NÓS FAZEMOS A DIFERENÇA NO MUNDO...

Nós fazemos a diferença no mundo
"Eu sou a minha cidade, e só eu posso mudá-la. Mesmo com o coração sem esperança, mesmo sem saber exatamente como dar o primeiro passo, mesmo achando que um esforço individual não serve para nada, preciso colocar mãos à obra. O caminho irá se mostrar por si mesmo, se eu vencer meus medos e aceitar um fato muito simples: cada um de nós faz uma grande diferença no mundo." (Paulo Coelho)

Na qualidade de Cidadão, afirmamos que deveríamos combater o analfabetismo político, com a mesma veemência que deveria ser combatido o analfabetismo oficioso no Brasil. Pois a politicagem ganha força por colocarmos poder de importantes decisões nas mãos de quem não se importa com o que irá decidir.
Concordo com Bertolt Brecht, quando afirma que: "O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos”. Ele não sabe o custo de vida, nem que o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato, saneamento, mobilidade urbana, e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. “Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce à prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Cidades – Almanaque

Veja - 31/10/2011
A economia que pulsa no interior do país
Além das 31 cidades radiografadas pelas reportagens das páginas anteriores, o Brasil tem outros 75 municípios com mais de 200 000 habitantes (excetuadas as capitais), que respondem por 22% do produto interno bruto. VEJA relata o que acontece em cada um deles
Anápolis (GO)
Até 2012, receberá novas linhas de montagem da Hyundai Caoa, unidades da Ypê, da AmBev e da Pfizer. Desenvolveu-se a partir da criação de seu distrito agroindustrial, em 1976. Só seu porto-seco movimentou 2,4 bilhões de dólares no ano passado.
Aparecida de Goiânia (GO)
Criou dois distritos industriais desde 2000. Os serviços cresceram 320% entre 2003 e 2008, puxados por empresas de logística. Abriga centros de distribuição da BR Foods, Unilever e Drogasil. No ano que vem, construirá também um porto-seco, um aeroporto executivo e um campus da Universidade Federal de Goiás.
Araraquara (SP)
No primeiro semestre de 2011, criou 6 100 postos de trabalho, o triplo do ano passado inteiro. Em 2013, ficará pronta a segunda maior subestação de energia do país, com capacidade para 3 250 megawatts.
Barueri (SP)
O PIB da cidade triplicou entre 2003 e 2008 e já supera o de capitais como Belém e Recife. O principal impacto na economia vem do setor de serviços, que cresceu 330%. Nos últimos seis anos, o número de alunos matriculados em escolas técnicas aumentou de 2 000 para 12 000. A oferta de mão de obra qualificada atraiu call centers e puxou a criação de empregos: foram 16 357 em 2010.
Bauru (SP)
É procurada por empresas de logística, por causa de sua localização estratégica no estado. O número de empresas no setor cresceu 120% em seis anos. Um novo shopping está em construção, a um custo de 75 milhões de reais.
Belford Roxo (RJ)
Sede da maior unidade latino-americana da Bayer, a cidade teve, por meio século, a sua economia irrigada pela empresa. Redes de varejo como o Walmart e a C&C se instalaram por lá e ajudaram a revitalizar o setor de serviços, que já responde por quase 75% do PIB local.
Blumenau (SC)
Há três anos o desemprego não passa de 3%. Tem uma indústria têxtil imponente – é sede da Hering – e um dos maiores polos de softwares do país, com mais de 700 empresas de computação. Dois novos shoppings foram abertos neste ano. O turismo representa 10% dos impostos sobre serviços. O destaque é a Oktoberfest. A festa recebeu 578 870 turistas em 2010.
Betim (MG)
Neste ano, a prefeitura doou à japonesa Toshiba uma área de 146 000 metros quadrados onde será erguida uma fábrica de geradores de energia. A unidade industrial da Fiat, que já emprega 13 000 pessoas, também foi beneficiada e dobrará suas instalações. As 10 000 empresas da cidade proporcionam uma receita anual de 520 milhões de reais ao município.
Camaçari (BA)
Município mais industrializado da Bahia, sedia um polo petroquímico que produz 20% da riqueza do estado. Emprega 35 000 pessoas e abriga petroleiras, as químicas Braskem e Basf, e a única montadora de veículos do Nordeste, a Ford, instalada em 2001. O polo ganhará outros 5 milhões de metros quadrados para novas empresas.
Campinas (SP)
É o coração de uma região metropolitana que produz 3% do PIB do país. Nela, há dezenove municípios, onde vivem 2,6 milhões de habitantes. Lá está instalado o terceiro maior parque industrial do país. O setor de serviços emprega 78% da população. Em quatro anos, o número de transações imobiliárias em Campinas aumentou 1 300%.
Canoas (RS)
Lançou, em 2009, um programa de incentivo à instalação de empresas, baseado em renúncia fiscal. No último ano, 3 300 negócios foram abertos. A receita do município cresceu 48% em dois anos.
Carapicuíba (SP)
Antiga cidade-dormitório de São Paulo, registrou 2 900 novos empregos em 2010 e dobrou sua produção de riquezas entre 2003 e 2008. A atividade industrial cresceu 48%. Seu parque fabril já emprega 14% da população.
Cariacica (ES)
Foi o primeiro município a regulamentar a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. Devido aos incentivos fiscais e à desburocratização, que possibilita a abertura de empresas pela internet em apenas cinco minutos, a cidade recebeu, nos últimos três anos, mais de 3 000 novos negócios, que criaram 6000 empregos. Atualmente, é sede de 15% das novas empresas abertas no estado.
Caruaru (PE)
A “princesa do agreste” é o maior polo de confecção do Nordeste. A sua tradicional feira de rua segue como símbolo turístico da cidade, mas são os centros comerciais e dois shoppings que se destacam: eles já atendem um público de 1,5 milhão de pessoas.
Cascavel (PR)
Por meio do Programa Empresa Fácil, em pouco mais de um ano, 1 800 firmas foram formalizadas.
Caxias do Sul (RS)
Abriga o segundo maior polo de metal-mecânica do Brasil. As 7000 empresas do setor contribuíram para que entre 2005 e 2010 o orçamento do município dobrasse.
