, onde se passaram cinco anos das grandes manifestações em defesa das eleições diretas até o primeiro pleito presidencial). Mubarak tem dançado um curioso balé na tentativa de se manter agarrado ao poder. Por enquanto, o que mais escandalizou a comunidade internacional foi a perseguição contra a imprensa estrangeira. As agressões a repórteres tiveram grande repercussão – dois jornalistas brasileiros foram detidos, interrogados e mandados de volta para o Brasil.

Os Estados Unidos e a União Europeia se manifestaram veementemente, na semana passada, em favor de reformas imediatas na política egípcia. O governo Obama parece disposto a enfrentar um dilema de que todos os ocupantes anteriores da Casa Branca se esquivaram – a dicotomia entre democracia e estabilidade no Egito. Washington fazia pressão para que Mubarak deixasse o cargo e desse espaço a um governo de transição, com participação dos oposicionistas. A figura-chave no processo seria Omar Suleiman, indicado por Mubarak como seu vice-presidente.

Suleiman é visto como o homem que poderia, ao mesmo tempo, negociar com a oposição e manter intactos os interesses dos militares e das potências estrangeiras no Egito. Ele é um ex-general, foi chefe do temido (pelos próprios egípcios) Serviço de Inteligência Nacional desde o primeiro dia do mandato de Mubarak e salvou a vida do ditador num atentado na Etiópia, em 1995. É seu principal aliado. Era considerado a “solução militar” para a sucessão de Mubarak, caso o ditador não conseguisse indicar seu filho, Gamal. Suleiman poderia aplacar os ânimos do governo de Israel. Como chefe da Inteligência do Egito, foi responsável por todas as negociações do governo em relação aos territórios palestinos, especialmente a Faixa de Gaza, comandada pelos radicais do grupo islâmico Hamas. “Ele seria a melhor opção para um governo interino. Para Israel, seria um grande alívio se Suleiman permanecesse no poder”, afirma Elie Podeh, especialista em relações árabes-israelenses da Universidade Hebraica de Jerusalém.

Outra função de Suleiman seria garantir os privilégios dos militares. A categoria é a principal beneficiada pelo acordo de ajuda militar com os Estados Unidos, que destinam cerca de US$ 1,5 bilhão por ano para o Egito. Esse dinheiro vai para a compra de armas e equipamentos (muitos americanos), mas também para o bolso dos militares, segundo apurou ÉPOCA. Cada um dos seis oficiais generais que atuam como ministros-assistentes do Ministério do Interior – a pasta que coordena as forças de segurança do Egito, incluindo a temida polícia – recebe US$ 50 mil por mês. Os militares são bem-vistos pela população egípcia. Seus membros mais graduados desfrutam uma vida nababesca num país em que 23% da população vive abaixo da linha da pobreza.

A oposição recebeu bem algumas concessões de Mubarak, mas não abre mão de sua renúncia

Ao mesmo tempo que respondeu de forma truculenta aos protestos populares, o regime egípcio fez uma série de concessões aos partidos oposicionistas. A primeira foi a própria nomeação de Omar Suleiman para a Vice-Presidência. Apesar de ligado a Mubarak, ele é o primeiro vice-presidente do Egito em 30 anos. Na semana passada, Suleiman chamou toda a oposição ao diálogo, inclusive a Irmandade Muçulmana, o antigo movimento islâmico que tem um passado de violência e foi o berço de grupos radicais, como a Al-Qaeda. O presidente do Parlamento (entidade controlada por Mubarak), Fatih Sorour, reconheceu que as últimas eleições foram fraudulentas, como a oposição já denunciara há meses. E o primeiro-ministro, Ahmed Shafiq (ex-colega de turma de Mubarak na Força Aérea e próximo do ditador), pediu desculpas pela violência na Praça Tahrir. Foram tentativas de reduzir a tensão e de apagar a imagem de que as forças de segurança do próprio governo estariam por trás dos crimes.

