Ao publicar artigo do delegado Alexandre Neto, em janeiro, O blog REPÓRTER DE CRIME antecipou o mar de lama que tomou conta da Polícia Civil do Rio. O delegado afirmou no referido artigo que os esquemas de corrupção continuavam a todo vapor na polícia, dois anos depois da prisão do chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins. Esse artigo acabou levando a Polícia Civil a abrir uma sindicância para que Neto contasse o que sabia sobre a corrupção. Pelo jeito, era o único que sabia de alguma coisa.
Ontem, Neto me enviou um e-mail que publico na íntegra:
"Em 08.01.2011, após reportagem publicada no Jornal “O DIA” (de 07.01.2011) sob o título “TRAMA PARA MATAR DELEGADO”, senti-me na obrigação de agradecer aos blogueiros que, ao saberem de tal notícia, vieram ao Blog me prestar solidariedade. Escrevi então um artigo, em tom de desabafo, e o encaminhei ao “Repórter de Crime”, tendo você o publicado na íntegra, sob o título “CONSPIRAÇÃO PARA MATAR - Delegado ameaçado denuncia: permanece esquema de corrupção na polícia”. Para minha surpresa, no dia 01.02.2011, fui convocado a depor na Corregedoria da Polícia Civil, por requisição do Chefe de Polícia, Dr. Allan Turnowski, nos autos da Sindicância Sumária nº 019/2011, onde se solicitava esclarecimentos acerca do conteúdo de tal artigo, mormente diante do título emprestado ao mesmo pelo ilustre jornalista.
O conteúdo de meu depoimento, embora não esteja sob segredo de justiça e nem afeto a um procedimento sigiloso – trata-se de mera “sindicância” – acabou sendo amplamente corroborado pelas prisões decretadas pela Justiça na data de hoje. Como sói acontecer, as cúpulas de ambas as instituições – sempre bem informadas para as prisões que lhes rendem mídia – NADA sabiam acerca das quadrilhas internas entranhadas em suas vísceras. Foi preciso, mais uma vez, que a Polícia Federal viesse fazer a limpeza nos quadros criminosos das polícias estaduais. “Se fosse num país desenvolvido, ambos os componentes das cúpulas das polícias cairiam de uma só vez, pois em países onde se consagra a chamada responsabilidade social”, o princípio da “accountability” - pelo qual aquele que desempenha funções de importância na sociedade deve regularmente explicar o que anda a fazer, como faz, por que faz; quanto gasta e o que vai fazer a seguir, não apenas devendo prestar contas em termos quantitativos, mas também auto-avaliando o trabalho feito, dando a conhecer o que se conseguiu e justificando aquilo em que se falhou – é duramente exigido, até porque a obrigação de prestar contas, neste sentido amplo, é tanto maior quanto a função é pública, ou seja, quando se trata do desempenho de cargos pagos pelo dinheiro dos contribuintes.
No caso de nosso estado - mais uma vez - ou houve INCOMPETÊNCIA, ou houve OMISSÃO. Talvez até ambas as coisas, pouco importando se dolosa, ou culposamente. O fato é que os cidadãos de bem não podem continuar remunerando aqueles que falham, independentemente dos motivos que ocasionaram tal falha, devidamente consertada – ou remendada – por outros Órgãos estatais. O que se vê nas polícias fluminenses é um verdadeiro “consórcio para o crime”, onde a tão almejada “integração institucional” mais tem se prestado para aprimorar o crime – e os criminosos do próprio estado - do que para combatê-lo. E os sucessivos comandos parecem inertes, acumpliciados - ou até mesmo amedrontados - com os bandidos que engrossam suas fileiras. O fato é que os escândalos se repetem sucessivamente, sempre envolvendo ambas as Instituições. É preciso que haja a efetiva responsabilização.
Vejo-me, nesse momento, obrigado a ratificar tudo aquilo que escrevi, mas agora com a certeza de que o chamado “álbum de figurinhas carimbadas” tem dono, e a disputa pelo mesmo ainda vai render muito “bafo-bafo".