Colombo (PR)
A economia local era movida apenas pela agricultura e pela indústria de cal e calcário. Atualmente, a cidade vive um novo ciclo econômico, com a ascensão do setor de serviços e da indústria moveleira. Há seis anos, foi erguido o primeiro shopping. Turistas são atraídos por causa de seu circuito rural e sua popular Festa da Uva.
Contagem (MG)
Tem o terceiro maior PIB do estado e empresas do porte da Arcelor Mittal e da Cemig. Só neste ano, 1 100 novos postos de trabalho já foram abertos pelas indústrias.
Cotia (SP)
Nos últimos seis anos, houve um aumento de 26% nos empregos do setor de serviços. O impacto foi promovido pelas grandes redes de varejo que passaram a atender à demanda local.
Diadema (SP)
Com a segunda maior densidade demográfica do Brasil, tem um parque industrial de autopeças, máquinas, plásticos e cosméticos que responde por 55% dos empregos locais. A redução de 77% na taxa de homicídios na última década melhorou a qualidade de vida e também favoreceu o desenvolvimento do comércio e dos serviços: mais da metade do PIB já vem desses setores.
Divinópolis (MG)
O passado metalúrgico moldou as bases do que é hoje uma das principais atividades econômicas da cidade: a indústria têxtil. O comércio que brotou por causa dessa atividade com alto grau de criação de empregos representa mais da metade do PIB municipal.
Duque de Caxias (RJ)
Segundo maior PIB do Rio de Janeiro, a cidade criou 192 000 postos de trabalho desde 2009, o melhor resultado do estado, em números absolutos. Abriga o maior complexo gás-químico da América Latina e gigantes da transformação de plásticos, como Nitriflex e Polibrasil, além da TermoRio, a maior termelétrica de gás natural em operação no Brasil.
Embu das Artes (SP)
Conhecida por sua tradicional feira de artesanato, tornou-se um dos maiores centros logísticos de São Paulo. Perdigão, Renner, Walmart e Decathlon montaram seus centros de distribuição na cidade.
Feira de Santana (BA)
O comércio é o motor do segundo maior município baiano. As lojas abastecem uma população flutuante de 1 milhão de pessoas, que acorrem à cidade para fazer compras.
Franca (SP)
Um em cada oito francanos trabalha nas 467 fábricas de calçados locais, que respondem por cerca de 60% da arrecadação municipal. Juntas, elas exportaram 56 milhões de dólares no ano passado. Desde 2009, Franca tornou-se também a cidade das calcinhas e sutiãs: o número de fabricantes de lingerie passou de 20 para 153.
Governador Valadares (MG)
Com a crise de 2008, 5 000 pessoas que haviam emigrado para os Estados Unidos voltaram para casa. Elas trouxeram suas economias e decidiram investir na cidade. Só em 2010, 619 empresas foram abertas e o número de vagas na construção civil subiu 23%. O lugar também tem potencial turístico, por causa do Pico do Ibituruna, excelente plataforma de salto para voo livre.
Gravataí (RS)
A realidade local mudou com a instalação de uma fábrica da General Motors. A renda aumentou e três grandes redes de atacado chegaram. Em 2012, o município ganhará um shopping.
Guarujá (SP)
O turismo atrai cerca de 1 milhão de visitantes para a cidade a cada verão. Mas são as atividades do Porto de Santos, que mantém boa parte de suas instalações no município, que respondem por 65% da arrecadação de ISSQN. O comércio popular está aquecido: há novas lojas das Casas Bahia, Ponto Frio e Lojas Americanas.
Guarulhos (SP)
Sede do maior aeroporto brasileiro e situada entre as vias Dutra, Ayrton Senna e Fernão Dias, é a base de mais de 1 000 empresas de transporte e armazenagem. Juntas elas oferecem mais de 115 000 empregos. Com o segundo maior parque industrial do estado, Guarulhos é responsável por 3,7% das exportações nacionais.
Imperatriz (MA)
Peça-chave no escoamento do minério de Carajás, tornou-se um dos principais polos energéticos do Nordeste e sedia uma subestação da usina de Tucuruí. Receberá uma fábrica de celulose da Suzano, cuja construção empregará 7 000 pessoas. O comércio atacadista fatura 1,5 bilhão de reais por ano.
Indaiatuba (SP)
Fechou o ano de 2010 com a criação de 2 500 postos de trabalho no setor de serviços, o mais relevante da economia local. Para atender à demanda de sete distritos industriais – onde há plantas da Toyota, General Motors e Unilever –, 5 100 profissionais são formados por ano nos centros de ensino técnico.
Ipatinga (MG)
Em 2008, a produção industrial respondia por metade do PIB, principalmente por causa da Usiminas, uma das principais empresas locais. Hoje, a cidade se esforça para aumentar a participação dos serviços na economia. O PIB do setor já cresceu 37% desde 2003.
Itapevi (SP)
No ano passado, seu Posto de Atendimento ao Trabalhador teve o melhor resultado do estado: empregou 6 100 pessoas. Entre 2004 e 2010, o número de indústrias aumentou 45%, o que ajudou a fazer com que a arrecadação do município crescesse 220%.
Itaquaquecetuba (SP)
A chegada das pistas do Rodoanel e de um porto-seco aqueceu a economia. Foram criados 2 809 empregos em 2010, 45% deles na indústria. Em 2013, será inaugurado o primeiro shopping, o que aumentará ainda mais o peso do setor de serviços, que hoje emprega cerca de metade dos trabalhadores locais.
Jaboatão dos Guararapes (PE)
Como os terrenos são bem mais baratos que no Recife, tornou-se uma opção para novas empresas que buscam o estado atraídas pelo dinheiro federal e pelo sucesso do Porto de Suape. Com o aumento da receita, a prefeitura passou a investir na melhoria da infraestrutura urbana.
Jacareí (SP)
Suas 380 fábricas, cujas áreas de atuação vão do setor aeronáutico ao de celulose, respondem por 50% das riquezas produzidas no município. Para atrair mais investimentos, a cidade aposta na melhoria da qualidade da mão de obra. Tem 4 000 alunos matriculados em quatro faculdades e receberá uma nova unidade do Senai.