A oposição vê com bons olhos essas concessões, mas não abre mão da renúncia de Mubarak. “É preciso haver, com a saída de Mubarak, um sinal de que uma nova era vai começar, senão o caos no Egito não vai acabar”, disse a ÉPOCA Hassan Nafaa, professor de ciência política da Universidade do Cairo e um dos principais coordenadores da Associação Nacional para a Mudança. A associação é comandada por Mohamed El-Baradei, ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, da ONU, e prêmio Nobel da Paz em 2005. Em tese, engloba todo o espectro de opositores, mas há claras divergências internas (leia o quadro). Um dos temores do bloco é que, uma vez que um acordo seja firmado entre governo e oposição, as massas de jovens nas ruas se sintam traídas. Outra preocupação, mais importante, é que, uma vez aceita a permanência de Mubarak, a pressão sobre o regime diminua e as reformas não sejam realizadas.

A palavra do regime não é encarada com seriedade pela oposição por um motivo simples: não é confiável. Na quinta-feira, a TV estatal egípcia anunciava que o proeminente oposicionista Ayman Nour, ex-candidato à Presidência em 2005 e preso pelo regime por quatro anos, negociava com o governo. Naquele momento, ele se encontrava sentado na sala de estar de sua casa, no Cairo, onde concedia entrevista a ÉPOCA. Na conversa, Nour admitiu que há divergências dentro da oposição, mas tentou minimizá-las. Confirmou que será candidato nas próximas eleições, o que prenuncia um confronto interno entre membros da Associação Nacional para a Mudança, como El-Baradei, considerado um candidato natural. Se isso ocorresse agora, provavelmente o grupo perderia força. Se ocorrer em um ambiente político em processo de democratização, pode ser saudável, pois aumentará o pluralismo da sociedade egípcia.

A maior dúvida a respeito do futuro da democracia no Egito e em todo o mundo árabe continua sendo o papel do islã e dos grupos radicais no país. Líderes seculares como Nour e El-Baradei têm defendido o diálogo com a Irmandade Muçulmana, argumentando que ela é uma força política que não pode ser desprezada, ainda que esteja na ilegalidade há décadas. Os acenos de Suleiman a uma aproximação com o grupo são uma mudança. “Os Estados ditatoriais árabes, com Mubarak à frente, alegavam que os Estados policiais que criaram eram a única barreira no caminho do extremismo islâmico”, diz Rashid Khalidi, professor de estudos árabes do Departamento de História da Universidade Colúmbia, nos Es-tados Unidos. Ao abrir as portas para a Irmandade Muçulmana, o regime egípcio tenta evitar excluir os partidos religiosos. Uma das características cardeais da democracia é aceitar a participação de todas as correntes de pensamento – desde que elas também aceitem a democracia como sistema político. Não é esse o caso dos grupos islâmicos em países como o Irã ou o Líbano. Apesar de hoje se declarar favorável ao regime democrático, o histórico da Irmandade Muçulmana oferece motivos legítimos para preocupação. O maior temor é que ela tente tornar o país uma teocracia como a iraniana. O líder espiritual do Irã, Ali Khamenei, disse enxergar no Egito o mesmo caminho que seu país trilhou, a partir da derrubada do xá, em 1979. “O despertar do povo islâmico egípcio é um movimento de liberação islâmico, e eu, em nome do governo iraniano, saúdo o povo egípcio e o povo tunisiano”, afirmou na sexta-feira.

O futuro de uma democracia egípcia passa pelo papel que o islã terá no novo regime

A rebelião popular no Egito, porém, não foi motivada nem comandada por religiosos. O motivo central dos protestos, iniciados há duas semanas, está claro: desde sua existência como Estado independente, em 1952, o país nunca soube o que é democracia. Teve só três presidentes – além de Mubarak, Anwar al-Sadat e Gamal Abdel Nasser, que derrubou a monarquia do rei Farouk. Após tantos anos de autoritarismo, o país quer ter o direito de escolher seus governantes pelo voto direto, livremente.

