NÓS FAZEMOS A DIFERENÇA NO MUNDO...

Nós fazemos a diferença no mundo
"Eu sou a minha cidade, e só eu posso mudá-la. Mesmo com o coração sem esperança, mesmo sem saber exatamente como dar o primeiro passo, mesmo achando que um esforço individual não serve para nada, preciso colocar mãos à obra. O caminho irá se mostrar por si mesmo, se eu vencer meus medos e aceitar um fato muito simples: cada um de nós faz uma grande diferença no mundo." (Paulo Coelho)

Na qualidade de Cidadão, afirmamos que deveríamos combater o analfabetismo político, com a mesma veemência que deveria ser combatido o analfabetismo oficioso no Brasil. Pois a politicagem ganha força por colocarmos poder de importantes decisões nas mãos de quem não se importa com o que irá decidir.
Concordo com Bertolt Brecht, quando afirma que: "O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos”. Ele não sabe o custo de vida, nem que o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato, saneamento, mobilidade urbana, e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. “Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce à prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

segunda-feira, 18 de julho de 2011

CIÊNCIAS HUMANAS: SOCIOLOGIA (uma breve introdução)

CIÊNCIAS SOCIAIS
Sociologia é o estudo científico das relações ou interações entre as pessoas no tempo e no espaço. À medida que essas relações se repetem e se tomam estaveis, elas configuram padrões ou estruturas sociais. São exemplos de estruturas sociais as famílias, os grupos, as associações, as empresas, as sociedades, os Estados, etc.
As diversas abordagens (ou teorias) sociológicas enfatizaram diferentes características das relações sociais:
 1. As teorias da ação social salientaram os processos de interação; as teorias estruturalistas e funcionalistas, os resultados da interação (as estruturas sociais).
 2. Algumas correntes acentuaram o conflito como elemento central das relações sociais; outras, a cooperação.
3. Certas abordagens privilegiaram as relações diretas (face a face) entre as pessoas (microssociologias); outras, as relações distantes no tempo e no espaço, entre grupos numerosos (macrossociologias).
As principais teorias sociais contemporâneas procuram superar essas perspectivas dualistas, que opõem sujeito e objeto, individuo e sociedade. Em contraposição, expressam a concepção de que:
a) os seres humanos são interdependentes; sua vida se desenrola nas estruturas sociais que eles próprios formam quando se relacionam uns com os outros e, em grande parte, é condicionada por elas;
b) por isso, as estruturas sociais sofrem constantes mudanças algumas rápidas e efêmeras; outras mais lentas e profundas:
c) as relações entre as pessoas têm importante papel nessas mudanças, mas, em muitos casos, elas não sabem como e quando suas ações contribuem para tal.
Charles Wright Mills (1959) denominou a capacidade de relacionar mudanças nas estruturas sociais com a trajetória social de cada pessoa de imaginação sociológica.

SOCIOLOGIA E CIÊNCIA
Sociologia é o estudo sistemático e controlado das relações e estruturas sociais. No entanto, como em outras áreas do conhecimento, o acesso à verdade científica não é imediato.
•As principais ferramentas da ciência social são:
1. Teorias: idéias sisternaticamente organizadas sobre o que é relevante estudar e sobre corno e por que determinados eventos ou processos estão relacionados.
2. Hipóteses: conjecturas sobre a relação entre duas variáveis que podem ser testadas diretamente por meio de pesquisas baseadas em procedimentos científicos.
3. Dados: unidades de informação observáveis que o pesquisador copsidera relevantes para comprovar ou  não uma teoria.

Metodologia: conjunto de técnicas de coleta e nensuração dos dados, visando a testar as hipóteses e confinnar ou não a teoria em questão.
1. Uma metodologia seleciona as variáveis, isto é, as características relevantes cujos valores (altura, idade, renda) ou atributos (gênero. raça, classe social) podem variar.
2. As variáveis podem ser:
a) independentes, quando influenciam (ou causam) as variáveis dependentes, como sexo, idade, raça;
b) dependentes, quando são influenciadas (ou causadas) pelas variáveis independentes.
3. As variáveis devem ser operacionalizadas, ou seja, o pesquisador tem de indicar que dados correspondem as variáveis.
4. Finalmente, é preciso atribuir valores às variáveis, isto é, definir que tipo de variação significativa espera-se que ocorra.
5. Após a mensuração das variáveis, é necessário determinar os graus de confiabilidade, validade e generalidade, assim como o tipo de causalidade observado nos dados.
a) Confiabilidade refere-se á consistência da análise, ou seja, se outros pesquisadores interpretariam os dados da mesma forma.
b) Validade diz respeito à precisão da mensuração dos dados, isto é, se ela mede exatamente o que foi proposto pela pesquisa.
c) Generalidade tem relaçào com a possibilidade de aplicar os resultados da pesquisa a outros casos semelhantes.
6. Quando se analisa a relação ou associação entre variáveis (causalidade) em um universo de eventos ou indivíduos grande, estabelece-se uma correlação, ou seja, se o valor de uma das variáveis muda com as alterações sofridas pela outra. A correlação pode ser:
a) positiva, se os valores assumidos pelas variáveis aumentam/diminuem simultaneamente;
b) negativa, se o valor de uma das variáveis aumenta/diminui, mas o da outra não;
c) espúria, quando a associação entre os valores é apenas casual.
7. Variáveis de controle são utilizadas para testar se a correlação entre a variável independente (causa) e a dependente (efeito) realmente existe.

