NÓS FAZEMOS A DIFERENÇA NO MUNDO...

Nós fazemos a diferença no mundo
"Eu sou a minha cidade, e só eu posso mudá-la. Mesmo com o coração sem esperança, mesmo sem saber exatamente como dar o primeiro passo, mesmo achando que um esforço individual não serve para nada, preciso colocar mãos à obra. O caminho irá se mostrar por si mesmo, se eu vencer meus medos e aceitar um fato muito simples: cada um de nós faz uma grande diferença no mundo." (Paulo Coelho)

Na qualidade de Cidadão, afirmamos que deveríamos combater o analfabetismo político, com a mesma veemência que deveria ser combatido o analfabetismo oficioso no Brasil. Pois a politicagem ganha força por colocarmos poder de importantes decisões nas mãos de quem não se importa com o que irá decidir.
Concordo com Bertolt Brecht, quando afirma que: "O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos”. Ele não sabe o custo de vida, nem que o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato, saneamento, mobilidade urbana, e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. “Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce à prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

terça-feira, 21 de junho de 2011

O calote rural de Daniel Dantas

Autor: Hudson Corrêa
Época - 20/06/2011
A agropecuária do dono do grupo Opportunity, criada para ser a maior produtora de gado do mundo, acumula dívidas de R$ 60 milhões
INADIMPLENTE
A fazenda da Agropecuária Santa Bárbara, em Eldorado dos Carajás, no Pará, parcialmente destruída por sem-terra em 2009. Por causa dos problemas judiciais e do conflito com o MST, a empreitada rural de Dantas (no destaque) corre riscos
Em 2008, o financista Daniel Dantas saiu da Brasil Telecom após uma guerra judicial que incluiu espionagens e jogo de influências. Ao fim da briga contra fundos de pensão e empresas estrangeiras, aceitou vender suas ações na companhia e recebeu aproximadamente US$ 1 bilhão na transação. Apesar da quantia embolsada, o desfecho daquela que foi considerada a maior disputa societária do país soou como derrota para o homem que um dia sonhou em ser o grande controlador da telefonia no Brasil.
Dominar o sistema nacional de telecomunicação não foi a única meta megalomaníaca de Dantas. Em 2005, o grupo empresarial do financista, o Opportunity, montou a Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, criada para ser a maior produtora de gado do mundo. Comprou 27 fazendas e formou um rebanho de 500 mil cabeças. Documentos obtidos por ÉPOCA revelam que Dantas, como produtor rural, também começa a acumular problemas. A Santa Bárbara tem dívidas de R$ 60 milhões com fazendeiros dos quais comprou terras e bois. E está inadimplente.
Os documentos que descrevem as dívidas são relatórios de diretoria da Santa Bárbara produzidos entre o fim de 2010 e o começo deste ano. Nesses papéis, a companhia informa que a inadimplência é consequência do sequestro das fazendas e do gado pela Justiça Federal. A decisão judicial foi tomada em julho de 2009 num dos desdobramentos da Operação Satiagraha, da Polícia Federal (PF). Na investigação, a PF acusou Dantas de lavar dinheiro ilícito comprando fazendas e gado no Pará. Ele nega qualquer ilegalidade.
Sem conseguir vender parte do rebanho e com pedidos de empréstimos constantemente rejeitados por bancos, por causa do bloqueio de bens, a Santa Bárbara afirma nos relatórios que as dívidas tendem a aumentar. Procurada, a agropecuária não negou a inadimplência. Sem citar valores, disse apenas que "a renda gerada pela Santa Bárbara ficou aquém do valor necessário para pagar as terras adquiridas".
No mesmo relatório em que reconhece as dívidas, a empresa apresenta uma saída a seus credores. Eles foram autorizados a negociar no mercado os créditos (as dívidas vencidas) que possuem contra a Santa Bárbara. Eles podem tentar receber de investidores, que pagariam a conta agora com o objetivo de receber uma quantia bem maior da Santa Bárbara. A dúvida é saber quem pode se interessar por papéis de uma empresa com bens sequestrados e acusada de lavagem de dinheiro. O negócio só parece viável se o crédito for comprado a preço de banana. "Imagina o deságio", diz o empresário paraense Benedito Mutran Filho, de 68 anos, que tem R$ 65 milhões para receber do empreendimento de Dantas.
A eventual anulação da Satiagraha abrirá uma melhor perspectiva para os negócios agrários de Dantas
Mutran ficou preocupado. Seu crédito está prestes a entrar na contabilidade das dívidas da Santa Bárbara. Tão logo o empresário regularize os registros de terras vendidas à agropecuária, o que ele deve fazer nas próximas semanas, terá direito a receber imediatamente três parcelas que somam R$ 19,5 milhões. Além do receio de sofrer calote, Mutran diz lamentar os rumores de que no negócio tenha havido algum tipo de arranjo ilegal. "Quando vendi minhas fazendas, conhecia o senhor Daniel Dantas apenas como um dos maiores empresários do país. Não sabia sobre o que surgiria depois disso", afirma.
Uma eventual anulação da Satiagraha abre a perspectiva de melhores cenários para os negócios agrários de Dantas no futuro. No início do mês, uma turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou provas obtidas pela PF, com o argumento de que elas foram produzidas com a ajuda da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) de forma ilegal. A decisão abriu caminho para que toda a operação da PF seja anulada. Com isso, aumentaram as chances de a Santa Bárbara desbloquear as fazendas. O juiz da 6a Vara Criminal Federal em São Paulo, Douglas Camarinha, afirma que, por enquanto, não se manifestará sobre o assunto. Ele aguarda comunicado oficial do STJ para aferir o impacto que a decisão terá no sequestro do patrimônio agrário de Dantas.
O fim do bloqueio de bens num eventual naufrágio da Satiagraha não significará, porém, a solução de todos os problemas da empreitada de Dantas no campo. Suas fazendas também estão vulneráveis às invasões promovidas por militantes do movimento dos sem-terra. A Santa Bárbara afirma que, desde o bloqueio de seus bens, grupos de sem-terra mataram mais de 3 mil cabeças de gado e provocaram incêndios criminosos em pastos. Teriam também destruído cercas, casas, escolas e refeitórios nas propriedades e, segundo a empresa, chegaram a ponto de cometer atentados contra a vida de funcionários. A agropecuária emprega cerca de 10 mil pessoas.
Assim como na telefonia, as fazendas de Dantas viraram o centro de uma das maiores disputas no agronegócio brasileiro. O confronto está nos tribunais e também num campo marcado pela violência.

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