Joinville (SC)
Cresceu mais de 20% na última década e já é a terceira maior economia do Sul do Brasil. Forte nas indústrias têxtil e metal-mecânica, criou 11 400 empregos em 2010. É sede do maior festival de dança do mundo, que recebe anualmente mais de 100 000 participantes, com apresentações de diversas companhias, inclusive o Balé Bolshoi, que tem na cidade a sua única escola fora da Rússia.
Juazeiro do Norte (CE)
É celebrada por causa das romarias em honra de Padre Cícero, o religioso tido como milagreiro. Mas não é a fé que move o setor de serviços: a cidade é a terceira maior fabricante de calçados do país.
Jundiaí (SP)
Há 1 300 empresas instaladas no município. Destaca-se a maior engarrafadora da Coca-Cola do planeta. As indústrias colaboram com 34% da composição do PIB local. A cidade é reconhecida pela variedade de serviços públicos oferecidos pela internet. Até a abertura de empresas pode ser feita on-line.
Limeira (SP)
Situada entre cinco rodovias e uma ferrovia, criou “corredores industriais” e investiu na qualificação profissional, com seis escolas técnicas. Em 2006, a Dooler instalou na cidade a maior fábrica de aromatizantes da América do Sul. Até o fim do ano, a Ford inaugurará a maior fábrica de escapamentos do mundo. Também tem um brilho particular: produz 60% das bijuterias e joias folheadas do Brasil.
Londrina (PR)
Quarta cidade mais populosa do Sul, ultrapassou a marca dos 500 000 habitantes em 2009. De 2003 a 2008, seu PIB dobrou, impulsionado por um polo de computação. Sedia empresas de telecomunicação e grandes call centers, como o Dedic, que só em 2010 criou 3 000 empregos.
Mauá (SP)
A construção do trecho sul do Rodoanel, em 2009, agitou a economia local. Antes dependente do Polo Petroquímico de Capuava, a cidade encontrou um novo caminho. Os serviços ganharam força com o aumento de 30% no número de estabelecimentos.
Mogi das Cruzes (SP)
Entre 2003 e 2008, seu PIB triplicou. No ano passado, foram criados 5 700 postos de trabalho. A 30 quilômetros do Aeroporto de Guarulhos e a 100 quilômetros do Porto de Santos, Mogi atrai centros de distribuição, concessionárias de veículos e abriga também empresas de call center, como a Tivit e a Contractos.
Montes Claros (MG)
A cidade tem fábricas de grande porte, como a da Nestlé e a da Novo Nordisk. É referência em educação e comércio para mais de oitenta municípios ao seu redor, incluindo alguns do sul da Bahia. Conta com três faculdades de medicina e cinco hospitais, que atraem a população das redondezas. Nos últimos quatro anos, inaugurou três shoppings.
Nova Iguaçu (RJ)
O setor de serviços responde por 80% do PIB da cidade, especialmente no comércio e na logística. Como 67% dos terrenos em Nova Iguaçu são áreas de proteção ambiental, vem crescendo o turismo ecológico em fazendas de regiões como a Reserva Ecológica do Tinguá. Hoje, ela atrai cerca de 5 000 turistas a cada fim de semana, na alta temporada.
Novo Hamburgo (RS)
Em 2013, receberá o primeiro grande outlet do estado, que terá mais de 100 lojas de marcas internacionais e deverá resultar na criação de 1 500 emprego. É também um polo de desenvolvimento de softwares.
Olinda (PE)
Recebe 1,6 milhão de turistas por ano. Esse potencial tem sido explorado com o investimento na formação de profissionais para o setor. Em 2008, deixou de ser uma cidade-dormitório do Recife. Os serviços já representam 80% do seu PIB.
Osasco (SP)
Tem o décimo maior PIB do Brasil. Comércio e serviços criam 250 empreendimentos por mês na cidade e fazem girar 21,5 bilhões de reais por ano. No município, estão as sedes do Bradesco e da Submarino, a maior empresa de comércio eletrônico do país.
Pelotas (RS)
Já foi conhecida pelo charque e pelo agronegócio, mas, hoje, o que move sua economia é a indústria naval. Desde 2005, dez cursos de engenharia foram criados para atender à demanda de 50 000 novos empregos diretos e indiretos, que surgirão até 2015.
Petrolina (PE)
Apesar de o município estar localizado no sertão, o problema da seca não chega a prejudicá-lo. As lavouras irrigadas transformaram a cidade em um polo nacional de fruticultura e no segundo centro vinícola do país.
Piracicaba (SP)
Polo médico, inaugurará neste ano seu quarto grande hospital, com 110 leitos. Tem mais de quinze universidades, incluindo um campus da USP e outro da Unicamp. O capital intelectual contribui para pesquisas na área de bioenergia, já que a cidade é importante produtora de cana-de-açúcar e equipamentos para o setor sucroalcooleiro.
Ponta Grossa (PR)
Até 2012 receberá 140 milhões de reais em investimentos em empresas de ferramentas e embalagens. São 97 no total, o maior parque fabril do interior do Paraná.
Ribeirão Preto (SP)
Capital nacional do agronegócio, a cidade concentra indústria e serviços vinculados à produção sucroalcooleira. O que mais chama atenção, porém, é a força dos setores de educação e saúde. São 60 000 universitários e uma rede de dezessete hospitais, que atraem gente do Brasil inteiro. A construção civil também está em alta, com empreendimentos como o Shopping Iguatemi e um condomínio Alphaville, como o paulistano.
Santa Luzia (MG)
Terceiro polo industrial do estado, conta com fábricas da Cecrisa, Roca Brasil, ThyssenKrupp e Café 3 Corações. Desde 2005, o setor de serviços é o grande responsável pelo aquecimento de sua economia, que cresceu 66%. Por estar entre os aeroportos de Confins e Pampulha, atrai centros de distribuição. Em 2010, a AmBev investiu 28 milhões de reais na cidade.
