Texto de NELSON BARROS NETO
Líder do campeonato, o Corinthians tem uma outra grande vantagem além da tabela considerada mais fácil em relação aos concorrentes desta reta final de Brasileiro.
Enquanto o clube paulista é o recordista de bilheteria, tendo arrecadado mais de R$ 14,2 milhões em 16 jogos em casa, seus quatro principais perseguidores, todos do Rio, amargam confiscos de renda a cada partida disputada.
A situação acontece devido a acordos judiciais que penhoram a renda dos cariocas para pagamento de dívidas trabalhistas - fora do Estado, só o Atlético-MG é alvo disso.
Ao todo, o quarteto do Rio deixou de abocanhar R$ 3,621 milhões ou quase 40% do lucro líquido de seus jogos.
Juntas, as equipes devem mais de R$ 1 bilhão, segundo os seus balanços oficiais divulgados no ano passado.
"Nossas dívidas ultrapassam os R$ 100 milhões. Temos mais de 400 credores", diz Mário Bittencourt, advogado do Fluminense, clube mais afetado do grupo, que ainda não conseguiu juntar um único centavo da venda de ingressos no torneio.
Praticamente todo o dinheiro gerado nos duelos do Flu como mandante (mais de R$ 4,6 milhões) foi embora pelo acúmulo de despesas, como taxas para arbitragem, exame antidoping, policiamento, seguro e afins.
Ainda sobraria cerca de R$ 1,3 milhão de arrecadação líquida. No entanto, a equipe não só viu a quantia ser inteiramente bloqueada pela Justiça como ainda ficou com um débito de R$ 203 mil.
A culpa, a exemplo do que ocorre nos rivais, é colocada na "herança maldita".
"É um problema que perdura desde as gestões anteriores, e só agora estamos tentando medidas jurídicas para conseguir minimizar isso", completa Bittencourt.
Vice-líder, o Vasco chega a aparecer à frente do Fluminense no pagamento de penhoras por possuir melhores médias de público e renda.
Até o momento, o time cruzmaltino desembolsou R$ 1,155 milhão, contra R$ 1,058 milhão do que ficou da comercialização de bilhetes.
O empate sem gols com o São Paulo anteontem em São Januário proporcionou R$ 720 mil de arrecadação bruta. Descontadas despesas e retenções, ao Vasco restou apenas R$ 179 mil.
"As dívidas existem porque a diretoria passada não honrava nada, não pagava ninguém", diz o vice-presidente Aníbal Rouxinol.
O borderô do jogo no site da CBF mostra quatro distintas penhoras: geralmente, uma para cada ex-jogador, como o meia Juninho Pernambucano, que, apesar de voltar ao Vasco para receber um salário mínimo, tem a remuneração complementada por acordos trabalhistas.
Negociação semelhante faz com que 15% de todas as receitas do Flamengo vão para penhora, diz o diretor jurídico da equipe, Rafael de Piro.
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