O Egito parece reunir as três condições básicas para se tornar protagonista do primeiro processo de democratização genuíno do mundo árabe, capaz de modificar de forma duradoura a história da região. Primeira: as potências estrangeiras estão pressionando por reformas. Segunda: as forças internas democráticas são ativas e estruturadas. Terceira: e a religião, em vez de ter sido excluída, está envolvida no debate. É preciso lembrar, claro, o Irã de 1979, em que uma ditadura deu lugar a uma teocracia ainda mais autoritária. Para evitar um destino semelhante ao de “revoluções” como a iraniana, o Egito e a comunidade internacional precisam, daqui para a frente, seja quem for o comandante da transição política, persistir nesse caminho. Só assim o movimento que começou com a obsolescência dos ditadores árabes e está agora nas ruas do Egito pode dar origem à primeira grande onda democrática do século XXI.
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LULA ABRE ALAS
Os bastidores da escola de samba Tom Maior, que vai homenagear o ex-presidente no Carnaval, e a disputa de seus amigos por um lugar de destaque na passarela
Autor(es): Amauri Segalla e Bruna Cavalcanti
Isto é - 07/02/2011


Estacionado no Sambódromo de São Paulo, a poucos metros da passarela do Carnaval, o caminhão Mercedes-Benz carrega re­pi­ques, cuícas, surdos, pandeiros e tamborins. Enquanto os integrantes da escola de samba Tom Maior descarregam os instrumentos musicais para o primeiro grande ensaio do desfile 2011, nota-se que o veículo recebeu uma pintura curiosa. Foram desenhadas no para-choque dezenas de estrelas vermelhas parecidas com aquelas que viraram símbolo do Partido dos Trabalhadores. Pode ser coincidência, mas há outros sinais indicando que a política está presente no Carnaval da Tom Maior. Uma bandeira da Central Única dos Trabalhadores tremula ao sabor do vento, aqui e ali há gente caminhando com adereços sindicais (broches do Sindicato dos Químicos, faixas da CUT na cabeça, essas coisas que lembram passeatas) e um sujeito exibe orgulhoso uma camiseta com a inscrição “100% Lula”. Se há alguma dúvida a respeito das intenções da escola, ela desaparece quando o samba começa a tocar. Versos como “sem medo de ser feliz” e “brilhou lá” são quase explícitos: eles são uma referência ao ex-presidente. O tema central da escola é a cidade de São Bernardo do Campo, polo industrial na Grande São Paulo onde Lula começou sua arrancada, mas isso é só um pano de fundo para o verdadeiro homenageado. Pela primeira vez Lula vai sair em uma escola de samba – e cada vez aumenta mais o cordão de amigos, companheiros, militantes, sindicalistas e puxa-sacos sedentos por aproveitar a chance de sair ao lado, ou pelo menos perto, do ex-presidente.

Lula não afirmou publicamente que vai desfilar no Carnaval paulista (e sua assessoria tampouco confirma isso), mas uma conversa testemunhada por várias pessoas colocou um ponto final nas especulações. “O Lula garantiu que está dentro”, diz Frank Aguiar, cantor de forró e vice-prefeito de São Bernardo, que ouviu o sim durante a partida entre Corinthians e São Bernardo, no domingo 30. “A chance de ele não aparecer na Tom Maior é zero.” Na semana passada, secretários da Prefeitura de São Bernardo e assessores petistas foram ao barracão da Tom Maior dar uma olhada na escola, como se quisessem saber de antemão em que terreno o ex-presidente vai pisar. “Eles viram tudo, perguntaram sobre as alegorias, prestaram atenção no carro do Lula”, diz o carnavalesco e responsável pelo desfile da escola, Chico Spinoza, um admirador do tucano Fernando Henrique Cardoso e que anulou seu voto na última eleição presidencial (mas ele jura que o fato de não ser exatamente um admirador do PT não interferiu na sua criatividade). Os emissários de Lula descobriram que a escola é pequena e que sua chance de ganhar o Carnaval é quase a mesma que a possibilidade de um sindicalista da CUT ter samba no pé. “Quem se importa?”, pergunta Aguiar, que tem nas costas a responsabilidade de fazer a comunicação entre a prefeitura e a escola de samba.“No Carnaval, ganhar não é importante”, afirma o cantor. “Bacana mesmo é a alegria.”