Rio de Janeiro, 11 de fevereiro de 2011.
Alexandre Neto
“Secretário de Segurança Pública com Cidadania do Município de Maricá – RJ”
Ontem, Neto me enviou um e-mail que publico na íntegra:
"Em 08.01.2011, após reportagem publicada no Jornal “O DIA” (de 07.01.2011) sob o título “TRAMA PARA MATAR DELEGADO”, senti-me na obrigação de agradecer aos blogueiros que, ao saberem de tal notícia, vieram ao Blog me prestar solidariedade. Escrevi então um artigo, em tom de desabafo, e o encaminhei ao “Repórter de Crime”, tendo você o publicado na íntegra, sob o título “CONSPIRAÇÃO PARA MATAR - Delegado ameaçado denuncia: permanece esquema de corrupção na polícia”. Para minha surpresa, no dia 01.02.2011, fui convocado a depor na Corregedoria da Polícia Civil, por requisição do Chefe de Polícia, Dr. Allan Turnowski, nos autos da Sindicância Sumária nº 019/2011, onde se solicitava esclarecimentos acerca do conteúdo de tal artigo, mormente diante do título emprestado ao mesmo pelo ilustre jornalista.
O conteúdo de meu depoimento, embora não esteja sob segredo de justiça e nem afeto a um procedimento sigiloso – trata-se de mera “sindicância” – acabou sendo amplamente corroborado pelas prisões decretadas pela Justiça na data de hoje. Como sói acontecer, as cúpulas de ambas as instituições – sempre bem informadas para as prisões que lhes rendem mídia – NADA sabiam acerca das quadrilhas internas entranhadas em suas vísceras. Foi preciso, mais uma vez, que a Polícia Federal viesse fazer a limpeza nos quadros criminosos das polícias estaduais. “Se fosse num país desenvolvido, ambos os componentes das cúpulas das polícias cairiam de uma só vez, pois em países onde se consagra a chamada responsabilidade social”, o princípio da “accountability” - pelo qual aquele que desempenha funções de importância na sociedade deve regularmente explicar o que anda a fazer, como faz, por que faz; quanto gasta e o que vai fazer a seguir, não apenas devendo prestar contas em termos quantitativos, mas também auto-avaliando o trabalho feito, dando a conhecer o que se conseguiu e justificando aquilo em que se falhou – é duramente exigido, até porque a obrigação de prestar contas, neste sentido amplo, é tanto maior quanto a função é pública, ou seja, quando se trata do desempenho de cargos pagos pelo dinheiro dos contribuintes.
No caso de nosso estado - mais uma vez - ou houve INCOMPETÊNCIA, ou houve OMISSÃO. Talvez até ambas as coisas, pouco importando se dolosa, ou culposamente. O fato é que os cidadãos de bem não podem continuar remunerando aqueles que falham, independentemente dos motivos que ocasionaram tal falha, devidamente consertada – ou remendada – por outros Órgãos estatais. O que se vê nas polícias fluminenses é um verdadeiro “consórcio para o crime”, onde a tão almejada “integração institucional” mais tem se prestado para aprimorar o crime – e os criminosos do próprio estado - do que para combatê-lo. E os sucessivos comandos parecem inertes, acumpliciados - ou até mesmo amedrontados - com os bandidos que engrossam suas fileiras. O fato é que os escândalos se repetem sucessivamente, sempre envolvendo ambas as Instituições. É preciso que haja a efetiva responsabilização.
Vejo-me, nesse momento, obrigado a ratificar tudo aquilo que escrevi, mas agora com a certeza de que o chamado “álbum de figurinhas carimbadas” tem dono, e a disputa pelo mesmo ainda vai render muito “bafo-bafo".
Rio de Janeiro, 11 de fevereiro de 2011.
Alexandre Neto
“Secretário de Segurança Pública com Cidadania do Município de Maricá – RJ”
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