NÓS FAZEMOS A DIFERENÇA NO MUNDO...

Nós fazemos a diferença no mundo
"Eu sou a minha cidade, e só eu posso mudá-la. Mesmo com o coração sem esperança, mesmo sem saber exatamente como dar o primeiro passo, mesmo achando que um esforço individual não serve para nada, preciso colocar mãos à obra. O caminho irá se mostrar por si mesmo, se eu vencer meus medos e aceitar um fato muito simples: cada um de nós faz uma grande diferença no mundo." (Paulo Coelho)

Na qualidade de Cidadão, afirmamos que deveríamos combater o analfabetismo político, com a mesma veemência que deveria ser combatido o analfabetismo oficioso no Brasil. Pois a politicagem ganha força por colocarmos poder de importantes decisões nas mãos de quem não se importa com o que irá decidir.
Concordo com Bertolt Brecht, quando afirma que: "O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos”. Ele não sabe o custo de vida, nem que o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato, saneamento, mobilidade urbana, e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. “Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce à prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

sábado, 16 de julho de 2011

Historiador lança livro em que tenta tirar João Goulart do limbo

Fraco, medíocre, demagogo. Fujão, covarde, traidor. Direita e esquerda carimbaram vários adjetivos na imagem de João Goulart, o presidente deposto pelo golpe militar de 1964.
Esquecido, quase sem lugar nos livros de história, Jango tem em torno de si silêncio. Jorge Ferreira, 54, professor de história do Brasil na Universidade Federal Fluminense, busca desinterditar a memória desse personagem com "João Goulart, uma Biografia".
Nesta entrevista, ele fala do livro e diz que populismo não é um conceito teórico, mas uma desqualificação política. "Populista é sempre o outro, aquele de quem você não gosta", afirma.
Por que o Sr. resolveu fazer esse livro?
Jorge Ferreira - Estudei Getúlio Vargas e o trabalhismo, daí a curiosidade sobre João Goulart. Foram dez anos de trabalho. Creio que chegou o momento de retirar Jango do limbo da memória do país.
Ele foi um personagem importante, mas as análises sobre ele não se distanciam das paixões políticas. Ora é definido como demagogo e incompetente, ora como vítima de um grande conluio de empresários brasileiros com o governo norte-americano. Quis conhecer o personagem para compreendê-lo, e não julgá-lo.
O que encontrou de novo?
O livro é um relato biográfico, enfocando sua vida política e privada. Evitei enfoques sensacionalistas. Talvez a maior novidade seja lembrar à sociedade brasileira que um dia Jango foi líder político de expressão. Como diz o historiador inglês Eric Hobsbawm, o papel do historiador é lembrar à sociedade o que aconteceu no passado. Foi o que eu fiz.
Quais foram às influências sobre Goulart?
Goulart, assim como Brizola, era jovem quando Vargas instituiu a ditadura. Ele entrou para a política no período democrático. Em 1945 e 1946, a democracia liberal tinha grande prestígio. As esquerdas e o trabalhismo associaram os ideais democráticos com o nacionalismo, o desenvolvimentismo, as leis sociais e o estatismo.
Nos anos 1950, o Estado interventor na economia e nas relações entre patrões e empregados era um sucesso na Europa. Os trabalhistas observavam a experiência inglesa com o programa de estatizações e também o sucesso da industrialização soviética, com o Estado interventor e planejador da economia. Também culpavam os Estados Unidos pela pobreza da América Latina.
Por que há pouco dados sobre o empresariado em relação a Goulart e aos militares?
O golpe de 1964 não foi dado por empresários que usaram os militares. O golpe foi dado por militares com apoio empresarial. A FIESP, em inícios de 1963, apoiou Goulart na efetivação do Plano Trienal. Ele teve apoio de setores conservadores, desde que estabilizasse a economia, controlasse a inflação e se distanciasse das esquerdas, sobretudo dos comunistas e dos grupos que apoiavam Brizola na Frente de Mobilização Popular.
Os grandes empresários, os políticos conservadores e a imprensa se afastaram de Goulart e passaram a denunciar o "perigo comunista" no segundo semestre de 1963, quando a economia entrou em descontrole e Jango se aproximou das esquerdas.
Com o comício de 13 de março de 1964, os golpistas crescem e se unificam. A revolta dos marinheiros foi à fagulha que faltava, desencadeando gravíssima crise militar. A crise do governo Goulart tem uma história. É preciso reconstituí-la, com documentos e provas, superando repetidos jargões.
No livro o Sr. discute a questão do populismo. Por que populismo continua sendo um termo pejorativo?