A explicação científica dos processos sociais envolve alguns cuidados:
1. a seleção de problemas sociais, dentre os muitos que podem constituir objeto de estudo, de acordo com a relevância, isto é, o valor social atribuído ao tema pela sociedade e pelo pesquisador;
2. a fonnulação ou utilização de teorias, orientadas, em parte, pelos valores sociais do pesquisador e seus colegas, em parte, por pesquisas anteriores;
3. elaboração ou aplicação de métodos para coletar e organizar os dados.

•Cada etapa do processo está sujeita a urna percepção influenciada pelas escolhas e decisões subjetivas. Um estudo sociológico correto deve explicitar os valores que motivaram as escolhas e utilizar certos procedimentos para reduzir o viés subjetivo na análise dos problemas selecionados. Além disso, deve:
1. Questionar sempre teorias e hipóteses fundamentadas em argumentos tradicionais (sabedoria popular) ou em autoridade (política, religiosa, etc.).
2. Evitar qualquer conclusão com base em observações pontuais ou seletivas, isto é, em uma seleção de casos sem controle ou resultantes das inclinações pessoais do pesquisador.
3. Nunca generalizar o resultado de uma pesquisa que se apóia em poucos casos. Trabalhar sempre com amostras representativas do conjunto completo, ou seja, do universo de eventos ou processos que se deseja explicar.
4. Não concluir nada sobre um problema social qualquer com base apenas em correlações de variáveis, isto é, no fato de que certo evento ou processo (A) aparece freqüentemente associado a outro (B). Nesse caso, épreciso certificar-se do sentido de tal correlação (A explica B ou B explica A) e se não existe um terceiro fator (C) que explique a correlação observada. Para isso, é importante a formulação prévia de urna teoria que proponha uma relação causal (A causa B, B causa A ou C explica a correlação entre A e B).

O PROCESSO (OU CICLO) DE PESQUISA
Primeira etapa: definição do problema a ser estudado.
Segunda etapa: revisão da literatura já publicada sobre o tema.
Terceira etapa: formulação de hipóteses (uma afirmação explícita sobre a relação entre variáveis) e escolha da metodologia.
Quarta etapa: coleta dos dados por meio de enquete (questionários) com amostras da população, entrevistas, observação distanciada (sem envolvimento com a população) ou participante (com envolvimento), levantamento de dados secundários em arquivos ou bibliotecas.
Quinta etapa: análise dos dados utilizando-se medições estatísticas apropriadas; interpretação (mensuração) dos dados; confirmação ou refutação dos dados; modificação das hipóteses iniciais.
.Sexta etapa: extraídas e divulgadas as conclusões, o pesquisador pode acrescentar conhecimento novo, desafiar a solidez do conhecimento prévio ou modificá-lo e levantar novas questões.
ORIGEM DA SOCIOLOGIA
CONTEXTO HISTÓRICO
Século XVI: a partir do Renascimento, consolidou-se uma visão da nati.weza e das sociedades humanas com base em evidências obtidas da observação sistemática (científica) de dados empíricos.
Séculos XVII-XVIII: as revoluções liberais (Inglater­ra, 1649/1689; EUA, 1776; França, 1789) destruíram os fundamentos religiosos que legitimavam o poder das monarquias. A possibilidade de mudanças racionais na organização das sociedades promovidas pelos próprios indivíduos foi a base do Iluminismo.
Séculos XVIII-XIX: a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, transformou as bases das sociedades tradicionais européias, potencializando os efeitos das revoluções científicas e política.

