Texto de Walmor Oliveira de Azevedo
Era uma vez... Essa forma técnica, introdutória no gênero literário de contar histórias, que remete ao passado glorioso e edificante de famílias, grupos e instituições, tem caído em desuso. É lamentável e preocupante porque a razão disso é a escassez da honradez assumida como o tesouro maior na conduta de todo cidadão. O tempo vai passando e tornando distantes as referências daqueles depositários de credibilidade, merecedores de confiança e dignos da condição assumida por compromisso profissional, tarefa política e por razão cidadã. Esse quadro é preocupante. Desacostuma a consciência dos indivíduos em relação à dignidade, a fidelidade à palavra dada e a capacidade de não negociar a verdade e colocar acima de tudo o bem comum.
As nefastas consequências desses desdobramentos determinam a necessidade, em se tratando especificamente do mundo da política, de configurar as fichas dos cidadãos para distinguir quem é ficha limpa de quem é ficha suja. A honradez da cidadania, se vivida e assumida como resultado de educação familiar recebida e de formação consolidada nas instituições, dispensaria tal distinção. Quando o Projeto de Lei de Iniciativa Popular, Ficha Limpa, adentra o Parlamento com mais de um milhão e meio de assinaturas, pedindo a legislação da matéria, é a sociedade gritando, como denúncia, o esvaziamento e a desqualificação comum das condutas. Nos tempos de antanho, embora existissem os que agiam e viviam na contramão dessa honradez, ainda não se exigiam leis para colocar esse divisor entre cidadãos ficha limpa e suja, pretendentes ao exercício de cargos públicos e de funções representativas do povo.
É grave a desconsideração por essa honradez. É tão grave que o imperativo de legislar o assunto não deixa de ter quem o considere inconstitucional, e não consegue ver a premência de balizamentos que defendam o povo no seu direito de ter governantes honestos e probos. Assim, não se reconhece a urgência de introduzir normativas com força educativa para recriar, na consciência de cada um, o fluxo inteligente que mostra a inadiável necessidade de mudanças na própria conduta. Do contrário, a política se tornará fonte permanente de crise desestabilizadora, objeto de insatisfação e descrença geral. A credibilidade na política é insubstituível, e a conduta cidadã, isto é, ficha limpa, é seu sustentáculo.
O apoio ao Projeto Ficha Limpa é comprovação, em se considerando os apoiadores, especialmente no Parlamento, do desejo de uma intervenção imediata para não deixar que a política seja entendida, menos ainda vivida, como coisa suja. A sujeira da política é a fonte responsável por esta crise sistêmica que se abate sobre os destinos da sociedade contemporânea. A crise e suas consequências são tão corrosivas e sérias que urgem a coragem de uma apurada reforma política. As Igrejas Cristãs - sempre iluminada pelo Evangelho, cujo núcleo central é a conversão, com intervenções radicais na mudança da própria conduta por esforço pessoal e por graça de Deus - torna-se porta-voz na sociedade brasileira da necessidade de se proceder uma reforma política profunda. Não é tão fácil assumir esse caminho revolucionário porque os interesses partidários são muitos, são condutas comprometidas emoldurando procedimentos políticos e, particularmente, a ganância por dinheiro e vantagens outras. A coragem de encaminhar a aprovação da Lei de Iniciativa Popular, Ficha Limpa, se torna agora, neste contexto, um gesto político corajoso e audaz da maior importância. Uma expectativa que é direito de todos os eleitores, que voltam o olhar para o comportamento daqueles que foram por eles eleitos e que, agora, retornam ao cenário para sufragar seus nomes.
A reforma política se torna exigente porque deve tocar o Estado na sua estrutura organizacional e na concepção dos seus funcionamentos. Mas, de modo especial, a reforma inclui o capítulo central das mudanças que dizem respeito à conduta dos cidadãos que colocam seus nomes nas listas de candidaturas. A nebulosidade das intenções, as confusões nos entendimentos políticos de tantos e as razões advogadas pelos que se consideram os iluminados e salvadores da pátria demonstram mesmo que é hora de avaliar suas fichas. Esses e outros procedimentos reformatórios são indicações e sinal de esperança quanto à urgência de se entender que a comunidade política é constituída para estar a serviço da sociedade da qual deriva. Essa é a honradez, a joia maior que todos os cidadãos precisam ter e venerar com amor.
Walmor Oliveira de Azevedo
Era uma vez... Essa forma técnica, introdutória no gênero literário de contar histórias, que remete ao passado glorioso e edificante de famílias, grupos e instituições, tem caído em desuso. É lamentável e preocupante porque a razão disso é a escassez da honradez assumida como o tesouro maior na conduta de todo cidadão. O tempo vai passando e tornando distantes as referências daqueles depositários de credibilidade, merecedores de confiança e dignos da condição assumida por compromisso profissional, tarefa política e por razão cidadã. Esse quadro é preocupante. Desacostuma a consciência dos indivíduos em relação à dignidade, a fidelidade à palavra dada e a capacidade de não negociar a verdade e colocar acima de tudo o bem comum.