Sou crítico em relação ao conceito de populismo. Populistas podem ser considerados Vargas e Lacerda, Juscelino e Hugo Chávez, Goulart e Collor, FHC e Lula.
Personagens tão diferentes, com projetos díspares, com partidos políticos distintos são rotulados sob o mesmo conceito.
Qualquer personagem político pode ser chamado de populista, basta não gostar dele. Populista é sempre o outro, o adversário, aquele de quem você não gosta.
Não se trata de um conceito teórico, mas de uma desqualificação política. Eu prefiro nomear os personagens assim como eram chamados na época: Jango era trabalhista, Lacerda, udenista, e Prestes, comunista.
Qual é o maior legado de João Goulart?
O governo Goulart foi o auge do projeto trabalhista, que começou com as políticas públicas dos anos 1930, em época de autoritarismo. Mas que se democratizou; se modernizou e se esquerdizou a partir da segunda metade dos anos 1950.
Seus elementos fundamentais foram o nacionalismo, o estatismo, o desenvolvimentismo, a intervenção do Estado na economia e nas relações entre patrões e assalariados, a manutenção e a ampliação dos benefícios sociais aos trabalhadores, a reforma agrária e a liderança política partidária de grande expressão. Creio que muitas dessas tradições inventadas pelos trabalhistas ainda estão presentes entre as esquerdas brasileiras.
Comentários:
Ronaldo Alfredo
Quem leu o livro do Elio Gaspari, soube que grande parte da instabilidade politica do Brasil pré-golpe de 64 foi por conta da imoralidade desse sujeito. Um verdadeiro depravado sem altura moral para liderar nada. Quem dera tivéssemos um Itamar Franco naquele momento, mas o Brasil foi infeliz ali. E pagamos o preço hoje... Agora, é chique falar bem desse bandido hoje em dia... Com um governo formado por gente que quis um dia ver o Brasil com o mesmo regime da Rússia
Tarcísio Santos
João Goulart; ficará marcado para sempre na História. Se analisarmos bem seu mandato, perceberemos que ele foi um dos poucos que tocaram na realidade da estrutura do país. Quando se falou em Reforma Agrária, educacional e eleitoral, numa sociedade marcada secularmente pelos donos do poder, estamos falando em tentar construir uma sociedade mais justa e igualitária, assuntos que incomodam quem está no poder. Pois para estes o povo deve estar no lugar que está.
Yuri L. de Moraes
Muito bem-vindo este livro. No Brasil gostam, esforçam para esconder obliterar a verdade. Principalmente a verdade que não agrada a elite, quer dizer, qualquer informação que venha esclarecer, apontar os motivos de nosso atraso, das injustiças sociais, deve ser destorcida, apagada. Sei pouco sobre João Goulart. O que sei é positivo. Outra coisa é fato de saber que contra ele estava a escória, a bandidagem deixa bem claro que ele não fazia parte desta corja. Só um gambá cheira outro.
Gilvane Eduardo dos Santos Ferret
Bom. Como a maioria dos populistas são de esquerda (assim como os historiadores), populismo é um desqualificador, não um conceito. Lacerda não vi. Mas taxar o FH de populista é risível (causar risos). Ele navegou no sucesso do plano real para se eleger, mas ser populista é outra coisa. Brizola, Arraes, Maluf, ACM, foram citados? O que aconteceu com Jango ninguém pode ter certeza. Guerra fria correndo, sem maioria no congresso (o cargo foi declarado vago com ele ainda no país), à beira de uma guerra civil.
Ricardo Cardoso
Mais um historiador querendo deturpar a história, vá procurar o que fazer inútil!!!
Rodrigo Évora
Muito interessante à proposta da obra... João Goulart, o Jango, é um dos presidentes mais injustiçados da história. É muito esperançoso o esforço para jogar luz em seus erros e acertos... Hoje, com todo o desenvolvimento social conquistado, percebe-se que muitas das propostas anunciadas no histórico discurso de Jango no Rio, em março de 1964, se tivessem sido implementadas no Brasil naquela época, hoje, e com alguns ajustes, estaríamos em patamar mais elevado de desenvolvimento social e econômico.
Aldo Ghisolfi
QUEM VIVEU LEMBRA!... Não se pode deusificar o Jango. Ele e Brizola estavam cubanizando o país e causaram todo o transtorno que ainda hoje repercute... Não fosse ele e o domínio que seu cunhado exercia sobre ele não teria havido necessidade de contra golpear... Figura lastimável que deve permanecer no limbo da história.
Rodrigo Évora
Você está enganado... O transtorno que hoje ainda repercute no Brasil foi causado pelos golpistas e ditadores militares, apoiados pelo empresariado conservador... O discurso de março de 1964 de Jango encerra o embrião de várias ações tomadas por governantes pós à redemocratização de 1989.

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