PREDECESSORES
•Charles-Louis de Secondat, Barão de Montesquieu (1689-1755): escreveu, entre outras obras, O espírito das leis (1748), em que procura demonstrar, pela primeira vez, que fatores fisicos e sociais influenciam a organização das sociedades e dos Estados.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778): autor de Discurso sobre a origem e fundamentos da desigualdade entre os homens (1753) e O contrato social (1762), entre outros, elaborou uma das primeiras críticas ao progresso, argumentando que os indivíduos nascem iguais e bons, mas a vida em sociedade os corrompe e os torna diferentes.
Adam Ferguson (1723-1815): filósofo e historiador escocês, um dos principais representantes do Iluminismo, escreveu Ensaio sobre a sociedade civil (1767), no qual afirma que o progresso ocorre por meio do comércio e da divisão do trabalho e que a expansão do capitalismo não é harmoniosa, e sim implica o aumento da desigualdade e do conflito social.
Adam Smith (1723-1790): em sua obra Uma investigação sobre a natureza e as ‘ausas da riqueza das nações (1776), explica que o progresso material depende da liberdade de empreendimento, do cresci­mento do comércio entre as nações e do aumento da produtividade com a divisão do trabalho.
•Claude Heriri de Rouvroy, Conde de Saint-Simon (1760-1825): foi um dos primeiros pensadores a propor urna “ciência da sociedade”, cujo objetivo sena ampla reorganização social, sob a liderança de urna elite de filósofos, engenheiros e cientistas, que alcançariam a paz e a harmonia social mediante a industrialização.

FUNDADORES
Auguste Comte (1798-1854): considerado o criador da sociologia, cuja denominação inicial era “fisica social”, foi secretário de Saint-Simon e afinnou que as sociedades deveriam ser analisadas como “organismos” que esoluem. A sociologia seria baseada em princípios científicos, como a observação empírica e a análise sistemática dos fenômenos sociais, metodologia denominada “positiva”, em contraposição à crítica metafísica, isto é, baseada em princípios morais, difundida pelos filósofos iluministas.
1. Lei dos três estados: afirma que a humanidade evolui, passando por três etapas: a religiosa (ou teológica), a metafisica (ou crítica) e a científica (ou positiva).
2. Hierarquia das ciências: a sociologia seria a última das ciências a surgir (a matemática seria a primeira), porém a mais moderna, responsável pela realização do estágio positivo (ou científico) da humanidade.
3. Positivismo: a sociologia não deveria procurar causas últimas dos fenômenos sociais, e sim limitar-se ao estudo de relações existentes entre fatos diretamente acessíveis pela observação.
Herbert Spencer (1820-1903): conhecido como pai do evolucionismo social e do darwinismo social, afirmou que as sociedades evoluem como organismos vivos, que se adaptam ao ambiente e superam seus competidores ou desaparecem (“os mais aptos sobrevivem”).
1. Evolucionismo: as sociedades evoluem de padrães de organização mais simples aos mais complexos; quanto mais complexas, mais capazes de sobreviver e de se expandir.
2. Funcionalismo: todas as características sociais incorporadas pelas sociedades têm um sentido funcional, isto é, contribuem para a sobrevivência e expansão do organismo (social).