Aguiar diz que deve receber nos próximos dias a lista de 30 amigos que Lula pretende convidar para o desfile. Eles vão sair no mesmo carro alegórico do presidente. O veículo tem três andares. No primeiro vai sambar a velha guarda da escola, com seus integrantes usando máscaras de Lula compradas de camelôs do Rio de Janeiro. No andar do meio ficarão os amigos – é neste espaço que a disputa por um lugar é encarniçada. “Sabe como é, estar ali é um sinal de prestígio”, diz Ronaldo Tadeu de Paula, secretário-adjunto de Desenvolvimento e Turismo de São Bernardo e que auxilia Aguiar na organização da ala do presidente na passarela do samba. Lula já indicou alguns nomes que gostaria de ter ao seu lado no Sambódromo: José Eduardo Dutra, presidente do PT, Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo, Eduardo Suplicy, senador pelo partido, e Vicentinho, deputado federal. “Cuidado ao publicar essa lista, vai causar uma ciumeira danada”, diz Aguiar. Os amigos terão de usar uma fantasia de operário, com macacão vermelho e capacete na cabeça. “Uma coisa linda de se ver”, diz o cantor de forró. No último andar do carro alegórico, que tem braços mecânicos que simulam a fabricação de um automóvel, estará o presidente e sua mulher, dona Marisa. “Eles não precisam usar fantasia”, diz o carnavalesco Chico Spinoza. “O Lula pode vir até pelado.”

Alguns petistas estão eufóricos com o desfile. “É claro que vou participar”, diz o deputado Vicentinho. “O Lula é a nossa maior referência.” O senador Eduardo Suplicy pretende ir, mas está confuso. “É bem provável que eu participe, mas preciso confirmar”, diz. “Você sabe me dizer qual é mesmo o horário do desfile?” Sua ex-mulher Marta Suplicy, primeira vice-presidente do Senado, afirma que até a semana passada não tinha sido informada a respeito da folia petista. Ela, porém, não quer perder a oportunidade por nadinha neste mundo. “Não sei da homenagem”, diz Marta. “Seu eu for convidada, ficarei honrada.” Um dos antigos caciques do PT, José Dirceu é desfalque certo na avenida. “Já tenho compromisso para o Carnaval”, afirma. “Mas a homenagem é mais do que justa.” O vereador paulista Celso Jatene (PTB) é nome confirmado na apresentação da Tom Maior. “Sou sambista”, diz. “Vou porque sempre gostei, está no meu sangue.” É óbvio que Jatene não se incomoda nem um pouco de ver seu nome perto do ex-presidente que bateu recordes de popularidade. “Sei da importância histórica de São Bernardo.” Então está explicado.

A reportagem de ISTOÉ acompanhou três ensaios da Tom Maior, um deles no próprio Sambódromo e dois na quadra da escola de samba, no centro de São Paulo. Nos bastidores, ouve-se uma piada repetida por sambistas bem-humorados: “Sabe quem vai desfilar na ala dos mascarados da Tom Maior?”, alguém pergunta. “O Delúbio Soares e o Silvio Pereira.” Delúbio é o ex-tesoureiro do PT que assumiu a responsabilidade pelo esquema do Mensalão e Pereira o ex-secretário-geral do PT que ganhou uma Land Rover de presente de uma empresa baiana, numa teia de corrupção. Não existe nenhuma ala dos mascarados, mas Carnaval é Carnaval – e, convenhamos, a brincadeira é boa.

