O artigo "O direito à verdade" é de autoria do presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro, Wadih Damous, e foi publicado na edição de (20 de abril 2010) do jornal O Dia (RJ):
“O conhecimento da nossa própria história”. É exclusivamente esse direito, basilar numa sociedade democrática, que a Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro reivindica quando empreende a Campanha pela Memória e pela Verdade, pela abertura dos arquivos da ditadura.
Hoje, passados mais de 40 anos desde que presos políticos começaram a desaparecer, torturados ou mortos por agentes do Estado, queremos que o governo brasileiro resgate do limbo do esquecimento os fatos daquele período.
Temos o direito de saber o que aconteceu como aconteceu e quem foi responsável pelo desaparecimento de mais de uma centena de pessoas que sumiram da história sem que jamais seus pais, filhos, mulheres e maridos tivessem obtido, pelo menos, seus corpos para prantear e sepultar com dignidade.
Quando mobilizamos as entidades civis, os sindicatos, os estudantes, os partidos políticos e cada cidadão deste País, o fazemos convictos de que só a memória tornada pública e a revelação dos fatos terão o poder de apaziguar a Nação e os corações dos brasileiros que, por décadas, têm sido obrigados a conviver com a negação dos fatos e evasivas oficiais não bastasse à dor da ausência inexplicada daqueles que amavam.
Não nos movem sentimentos de revanche. Podem ficar tranquilos setores do atraso que resistem e ameaçam o governo com bravatas toda vez que reafirmamos nosso direito à memória e à verdade. Como sociedade madura, que deixou o arbítrio para trás e vive com plenitude o estado democrático de direito, queremos apenas jogar luz sobre aqueles anos sombrios.
“Entendemos que, a partir do conhecimento da história, criaremos anticorpos na sociedade em especial, nas novas gerações para que jamais uma ditadura volte a nos assombrar”.
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