CLÁSSICOS
Os “clássicos” da sociologia foram aqueles que definiram as principais linhas de análise da sociedade contemporânea: as teorias do conflito, as teorias funcionalistas, e as teorias microinteracionistas e as teorias utilitaristas/racionais.
Karl Marx (1818-1883): pensador radical que procurou explicar em sua principal obra, O capital (1867-1894), a formação e o desenvolvimento do capitalismo como findado no conflito social e na expansão da exploração dos não-detentores dos meios de produção pelos grupos proprietários. Para ele, as duas classes         centrais da sociedade capitalista, a burguesia e o proletariado, travariam um conflito revolucionário que destruiria as bases do capitalismo, instaurando, inicialmente, uma sociedade socialista e, por fim, uma sociedade comunista, isto é, sem classes e sem opressão. A teoria marxista é a que mais influenciou as teorias contemporâneas do conflito social.
1. Materialismo histórico: a história das sociedades é condicionada pela forma das relações sociais de produção, ou seja, pela maneira como os grupos sociais se apropriam e utilizam os meios de produção. Os interesses e a própria consciência dos indivíduos estão condicionados pela base material por meio da qual as sociedades se reproduzem e se transformam.
2. Exploração capitalista: o modo de produção próprio do capitalismo é a extração de excedente (maisvalia) mediante o controle privado dos meios de produção (capital).
3. Lutas de classes: a transformação histórica ocorre por meio da luta de classes entre proprietários (capitalistas) e não-proprietários (trabalhadores).
4. Revolução: à medida que os trabalhadores tomam consciência da condição de exploração a que são submetidos pelos capitalistas, eles se organizam em sindicatos e partidos e lutam pela extinção da propriedade privada e todas as formas de opressão de classe.
Emile Durkheim (1858-1917): principal discípulo de Comte, suas principais obras são A divisão do trabalho (1893). As regras do método sociológico (1895). O         suicídio (1897) e As formas elementares da vida religiosa (1912). Procurou responder à questão central da sociologia: o que mantém a ordem social? Sua resposta é que a coesão social depende do equilíbrio entre as estruturas sociais (simples ou complexas) e os processos de integração social (solidariedade mecânica ou orgânica). Para ele, quanto maior a densidade moral da sociedade, ou seja, quanto maior a intensidade dos vínculos de solidariedade entre os indivíduos, maior a estabilidade social.
1. Densidade social: o aumento da população e a melhoria dos meios de comunicação elevam a densidade social, tomando mais complexas as interações sociais e exigindo novos modos de integração social.
2. Solidariedade social: as sociedades primitivas, com baixa densidade social, se mantêm coesas pela solidariedade mecânica (os indivíduos são solidários uns com os outros basicamente por causa das semelhanças entre si); nas sociedades contemporâneas, a coesão depende da solidariedade orgânica (os indivíduos não são diretamente solidarios entre si, mas dependem indiretamente uns dos outros para sobreviver).
3. Diferenciação social: é o processo que explica o aumento da divisão do trabalho nas sociedades modernas, exigindo novos modos de integração social.
4. Anomia social: quando os mecanismos de integração social não são capazes de manter coesão, a sociedade entra em crise, o que pode resultar em sua dissoluçào.
Max Weber (1864-1920): sua principal preocupação foi explicar o surgimento do capitalismo e do Estado moderno como formas de racionalização e dominação impessoal sobre as sociedades contemporâneas. Suas principais obras são A ética protestante e o espírito do capitalismo (1904) e Economia esociedade (1922). Tal como Marx, ele considerava importante o conflito em torno da organização econômica, mas também julgava relevante o conflito em outras esferas sociais, como a política e a religião. Não acreditava que a luta de classes pudesse resolver o problema central; para ele, a opressão das sociedades contemporâneas resultava das formas de dominação racional-burocráticas.
1. Ação social: a sociologia visa ao estudo do sentido que os indivíduos e grupos atribuem a suas ações. As ações podem ser racionais com relação a fins (racionalidade instrumental) e racionais com relação a valores (racionalidade substantiva), orientadas pelas emoções ou pela tradição (costume).
2. Metodologia compreensiva (Verstehen): para explicar o sentido das ações coletivas, a sociologia tem de compreender as motivações humanas, mas, para isso, é preciso criar tipos ideais, ou seja, modelos de motivação da ação que permitam compreendê-las.
3. Racionalização: é o processo pelo qual os motivos da ação social são crescentemente orientados ao cumprimento de regras formais impostas pelo Estado e pelas organizações burocráticas.
4. Tipos de dominação: são tipos ideais que expressam as diferentes motivações dos indivíduos para obedecer a distintas formas de poder e legitimá-las. A obediência pode ser motivada pela tradição (costune), pelo carisma (emoção) ou pela crença na racionalidade da lei (racional-legal).
•Georg Simmel (1858-1918): seu argumento central éque as sociedades são resultado da interação constante entre indivíduos e grupos e que, portanto, são as interações, não os indivíduos, os grupos ou a sociedade como um todo, o objeto de estudo da sociologia. Segundo ele, a sociologia seria o estudo das formas de interação social, isto é, de suas earacteristicas formais (número de indivíduos, posição relativa, etc.) que resultam em processos de conflito, associação/dissociação e individuação. Sua principal obra é Sociologia: investigação sobre as formas de sociação (1908). A sociologia de Simmel influenciou as teorias microssociológieas e interacionistas.
1. Sociação: forma pura de interação, visa à manutenção das relações sociais, não mediada por interesses políticos, econômicos, etc.
2. Formas da vida social: determinados padrões de interação que se destacam dos conteúdos (sentimentos, impulsos, etc.) ganham autonomia e passam a operar como receptáculos de outras relações (conteúdos) que se ajustam a eles.
3. Sociedade: complexa rede de relações entre individuos que estão em constante interação uns com os outros. Rejeita a analogia orgânica de Speneer.
4. Sociologia formal: procura identificar e analisar as formas de sociação/dissociação (conflito, competição, hierarquia, cooperação, etc.) e seus impactos sobre as interações sociais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradecemos o seu comentário...