A Tom Maior está fazendo um esforço danado para que o desfile não seja tão chato quanto um encontro sindical. Nas discussões de criação do samba-enredo, foram evitadas palavras como “socialismo”, “burguesia” e “dialética” e expressões como “luta de classes”, “povo unido” e “a luta continua”, todas elas na ponta da língua dos militantes de esquerda. Mas a tentação é grande. A palavra “povo” aparece na letra do enredo (“num contexto, sabe, que tem uma justificativa”, diz o carnavalesco Spinoza) e foi inescapável tascar no final do samba a desgastada “luta social.” Algumas alas levam nomes que, sabe-se lá como, terão de empolgar a passarela, como Braços Cruzados e Berço Sindical. Na semana passada, circularam na internet comentários de gente que vai desfilar pela escola reclamando que o samba é fraco e que a letra “não pega”. Não é difícil imaginar quão contagiante deve ser um Eduardo Suplicy fantasiado de operário, na ala da CUT, e gritando a plenos pulmões as glórias de São Bernardo.

Justiça seja feita, desfile de escola de samba é das coisas mais democráticas que existem, em que a luta de classes é um conceito sem sentido algum. Na terça-feira 1º, conviviam no mesmo espaço, a quadra da Tom Maior, patricinhas bem-nascidas e pobres de chinelo de dedo, jovens com smartphones e ritmistas que encaram os ensaios em troca de sanduíche de pão e presunto combinado com um copo de refrigerante. Nem tudo são confetes e serpentinas. A Tom Maior é uma agremiação pobre e está sofrendo o diabo para conseguir realizar um desfile decente. “A escola deve R$ 800 mil na praça”, diz Marko Antonio da Silva, presidente da Tom Maior. “Não tenho a menor ideia de como vou fechar as contas.” O desfile pode custar até R$ 2,5 milhões (depende do preço das plumas e paetês, pela hora da morte nesta época do ano) e o dinheiro repassado pela Rede Globo pelos direitos de transmissão e pela Prefeitura de São Paulo cobre menos da metade das despesas.

O presidente Marko Silva, que se declara um tucano revoltado (“não votei no Serra porque ele não gosta de Carnaval”, diz), admite que decidiu homenagear São Bernardo porque pensou que, como o município é um centro industrial, não seria difícil obter dinheiro de grandes patrocinadores. “Mas a Volks e a Mercedes, que têm suas sedes na cidade, nem sequer responderam ao nosso pedido de apoio”, diz. Ele também imaginou que, tratando-se de uma homenagem a uma prefeitura rica, os recursos seriam abundantes. “Não pudemos ajudar em nada”, diz o vice-prefeito, Frank Aguiar. “Nosso Orçamento já estava comprometido e o máximo que fiz foi acionar alguns amigos, solicitando pequenas contribuições.” O presidente da Tom Maior ainda vai fazer uma última tentativa junto ao diretório central do PT. Na escola, a diretoria acha que, com a confirmação da presença de Lula, aumentam as chances de o dinheiro finalmente aparecer. “O ex-presidente não vai querer fazer feio na avenida”, diz Zito Sérgio Camargo, 59 anos, integrante da velha guarda e primeiro mestre-sala a desfilar pela Tom Maior, em 1974.

Parte do dinheiro das escolas de samba vem da venda de fantasias. Os amigos de Lula terão que desembolsar R$ 550 para vestir o macacão de operário. Os sindicalistas que desejarem exibir seus dotes carnavalescos na ala Braços Cruzados terão que pagar R$ 300 por uma roupa que traz na frente duas mãos entrelaçadas. “Eu ganhei a minha fantasia do sindicato dos químicos”, diz Geraldo de Souza Guimarães, funcionário da gigante alemã Bayer, que vai desfilar pela primeira vez na vida. Por que ele recebeu o presente? “É que o sindicato está com Lula”, diz Guimarães. Na escola, ninguém reclama de usar camisetas com referências elogiosas ao ex-presidente e os ritmistas estão ensaiando, até os braços cansarem, um dos momentos considerados chaves do desfile da Tom Maior: num dos breques do samba, alguns integrantes da bateria erguem uma estrela para o céu. Seria uma reverência ao homenageado da noite? Na escola, todos sabem a resposta: é claro que sim. Olha o Lula aí, gente.

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