São Bernardo do Campo (SP)
Décima primeira cidade mais rica do país, é responsável por 42% do PIB do ABC paulista, o maior complexo industrial da América Latina. Sua economia se baseia na indústria metal-mecânica e automobilística. Hoje, o incremento do comércio pôs em alta o setor de serviços, principalmente em razão de shoppings, exportações e logística. Por causa da inauguração do Rodoanel e da proximidade das vias Anchieta e Imigrantes, passou a atrair centros de distribuição.
São Gonçalo (RJ)
A transformação do antigo polo industrial de Guaxindiba no Complexo Industrial e Empresarial de São Gonçalo vai permitir, até 2015, a criação de 4 000 postos de trabalho. Hoje, a cidade abriga doze empresas, entre elas a Logshore, que fornece insumos às companhias petrolíferas da Baía de Campos e atualmente investe 53 milhões de reais para ampliar sua linha de produção.
São João de Meriti (RJ)
A rede de drenagem recebeu 100 milhões de reais em investimentos como programa de combate a enchentes e o número de ruas pavimentadas aumentou 18% nos últimos quatro anos. Com isso, 3 000 empresas foram abertas na cidade.
São José (SC)
Tem 1 200 indústrias, entre elas a Intelbrás, do ramo de tecnologia e telefonia, e uma das três unidades brasileiras da Tyson, a maior processadora mundial de carne de frango, bovina e suína.
São José dos Campos (SP)
Líder no setor de tecnologia, possui, desde 2009, o parque tecnológico mais moderno do país. Em apenas dois anos, conseguiu reunir 27 empresas, entre elas a Embraer e a Vale Soluções em Energia, três universidades e quatro institutos de pesquisa.
São José dos Pinhais (PR)
É o terceiro polo automobilístico do país. Com Renault, Audi, Volkswagen e Nissan, emprega 40 000 pessoas. Entre 2004 e 2010, a receita tributária da cidade aumentou 170%.
São Leopoldo (RS)
O setor de serviços cresceu 130% entre 2003 e 2008, favorecido pelo parque tecnológico Tecnosinos. Maior polo de informática do estado, opera desde 1999 vinculado à Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Suas 73 empresas produzem de softwares a aviões não tripulados e faturaram 1,3 bilhão de reais em 2010.
São Vicente (SP)
Localizada no litoral de São Paulo, assiste a uma explosão do comércio. De 2006 a 2010, houve um crescimento de 13% no número de estabelecimentos e de 30% no de empregos no setor.
Serra (ES)
O município mais industrializado do Espírito Santo tem o segundo maior PIB do estado. Localização privilegiada e boa logística são os diferenciais que atraem investimentos para Serra. Em 2008, a cidade já concentrava 21% dos empregos formais da região metropolitana de Vitória.
Sete Lagoas (MG)
Tem siderúrgicas de ferro-gusa e fábricas da AmBev, Agrogen e Elma Chips. A indústria se desenvolveu com a chegada da Iveco, a montadora de caminhões da Fiat, em 2000, e hoje é responsável por metade do PIB. A multinacional Caterpillar está construindo uma fábrica de locomotivas na cidade.
Sorocaba (SP)
Tem o maior centro de distribuição da General Motors na América Latina, e quatro novos shoppings estão em construção. A região metropolitana da cidade tem o quinto maior mercado consumidor do estado. O turismo de negócios se desenvolve rápido: Sorocaba tem hoje trinta hotéis e alguns dos melhores spas do país.
Sumaré (SP)
Os principais ramos da indústria de Sumaré são: químico, elétrico, têxtil e metalúrgico. A cidade conta com grandes representantes como Honda, 3M do Brasil e Pirelli. Em 2009, houve a abertura de um condomínio industrial que está apresentando bons resultados: já soma dez empresas de médio porte.
Suzano (SP)
Conhecida pelo ramo de papel e celulose, foi obrigada a investir em infraestrutura e capacitação da mão de obra local para atender à demanda de suas indústrias. Nos últimos seis anos, usou 70 milhões de reais para dobrar a quantidade de vias pavimentadas.
Taboão da Serra (SP)
Dez mil pessoas se formam por ano em mais de vinte cursos, como limpeza hospitalar, técnica de vendas e telemarketing, o que promove o desenvolvimento do setor de serviços.
Taubaté (SP)
A indústria automobilística é responsável por 55% da arrecadação municipal e está em franca expansão: a Volkswagen constrói ali atualmente uma das mais modernas cabines de pintura do mundo e a Ford fabricará um novo motor na cidade. No setor de serviços, a Viaport está erguendo um condomínio com empresas, lojas e hotéis, que vai criar 2000 empregos em oito anos.
Uberaba (MG)
É a maior produtora de cereais de Minas Gerais e a maior criadora de gado zebu do mundo – com isso, tem o nono PIB da agropecuária no Brasil. O setor que mais emprega é, no entanto, o de serviços, graças ao pujante comércio local.
Uberlândia (MG)
Desde 2005, o setor de serviços injetou mais de 1 bilhão de reais na economia e hoje responde por quase 60% do PIB do segundo maior município de Minas Gerais. Em 2010, foi inaugurado ali um entreposto comercial da Zona Franca de Manaus. Juntos, os cinco principais atacadistas da cidade empregam 17000 pessoas. Uberlândia conta com 300 fábricas e tem outras quarenta em fase de implantação.
Várzea Grande (MT)
Vizinha de Cuiabá, sedia o principal aeroporto de Mato Grosso. A indústria cresce com a expansão de gigantes como Sadia e Coca-Cola – o PIB do setor dobrou entre 2003 e 2008. Em 2012, inaugurará seu primeiro shopping. Até 2014, graças à impulsão dos investimentos relacionados à Copa do Mundo, seus hotéis terão 3000 leitos à disposição.
Viamão (RS)
Abriga empresas como a AmBev e a fábrica de laticínios Mu-Mu. Em 2012, a terceira maior usina de energia eólica gaúcha será instalada na cidade e gerará eletricidade para toda a região metropolitana de Porto Alegre. A Parmíssima acaba de anunciar um investimento de 10 milhões de reais na instalação de uma fábrica de queijo ralado.
