NÓS FAZEMOS A DIFERENÇA NO MUNDO...

Nós fazemos a diferença no mundo
"Eu sou a minha cidade, e só eu posso mudá-la. Mesmo com o coração sem esperança, mesmo sem saber exatamente como dar o primeiro passo, mesmo achando que um esforço individual não serve para nada, preciso colocar mãos à obra. O caminho irá se mostrar por si mesmo, se eu vencer meus medos e aceitar um fato muito simples: cada um de nós faz uma grande diferença no mundo." (Paulo Coelho)

Na qualidade de Cidadão, afirmamos que deveríamos combater o analfabetismo político, com a mesma veemência que deveria ser combatido o analfabetismo oficioso no Brasil. Pois a politicagem ganha força por colocarmos poder de importantes decisões nas mãos de quem não se importa com o que irá decidir.
Concordo com Bertolt Brecht, quando afirma que: "O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos”. Ele não sabe o custo de vida, nem que o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato, saneamento, mobilidade urbana, e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. “Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce à prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

domingo, 10 de outubro de 2010

Recortes de um país desigual

Dos 5.564 municípios brasileiros, só 226 oferecem à sua população ensino de qualidade, boa cobertura na área de saúde e empregos formais suficientes para assegurar-lhe renda satisfatória. Em 2.503 municípios, praticamente não há água tratada nem atendimento médico básico e os empregos, em geral insuficientes, são predominantemente informais e temporários. Pelo menos 40 milhões de brasileiros vivem em municípios carentes.

Este é o quadro social do Brasil traçado pelo Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, com base em dados oficiais sobre emprego e renda, educação e saúde. Esse estudo vem sendo realizado há três anos e a defasagem - o novo IFDM baseia-se em números de 2007 - se deve ao atraso na divulgação dos dados básicos. O IFDM expõe cruamente a grande diferença entre as condições de vida num município de alto índice de desenvolvimento e em outro que carece de serviços básicos de educação e saúde e não consegue gerar empregos decentes para seus trabalhadores.

O município paulista de Araraquara, a 275 quilômetros da capital, foi o que alcançou o maior IFDM do País. No outro extremo da lista está o município maranhense de Marajá do Sena, o mais carente do País.

Todo o esgoto de Araraquara é recolhido por sistema público de coleta, toda a população tem água tratada, 100% dos domicílios dispõem de luz elétrica, praticamente todas as ruas são pavimentadas, há boa rede de hospitais e postos de saúde e a maioria das escolas está conectada à internet. Em termos de educação e saúde, Araraquara repete as condições de boa parte dos demais municípios paulistas - dos 15 mais desenvolvidos do País, 14 estão no Estado de São Paulo; dos 100 melhores no ranking de educação, 92 são paulistas; no item saúde, o Estado de São Paulo só é superado pelo Paraná.

O que colocou Araraquara em primeiro lugar na classificação foi seu desempenho no item emprego e renda. Em 2007, a principal indústria do município admitiu 610 trabalhadores. Depois da conclusão de um diagnóstico que definiu sua vocação para as áreas de tecnologia de informação e logística, por sua localização privilegiada, Araraquara atraiu dezenas de empresas, que geraram milhares de empregos.

Já a população de Marajá do Sena, a 350 km de São Luís, tem água na torneira em dias alternados, como mostrou o jornal O Globo. Não há médico na cidade. Por suas ruelas de terra corre o esgoto a céu aberto. Não há sistema público de transporte e, para se chegar à cidade, é preciso cruzar estradas esburacadas.

São recortes de um país desigual, que vem melhorando - de ano para ano o IFDM vem subindo em todas as regiões, em todos os Estados e praticamente em todos os municípios -, mas num ritmo lento demais, sobretudo para os que ainda vivem em péssimas condições de habitação, saneamento e saúde, não dispõem de um sistema de ensino adequado nem conseguem empregos estáveis e com remuneração condigna.

É importante destacar que o ano de 2007, ao qual se refere o IFDM, foi de bom desempenho da economia. Com a rápida expansão da economia, as empresas geraram 1,6 milhão de empregos formais, 31,6% mais do que no ano anterior. Foram, em geral, empregos de qualidade inferior à dos postos de trabalho abertos em 2006, pois a renda real média cresceu bem menos.

Na área de educação, os gastos públicos foram 4% maiores em termos reais e, com o início de novo mandato presidencial, um novo programa de estímulo ao ensino básico foi colocado em prática. Na área de saúde, porém, persistiram os altos índices de doenças e óbitos causados por precárias condições de vida e moradia e pelas dificuldades de acesso aos serviços básicos de saúde e saneamento.

Nessas duas áreas os investimentos, mesmo quando feitos no ritmo adequado, só produzem resultados a médio e longo prazos. Nos últimos anos, porém, eles têm sido insuficientes, o que pode retardar a já lenta evolução do IFDM.

FONTE: O Estado de S.Paulo

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