NÓS FAZEMOS A DIFERENÇA NO MUNDO...

Nós fazemos a diferença no mundo
"Eu sou a minha cidade, e só eu posso mudá-la. Mesmo com o coração sem esperança, mesmo sem saber exatamente como dar o primeiro passo, mesmo achando que um esforço individual não serve para nada, preciso colocar mãos à obra. O caminho irá se mostrar por si mesmo, se eu vencer meus medos e aceitar um fato muito simples: cada um de nós faz uma grande diferença no mundo." (Paulo Coelho)

Na qualidade de Cidadão, afirmamos que deveríamos combater o analfabetismo político, com a mesma veemência que deveria ser combatido o analfabetismo oficioso no Brasil. Pois a politicagem ganha força por colocarmos poder de importantes decisões nas mãos de quem não se importa com o que irá decidir.
Concordo com Bertolt Brecht, quando afirma que: "O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos”. Ele não sabe o custo de vida, nem que o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato, saneamento, mobilidade urbana, e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. “Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce à prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A Terra estará a viver a sexta extinção em massa por causa das alterações do clima

Texto de Teresa Firmino
Qual vai ser o impacto das alterações climáticas na árvore da vida, no final do século XXI? Pela primeira vez, um artigo, publicado hoje, quinta-feira, pela equipa do biólogo Miguel Araújo na revista Nature, avaliou os efeitos das alterações do clima na árvore da vida. A Terra pode estar a viver a sexta extinção em massa, desta vez pela mão humana, se não forem travadas as emissões de gases com efeito de estufa.

Já houve cinco momentos de desaparecimento maciço de biodiversidade, causados por fenômenos geológicos catastróficos — como a colisão de um asteroide com a Terra há 65 milhões de anos, que ficou famosa porque, entre os desaparecidos, estavam os dinossauros. Agora, devido às alterações do clima pela ação humana, há a tese de que a Terra estará a viver a sexta extinção em massa.

Mas uma vaga de desaparecimentos tem de cumprir quatro condições para ser uma extinção em massa, explica Miguel Araújo, coordenador do pólo na Universidade de Évora do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos: tem de ocorrer de forma generalizada em todo o mundo; num período de tempo geológico curto; envolver grandes quantidades de espécies; e afetar espécies de um leque vasto de grupos biológicos.

Por exemplo, se as extinções afetarem muitas espécies só de algumas partes da árvore da vida, as extinções serão dramáticas, com impacto nos ecossistemas, mas não será a sexta extinção em massa, diz Araújo, titular da cátedra Rui Nabeiro em Biodiversidade, a primeira criada em Portugal com fundos privados (cem mil euros anuais, por cinco anos).

À procura de resposta, a equipa do biólogo, que inclui Wilfried Thuiller, entre outros cientistas da Universidade Joseph Fourier, em França, reconstruiu as relações evolutivas de grande número de espécies de aves, mamíferos e plantas, estudando o caso da Europa. Nestas relações evolutivas, a equipa projetou depois as conclusões para o risco de extinção das espécies. Teve em conta quatro cenários de alterações climáticas, consoante estimativas distintas de emissões de gases de estufa, até 2080, e usando modelos que reproduzem o clima da Terra.

Para estudar como as alterações climáticas atuais poderiam afeta a evolução da árvore da vida, foi ainda necessário distinguir as extinções causadas pelas mudanças do clima das que ocorreriam ao acaso. Para tal, a equipa removeu aleatoriamente “ramos” exteriores da atual árvore da vida, para ver até que ponto as extinções modeladas na sequência das alterações climáticas seriam diferentes de aleatórias. “Se não diferisse — é o nosso resultado —, estaríamos perante um padrão de extinções não seletivo, que afetaria a totalidade da árvore”, explica Araújo, também do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid. “As alterações climáticas previstas afetam os ramos da vida de forma uniforme, tornando-os menos densos e farfalhudos com o tempo”, diz.

“Outros estudos têm demonstrado que as ameaças humanas afetam determinados ramos concretos da árvore da vida, por exemplo, espécies grandes, especializadas em determinados tipos de comida ou habitats, ou anfíbios”, diz. “O nosso artigo demonstra que as alterações climáticas terão tendência a afetar todos os ramos da árvore.”

O estudo não permite dizer, porém, qual o número de espécies que irá desaparecer. E a estes impactos há que juntar outros de origem humana, como a destruição de habitats, a caça e pesca excessivas, a propagação de espécies invasoras e de agentes patogênicos, que afetam mais uns troncos da árvore do que outros. “Como os impactos se adicionam uns aos outros, o futuro poderá reservar-nos um aumento generalizado de espécies ameaçadas que afetará quase todos os ramos da árvore da vida.”

Portanto, as alterações climáticas poderão alterar as contas atuais sobre a extinção das espécies. A Terra está então viver a sexta extinção em massa? “No caso de haver impactes de grande magnitude que afetem um grande número de espécies, o padrão de extinções modelado por nós assemelha-se ao que se esperaria numa extinção em massa, já que estas não afetaram ramos particulares da árvore da vida, mas a sua quase totalidade”, responde Miguel Araújo.

Perdas no Sul da Europa
Outra conclusão é que as espécies do Sul da Europa, que perde biodiversidade, deverão deslocar-se para o Norte. Já hoje, aliás, as alterações do clima estão a empurrar mais para norte espécies de aves e borboletas.

É também provável que espécies do Norte de África entrem no Sul da Europa — “o que já está a verificar-se com algumas aves e insetos”. Os recém-chegados tanto podem trazer mais biodiversidade, como acentuar a perda de espécies por competição ou novas doenças. “É difícil prever as consequências destas colonizações. Mas, havendo um mar entre os dois continentes, só espécies capazes de o atravessar podem colonizar a margem Norte, o que limita a diversidade de colonizadores.”

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