Vila Velha (ES)
A cidade mais populosa do Espírito Santo tem também a maior proporção de famílias de classes A e B do estado – 29%. Vila Velha atraiu 5100 novos empreendimentos desde 2009 e está prestes a ganhar dois shopping centers. Sua base econômica está no porto, responsável por 60% da arrecadação do município. O setor de serviços cresceu mais de 135% entre 2003 e 2008, impulsionado em boa parte pelas empresas de logística que operam no município.
Volta Redonda (RJ)
Por atrair a população de cidades próximas, é um polo comercial para 1,1 milhão de consumidores. Para abastecê-los, três grandes atacadistas se instalaram por lá nos últimos dois anos. Entre 2000 e 2009, a taxa de homicídios caiu 30%.
Cidades – A serviço do bem-estar
Houve um tempo em que o desenvolvimento era associado à presença de chaminés. A fumaça que turvava os céus representava o progresso. Mas indústrias pesadas, que chegaram a formar a base da economia nacional, foram eclipsadas pela pujança dos serviços. Em 2010, o setor contribuiu com 69% do PIB do Brasil. São Paulo e Rio de Janeiro são exemplos globais dessa evolução econômica, cujo símbolo mais vibrante é Nova York, que já na metade do século passado deu seu salto da economia industrial para a de serviços. Hoje, 40% dos salários pagos na metrópole americana vêm do lado financeiro. Entre as cidades brasileiras com mais de 200 000 habitantes, há também aquelas que descobriram o caminho do crescimento por meio de setores específicos na área. São exemplos de como serviços de saúde, turismo e educação superior podem se transformar na espinha dorsal da economia, aprimorando a rede urbana. Chama atenção também a fortuna que jorra do petróleo. No país, 1 031 cidades têm a missão de converter os royalties que recebem da exploração de óleo em crescimento econômico e qualidade de vida. Os desafios e os acertos desses modelos estão expostos a seguir.
O grande salto do Brasil urbano
A prosperidade de Niterói reluz na  Baía de Guanabara. Segundo o último censo demográfico, a cidade fluminense alcançou duas proezas: em primeiro lugar, passou a exibir a maior renda domiciliar per capita do Brasil. Cada niteroiense leva para casa, em média, 2 030 reais por mês. O aumento da renda abriu caminho para a segunda façanha: Niterói tornou-se o município com a maior proporção de ricos do país – 31% da população pertence à classe A. Com predicados assim, já é a estrela mais brilhante de uma constelação de cidades que dinamizaram boa parte do recente ciclo de crescimento econômico e bem-estar. São municípios que, apesar de não serem capitais de estado, atraíram população que supera a marca de 200 000 habitantes e hoje oferecem às pessoas os benefícios da urbanização. Há 106 cidades nessa situação. Juntas, elas abrigam 20% dos brasileiros e produzem 28% do PIB do país. Ao longo das próximas páginas, VEJA traça um perfil desse universo.
Nos anos 50, a proporção de pessoas que viviam em áreas rurais era de 64%. Nas duas décadas seguintes, o êxodo em direção às cidades se acentuou, assombrando urbanistas e governantes. Avaliava-se que a migração maciça inevitavelmente corroeria a qualidade de vida das grandes cidades. Em vez de preparar as áreas urbanas para absorver o impacto causado por essa movimentação, o poder público escolheu como “remédio” o combate à migração. Foi como tentar conter uma avalanche com um discurso. As políticas restritivas incluíram leis de uso do solo que dificultavam o estabelecimento de loteamentos para pessoas de baixa renda. Exigências de instalação de infraestrutura antes da comercialização das áreas também encareceram a construção de moradias. Os preços proibitivos empurraram a maioria dos migrantes para áreas irregulares e favelas. As cidades incharam de forma caótica. "Fizeram de tudo para impedir que as pessoas que deixavam o campo se assentassem dignamente nos grandes centros. A ideia era desencorajá-las de migrar", diz a urbanista Diana Mona, da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano do Estado de São Paulo. O esforço foi em vão. As famílias se mudavam porque não viam, no campo, condições mínimas para sobreviver.
O temido colapso se concretizou a partir dos anos 80 e forçou os governos a mudar a forma de gerir as cidades. Os investimentos em infraestrutura urbana e na melhoria dos serviços públicos tomaram-se obrigatórios. E o que deveria ser uma catástrofe (como previam os pessimistas) revelou-se a redenção da maioria absoluta dos brasileiros. Hoje, 84% vivem em áreas urbanas – e, graças a essa concentração, o país encontrou o caminho do desenvolvimento. A economia de escala permitiu que custos derivados da instalação de redes de coleta de esgoto, abastecimento de água e de energia ficassem mais baixos. Investimentos em transportes públicos evoluíram e a mobilidade urbana passou a ser perseguida como ferramenta fundamental para o funcionamento adequado das cidades. Se a população continuasse espalhada, não haveria dinheiro para atender a todos. Por mais que os defensores da vida bucólica esperneiem, a situação das pessoas melhora quando elas abandonam a zona rural. É preferível enfrentar engarrafamentos a viver em locais ermos, aonde chega apenas um ônibus por dia e em que uma viagem até a cidade mais próxima pode consumir horas. É em centros urbanos que florescem a educação, a saúde, o trabalho e o entretenimento. "Quando se compara a pobreza das cidades com a do campo, vê-se que uma pessoa que vive em uma favela do Rio, por exemplo, tem uma vida melhor do que a que mora na zona rural do Nordeste", diz o economista americano Edward Glaeser, da Universidade de Harvard, um respeitado pesquisador da evolução dos centros urbanos.