As nefastas consequências desses desdobramentos determinam a necessidade, em se tratando especificamente do mundo da política, de configurar as fichas dos cidadãos para distinguir quem é ficha limpa de quem é ficha suja. A honradez da cidadania, se vivida e assumida como resultado de educação familiar recebida e de formação consolidada nas instituições, dispensaria tal distinção. Quando o Projeto de Lei de Iniciativa Popular, Ficha Limpa, adentra o Parlamento com mais de um milhão e meio de assinaturas, pedindo a legislação da matéria, é a sociedade gritando, como denúncia, o esvaziamento e a desqualificação comum das condutas. Nos tempos de antanho, embora existissem os que agiam e viviam na contramão dessa honradez, ainda não se exigiam leis para colocar esse divisor entre cidadãos ficha limpa e suja, pretendentes ao exercício de cargos públicos e de funções representativas do povo.
É grave a desconsideração por essa honradez. É tão grave que o imperativo de legislar o assunto não deixa de ter quem o considere inconstitucional, e não consegue ver a premência de balizamentos que defendam o povo no seu direito de ter governantes honestos e probos. Assim, não se reconhece a urgência de introduzir normativas com força educativa para recriar, na consciência de cada um, o fluxo inteligente que mostra a inadiável necessidade de mudanças na própria conduta. Do contrário, a política se tornará fonte permanente de crise desestabilizadora, objeto de insatisfação e descrença geral. A credibilidade na política é insubstituível, e a conduta cidadã, isto é, ficha limpa, é seu sustentáculo.
O apoio ao Projeto Ficha Limpa é comprovação, em se considerando os apoiadores, especialmente no Parlamento, do desejo de uma intervenção imediata para não deixar que a política seja entendida, menos ainda vivida, como coisa suja. A sujeira da política é a fonte responsável por esta crise sistêmica que se abate sobre os destinos da sociedade contemporânea. A crise e suas consequências são tão corrosivas e sérias que urgem a coragem de uma apurada reforma política. As Igrejas Cristãs - sempre iluminada pelo Evangelho, cujo núcleo central é a conversão, com intervenções radicais na mudança da própria conduta por esforço pessoal e por graça de Deus - torna-se porta-voz na sociedade brasileira da necessidade de se proceder uma reforma política profunda. Não é tão fácil assumir esse caminho revolucionário porque os interesses partidários são muitos, são condutas comprometidas emoldurando procedimentos políticos e, particularmente, a ganância por dinheiro e vantagens outras. A coragem de encaminhar a aprovação da Lei de Iniciativa Popular, Ficha Limpa, se torna agora, neste contexto, um gesto político corajoso e audaz da maior importância. Uma expectativa que é direito de todos os eleitores, que voltam o olhar para o comportamento daqueles que foram por eles eleitos e que, agora, retornam ao cenário para sufragar seus nomes.
A reforma política se torna exigente porque deve tocar o Estado na sua estrutura organizacional e na concepção dos seus funcionamentos. Mas, de modo especial, a reforma inclui o capítulo central das mudanças que dizem respeito à conduta dos cidadãos que colocam seus nomes nas listas de candidaturas. A nebulosidade das intenções, as confusões nos entendimentos políticos de tantos e as razões advogadas pelos que se consideram os iluminados e salvadores da pátria demonstram mesmo que é hora de avaliar suas fichas. Esses e outros procedimentos reformatórios são indicações e sinal de esperança quanto à urgência de se entender que a comunidade política é constituída para estar a serviço da sociedade da qual deriva. Essa é a honradez, a joia maior que todos os cidadãos precisam ter e venerar com amor.
Walmor Oliveira de Azevedo
"Os novos processos de Pimentel - Coordenador da campanha de Dilma é alvo de três ações judiciais envolvendo sua gestão em Belo Horizonte." Esse texto está no blog http://sositaborai.blogspot.com
ResponderExcluirOlha, acho que este senhor fará uma boa dupla com a candidata. Ela pode, inclusive, passar algumas experiencias para o seu neófito (nem sei se tanto)subordinado.
Eu tinha um colega que se referia ao dinheiro da seguinte maneira: faz-me rir. Como não tenho dinheiro, essas noticias são para eu: faz-me rir!
Por quê? Porque quando vejo aquele grupo do poder, encastelado em Brailia, logo me lembro de um filósofo brasileiro cujo apelido é Dicró. Socrates ficou famoso, entre outras oisas pela frase: "Só sei que de nada sei."
Dicró: "Se gritar pega ladrão, nao fica um meu irmão!" . Eu jamais diria isto:mas que poucos ficam, isso é verdade!
Antonio Gomes Lacerda
Novamente obrigado pelo seu comentário o autor do texto acima é membro da CNBB
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