As capitais foram as primeiras beneficiadas por esse movimento. Agora, as cidades do interior é que colhem os frutos da urbanização. As 106 cidades com mais de 200 000 habitantes analisadas no decorrer desta reportagem têm à sua frente as perspectivas e os desafios comuns aos grandes centros. E estão fazendo bonita. Muitas já podem festejar a universalização de serviços indispensáveis, como saúde, educação, coleta de lixo e saneamento. VEJA apurou o que está  ocorrendo em cada um desses municípios para descrever os casos de sucesso – e também apontar os erros cometidos. Na primeira parte da reportagem, foram escolhidos oito temas fundamentais para o bem-estar dos cidadãos: emprego, ensino básico, internet, saneamento, criminalidade, renda, lixo e mortalidade infantil. Um cruzamento de diversos bancos de dados mostrou os municípios que primam pela excelência em cada uma dessas áreas e quais ensinamentos eles têm a dar às cidades que ficaram na rabeira do levantamento. Na segunda parte, foram identificadas cidades que escolheram um específico setor econômico como trilho de desenvolvimento. Elas cresceram a partir das áreas de saúde. educação, petróleo e turismo. Para complementar, um Almanaque traz um panorama dos 75 municípios que pertencem ao universo pesquisado, mas não foram citados individualmente por não terem liderado nenhum ranking.
Em sua maioria, as cidades que mais brilham escolheram a educação como caminho para alcançar o progresso. A pernambucana Paulista, por exemplo, foi a que mais evoluiu na criação de empregos, graças aos investimentos em ensino técnico. O poder público percebeu que a qualificação da mão de obra atrairia empresas interessadas em funcionários bem preparados. Dito e feito. A receita até parece óbvia, mas ainda há gestores que não aprenderam essa lição para lá de básica.
Além do ensino técnico, o superior também tem o poder de transformar regiões. A consolidação de universidades converteu certas cidades em pontos de referência em saúde, tecnologia e serviços. Em São Carlos, em São Paulo, empresas de informação e uma construtora uniram-se para criar um parque ecotecnológico, composto de um complexo industrial, um parque ambiental, condomínios de luxo e um conjunto de diversão. O valor investido em infraestrutura já chega a 30 milhões de reais - estima-se que as empresas ainda possam fazer aportes de 500 milhões de reais. Essa cadeia virtuosa nasceu na universidade local, e mudará para muito melhor a vida dos habitantes de São Carlos.
Esses são apenas alguns exemplos da "economia da aglomeração", que, da mesma forma que permite a universalização de serviços básicos, cria as condições necessárias para o progresso cultural e educacional. “Universidades e museus custam caro para ser mantidos”. Teatros e cinemas, idem.
“Os custos fixos de espaços como estes só se tornam acessíveis quando há frequentadores que paguem por isso e em quantidade suficiente para que os preços sejam reduzidos”, diz Edward Glaeser, em seu livro Os Centros Urbanos: a Maior Invenção da Humanidade, ele afirma que a chance de alguém ficar rico em uma área urbana supera em nível exponencial a de alguém prosperar no campo. O livro traz resultados de um levantamento internacional que mostrou que, nos países onde mais da metade da população é urbana, 47% das pessoas se dizem felizes. Nas nações predominantemente rurais, somente 25% dos habitantes afirmam o mesmo. Felicidade pode até ser um conceito abstrato, mas os índices apresentados nas próximas páginas não. A urbanização está fazendo o Brasil dar o seu grande salto.
O progresso via educação
Na trilha de Stanford
No interior do país, cidades destacam-se como centros de produção tecnológica e, assim, transformam-se em polos de atração de investimentos
A Universidade Stanford foi fundada na Califórnia, no fim do século XIX, em um local onde havia uma fazenda de criação de cavalos. A instituição nasceu com um objetivo claro: oferecer formação superior que pudesse ser aplicada em carreiras úteis à sociedade. No século XX, foi criado um parque industrial vizinho ao Campus, em Palo Alto. Esses dois pilares possibilitaram o surgimento do centro tecnológico do Vale do Silício, no condado de Santa Clara. O contato entre professores brilhantes e estudantes empreendedores transformou um cenário rural no símbolo do que há de mais avançado na economia global. No Brasil, algumas cidades investem nesse caminho.
Em São Carlos, no interior de São Paulo, há um cidadão com doutorado para cada 160 habitantes – o maior índice da América Latina. Além disso, há 20 000 estudantes matriculados nas quatro universidades do município, duas públicas e duas particulares. Graças a  isso, a cidade tem um índice anual de 14,5 patentes registradas a cada grupo de 100 000 habitantes – é pouco diante de países como Japão ou Coreia do Sul, líderes no ranking de invenções, mas o número já é sete vezes a média nacional. O estudante de engenharia aeronáutica da Universidade de São Paulo Renato Cosin, de 24 anos, terá sua primeira patente homologada ainda neste ano. Ele desenvolveu um  projeto que melhora o desempenho aerodinâmico de aviões, baseado em uma mudança no desenho das asas.
A vida acadêmica, quando conjugada à atividade produtiva, estimula a criação de empregos. Nos anos 1980, o professor Jarbas Castro criou a Opto Eletrônica a partir do laboratório do Instituto de Física de São Carlos, da USP. Hoje, a empresa fabrica lentes de alta precisão e sistemas de laser utilizados em satélites e aparelhos cirúrgicos. A Opto tem um quadro de 370 funcionários – entre eles quinze doutores – e mantém laços com a universidade, absorvendo seus maiores talentos. Várias outras empresas de São Carlos seguem esse modelo, mas a cidade quer mais. Está em fase de implantação um complexo para atrair indústrias de tecnologia de ponta. A ideia é oferecer mão de obra especializada aliada à qualidade de vida do interior. Ao lado das empresas, haverá campos de golfe, haras e condomínio residenciais de alto padrão.
Campina Grande, na Paraíba. é outro município onde a educação movimenta a economia. Os 30 000 universitários e pós-graduandos representam 8% da população local. O orçamento somado de suas duas universidades públicas, a Estadual da Paraíba e a Federal de Campina Grande, é equivalente ao da prefeitura. Atualmente, a cidade investe 8 milhões de reais para formar um polo tecnológico associado ao ambiente universitário. Com essa iniciativa, pretende se tornar referência no Nordeste.
No outro extremo do Brasil, a gaúcha Santa Maria também descobriu na educação o caminho para o crescimento. Por exemplo: o departamento de eletrônica e computação da Universidade Federal da cidade deu origem a uma "design house", empresa especializada em projetar chips de computador. Mateus Beck. de 32 anos, concluiu seu mestrado e passou a trabalhar lá. Ele participa do projeto do primeiro chip microcontrolador do pais. Como São Carlos e Campina Grande, Santa Maria está erguendo seu polo industrial. Essas cidades decidiram provar que a educação pode gerar muita riqueza. Ainda não temos um Vale do Silício, mas a receita de Stanford já começa a dar frutos.
O progresso via petróleo
Movidas pelo ouro negro
Os 1 031 municípios brasileiros produtores de petróleo embolsaram 34 bilhões de reais em royalties desde 1999. Mas poucas prefeituras fizeram bom uso do dinheiro
A Petrobras atracou em Macaé, no Rio de Janeiro, em 1976, dando início à metamorfose que transformaria a pacata vila de pescadores na capital brasileira do petróleo. Naquele ano, a cidade foi escolhida para sediar as operações da estatal na Bacia de Campos, que hoje produz 83% do óleo do país. Duas décadas mais tarde, já no governo Fernando Henrique Cardoso, a aprovação da Lei do Petróleo deu novo empuxo à região. A autorização para que empresas privadas entrassem no ramo da exploração petrolífera e o aumento das compensações pagas aos municípios produtores fizeram com que Macaé fosse invadida por multinacionais. Desde então, já recebeu 3,7 bilhões de reais em royalties. A prefeitura usou bem esse bilhete premiado. Com dinheiro sobrando em caixa, decidiu doar prédios e terrenos a duas universidades, a Federal do Rio de Janeiro e a Federal Fluminense, para que se instalassem por lá. Em 2000, a cidade tinha 1 000 universitários, em apenas quatro cursos. Hoje, são 6 100 alunos, em 44 carreiras.
Os engenheiros formados ali disputam vagas nas petrolíferas – que pagam salários médios de 10 800 reais. A alta renda da cidade atraiu outros profissionais qualificados, como médicos e advogados, que formaram uma rede de serviços para atender os 60 000 cidadãos que vivem diretamente do petróleo. Essa relação move a roda da economia local. Segundo a Junta Comercial, atualmente Macaé concentra 8% de todas as novas empresas abertas no estado do Rio de Janeiro. O dinamismo elevou ainda mais a receita municipal. A prefeitura investiu em obras de infraestrutura, como um arco rodoviário de 15 quilômetros, construído em torno de Macaé, a fim de desafogar o trânsito na região central. A orla também foi revitalizada. Redes internacionais de hotéis se instalaram na cidade, como as americanas Sheraton e Best Western, e o turismo de negócios já representa 10% do PIB local. Com tudo isso, a dependência dos repasses das petrolíferas diminuiu. Embora em valores absolutos os pagamentos de royalties tenham quintuplicado na última década, seu peso relativo na arrecadação municipal caiu de 52% para 32%. Macaé não se tornou escrava dos royalties.
Infelizmente, esse sucesso é uma exceção. Desde 1999, 1031 prefeituras repartiram 34 bilhões de reais de compensações do petróleo, mas poucas fizeram bom uso. O pior exemplo também fica no litoral fluminense, a apenas 100 quilômetros de Macaé: é a cidade de Campos dos Goytacazes, campeã absoluta em receita de royalties. Só na última década, foram 8 bilhões de reais embolsados. O dinheiro se perdeu entre o desperdício, a corrupção e o assistencialismo. Algumas das obras realizadas são monumentos à irracionalidade. A prefeita Rosinha Garotinho, do PR, está torrando, neste ano, 68 milhões de reais na construção de um sambódromo. Em 2003, o então prefeito Arnaldo Vianna mandou cobrir os 3 000 metros quadrados da Praça São Salvador, no centro da cidade, com placas de granito polido. O luxo, segundo o ex-deputado federal José Divino, custou 46 milhões de reais. A prefeitura usa, ainda, a renda do petróleo para subsidiar passagens de ônibus que integram uma espécie de “bolsa família”. “Os royalties são utilizados para o clientelismo”, diz Carlos Pereira, da Fundação Getúlio Vargas. Enquanto isso, Campos dos Goytacazes coleciona índices vergonhosos. Sua nota média no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é 3,2 – a segunda pior entre as cidades com mais de 200 000 habitantes – e a taxa de mortalidade infantil, de 21, é a quarta pior. O índice de homicídios aumentou 42% na última década. Os quatro últimos prefeitos foram afastados do cargo por irregularidades em processos eleitorais ou durante a administração. Com políticos assim, não há royalties que deem jeito.
O progresso via saúde
Quando a Medicina é saúde financeira
No interior do Brasil, uma rede hospitalar dotada de serviços de ponta é o motor que faz girar a economia de algumas cidades
"Muita saúva e pouca saúde. Os males do Brasil são." A frase do escritor modernista Mário de Andrade, de 1928, ainda exprime situação de grande parte do país. Oferecer serviços médicos de boa qualidade para a população continua a ser um desafio. Há, no entanto, um grupo de cidades que, além de alcançar a meta de cuidar bem da saúde de sua população, conseguiu fazer sua rede hospitalar funcionar como uma mola propulsora de investimentos. É o caso de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. Todos os dias, ônibus enchem as ruas da cidade, trazendo pacientes de outras localidades. Eles buscam os nove hospitais do município. O maior, o Hospital de Base, realiza por mês 30 000 consultas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Entre os 5 000 funcionários, há 342 médicos-residentes que atuam na cidade, como o amazonense Moysés Cohen, que está se especializando em neurocirurgia. "Em Rio Preto, o SUS realmente funciona", diz ele.
A demanda por serviços de saúde estimula investimentos públicos e privados. A prefeitura aplica 26% de seu orçamento no setor, e o estado vai inaugurar em 2012 o Hospital da Criança, a um custo de 100 milhões de reais. A Unimed  está injetando outros 20 milhões de reais para construir uma unidade de pronto atendimento. Um único bairro, o da Redentora, já abriga 600 clínicas médicas particulares. Empresas da área também movimentam a economia da cidade. A Braile Biomédica, fundada pelo cardiologista Domingo Braile, começou a produzir válvulas cardíacas nos anos 70. Hoje, emprega 500 pessoas e exporta para mais de trinta países.
A mineira Juiz de Fora também mostra muita saúde em medicina. A proporção de leitos hospitalares – 5,2 para cada 1 000 habitantes – é o dobro da média nacional. O Hospital Universitário, um dos 21 da cidade, receberá 150 milhões de reais nos próximos quatro anos, para erguer uma nova unidade que aumentará ainda mais essa proporção. Por ser o principal centro de serviços médicos, Juiz de Fora atrai pacientes de toda a Zona da Mata mineira, que aumentam a demanda por leitos. A cidade tenta minimizar o problema por meio de um consórcio que atende 24 municípios.
Maringá, no Paraná, é outro exemplo de pujança. "Gente de toda a região vem para cá em busca de atendimento", diz o secretário de Saúde do município, Antonio Carlos Nardi. Maringá conta com dois hospitais públicos e mais oito privados que realizam atendimento pelo SUS. É o caso da Santa Casa de Maringá, que tem 60% de seus pacientes provenientes da rede pública, e do Hospital Santa Rita, considerado um dos mais bem aparelhados do estado. Para não travar o sistema de saúde com pacientes dos municípios vizinhos, a solução foi estabelecer uma estratégia conjunta para cobrir os gastos. "Maringá compartilha os serviços médicos com trinta cidades da região, mas, para a coisa funcionar, tivemos de dividir a conta, de forma proporcional, entre todas". afirma Nardi. O acerto é feito todo mês, de acordo com o número de pessoas atendidas.
O progresso via turismo
Oportunidade a céu aberto
Muitas cidades têm potencial turístico no Brasil, mas poucas conseguem transformar o dinheiro dos visitantes em dínamo econômico
Do cartão de visita do prefeito aos quadros emoldurados nas paredes dos restaurantes, as cataratas estão estampadas em todos os lugares de Foz do Iguaçu. A onipresença se explica pela relevância das quedas d’água para a economia da cidade. Graças a elas, Foz é o segundo maior destino dos turistas internacionais no Brasil, atrás apenas do Rio de Janeiro. Em 2010, recebeu um total de 2,5 milhões de visitantes – dez vezes a sua população. A cidade tem o privilégio de abrigar um dos espetáculos mais exuberantes do planeta. Os 275 saltos das cataratas despejam até 6,5 milhões de litros de água por segundo de uma altura de 82 metros. O número de visitantes do Parque Nacional do Iguaçu cresce ano a ano. Em 2006, foram 950 000 turistas. No ano passado, 1,3 milhão. O aumento de 37% se deve a uma mudança pioneira na forma de a cidade se relacionar com uma unidade de conservação ambiental. O Ministério do Meio Ambiente entregou a gestão do parque à iniciativa privada. Foi um sucesso. A empresa Cataratas do Iguaçu S.A. investiu 42 milhões de reais para reformar o elevador panorâmico e construir lojas, mirantes e um restaurante, que chega a receber 1 200 clientes nos dias mais movimentados. Faturamento do parque: 40 milhões de reais por ano.
Com a demanda em alta, as companhias aéreas viram-se obrigadas a redimensionar seus serviços. Nos últimos cinco anos, triplicou a oferta de voos para Foz do Iguaçu. A explosão de turistas também levou a rede hoteleira a se renovar. O setor investiu mais de 200 milhões de reais desde então e, atualmente, emprega 3 500 funcionários. Na família da paranaense Iraci Machado dos Santos, de 62 anos, nove pessoas trabalham em hotéis. Ela chegou a Foz em 1983 e logo conseguiu emprego como cozinheira. Não demorou para seus filhos também entrarem no ramo. Entre eles, Vera Lúcia, de 43 anos, é gerente de vendas do Hotel Carimã. “O turismo é a principal alternativa para quem busca emprego por aqui”, diz ela. O comércio da cidade e o setor de serviços são engordados pelo dinheiro dos visitantes. “Além de criar emprego e renda, a atividade exige investimentos contínuos em infraestrutura. É outro benefício para a população”, afirma o diretor do Departamento de Pesquisas do Ministério do Turismo, José Francisco Salles Lopes.
O turismo é, ainda, o dínamo da imperial Petrópolis, no Rio de Janeiro. No ano passado, nada menos que 1,9 milhão de visitantes estiveram por lá. Eles compõem a base da economia local. Segundo cálculos da prefeitura, em 2010, os turistas deixaram 1,1 bilhão de reais nos hotéis, museus, restaurantes e lojas da cidade – o equivalente a 20% do PIB do município. O distrito de Itaipava, encravado na Serra dos Órgãos, é o que mais cresce. Além de abrigar a maior parte dos resorts, Petrópolis é a terceira cidade brasileira com maior número de restaurantes com três estrelas do GUIA QUATRO RODAS de 2011, publicado peja Editora Abril, a mesma de VEJA. Nesse quesito, ela fica atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Tanto que passou a ser conhecida como “Vale dos Gourmets”. Petrópolis tem hoje 4 600 leitos em sua rede hoteleira. Até o fim de 2013, o número aumentará 25%.
A cearense Caucaia, a 15 quilômetros de Fortaleza, está entre as cidades nordestinas que enxergaram no turismo uma oportunidade para melhorar a vida da população local. E está fazendo um bom trabalho. Até os anos 90, Caucaia não figurava entre os principais roteiros turísticos. Graças aos ventos constantes que sopram por lá, o local foi descoberto pejos aficionados do kitesurf – esporte em que o praticante usa uma prancha e uma espécie de pipa feita de tecido para deslizar sobre as ondas. A cidade passou a atrair não só esportistas, mas banhistas em geral. Resultado: surgiram vários hotéis na orla de Cumbuco, sua mais bela praia. Atualmente, 50000 turistas visitam o local todos os meses. Até hoje, no entanto, não há água encanada nem rede de esgotos. Usam-se poços artesianos e fossas negras. Mas a prefeitura decidiu investir em infraestrutura. Até o fim deste ano, será inaugurado um sistema de abastecimento e saneamento que custou 34 milhões de reais e atenderá a 100% das casas, hotéis e restaurantes de Cumbuco. A vida da população vai melhorar – e o número de turistas certamente crescerá ainda mais.

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