NÓS FAZEMOS A DIFERENÇA NO MUNDO...

Nós fazemos a diferença no mundo
"Eu sou a minha cidade, e só eu posso mudá-la. Mesmo com o coração sem esperança, mesmo sem saber exatamente como dar o primeiro passo, mesmo achando que um esforço individual não serve para nada, preciso colocar mãos à obra. O caminho irá se mostrar por si mesmo, se eu vencer meus medos e aceitar um fato muito simples: cada um de nós faz uma grande diferença no mundo." (Paulo Coelho)

Na qualidade de Cidadão, afirmamos que deveríamos combater o analfabetismo político, com a mesma veemência que deveria ser combatido o analfabetismo oficioso no Brasil. Pois a politicagem ganha força por colocarmos poder de importantes decisões nas mãos de quem não se importa com o que irá decidir.
Concordo com Bertolt Brecht, quando afirma que: "O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos”. Ele não sabe o custo de vida, nem que o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato, saneamento, mobilidade urbana, e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. “Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce à prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

'Ser fiel é tão arriscado quanto trair', diz psicanalista.

Texto de IARA BIDERMAN
Autor de livros de sucesso, o psicanalista britânico Adam Phillips atrai leitores fugindo do jargão e tratando de temas como o flerte ou a gentileza, que não costumam receber atenção acadêmica. Suas obras, que combinam psicanálise, filosofia e literatura, são populares, mas ele mesmo, não. Nem e-mail tem. "Restringi ao máximo minhas formas de comunicação."
Phillips trabalha agora em "Missing Out", um livro sobre coisas que deixamos de lado na vida, a ser lançado no segundo semestre de 2012.
Nesta entrevista feita em seu consultório, em Londres, o autor de "Monogamia" fala sobre riscos da crença no "felizes para sempre".
- Em "Monogamia", o senhor diz que não há nada mais escandaloso do que um casamento feliz. Por quê?
Adam Phillips - O que amamos e odiamos num casamento feliz é ver nossos primeiros desejos e medos acontecendo na vida real. Toda criança começa seu desenvolvimento em uma relação monogâmica, com a mãe. E a maioria passa os primeiros 11, 15 anos da vida muito conectada a mãe e ao pai. É uma espécie de monogamia bissexual. Crescer é passar da necessidade de ter só uma pessoa para a necessidade de ter duas (mãe e pai) e a necessidade e a capacidade de se relacionar com várias.
Daí nossa tendência para a relação monogâmica?
A relação monogâmica é uma memória muito poderosa, é onde começamos. Hoje, muita gente acha difícil manter uma relação monogâmica. Queremos coisas opostas, desejamos coisas proibidas e não sabemos que queremos essas coisas. A cultura torna os desejos muito problemáticos. Muitas pessoas desejam um relacionamento monogâmico, apesar de não serem capazes de lidar com ele.
Quais são as maiores dificuldades da monogamia?
Os problemas surgem quando as pessoas desejam esse tipo de relacionamento, mas não conseguem realizá-lo. E para quem pensa que é isso o que deseja, mas descobre que não era o que queria.
A solução, no caso dessas pessoas, é a infidelidade?
Sim. E pode dar certo, mas sempre com conflito. Todo mundo tem ciúme sexual, ninguém suporta dividir seu parceiro de sexo. Alguns dizem que suportam, mas é impossível. Se amamos e desejamos alguém, não queremos dividi-lo com outros.
Isso tem a ver com a memória da relação entre mãe e bebê?
Sim. E também com o fato de termos necessidades e só determinadas pessoas poderem satisfazê-las.
Concorda com a tese de que mulheres são por natureza propensas à monogamia?
Acredito na teoria da evolução de Darwin, mas penso que evolução envolve cultura. Há boas explicações em termos de sobrevivência da espécie para sustentar que a mulher quer um homem para a vida toda e o homem deseja mais parceiras, mas não acho que a questão da sobrevivência seja a explicação final. Se fosse, a família nuclear seria a única coisa óbvia a se fazer.
Há diferentes formas de garantir a reprodução da espécie, há muitos jeitos de criarmos as crianças. E muitas formas de fazer sexo, não explicadas por essas teorias.
O senhor diz que uma sociedade sem a possibilidade de infidelidade seria perigosa...
Seria uma mentira. Colocaria pressão demais nos casais, obrigando um a ser tudo para o outro. É uma demanda moral irrealista. Outro perigo é a monogamia acabar com o desejo e virar uma prisão.
Acha a sociedade hipócrita em relação à monogamia?
Sim, se ela afirmar que é a única forma boa de relação para todos e o tempo todo.
Mas hoje também há muita gente dizendo que toda relação monogâmica é hipócrita, o que não é verdade. Para alguns, é um desejo genuíno, uma experiência real.
Tão real quanto traição?
As duas formas são construções sociais. O capitalismo trivializou a paixão, fez com que as pessoas se desiludissem em relação ao amor. Isso leva a pensar que as relações sexuais são algo que se compra no mercado só para levar a vida adiante. O capitalismo tenta dissuadir a criação de vínculos reais. E valoriza demais o prazer. E, para a psicanálise, o prazer é sempre um problema. Qualquer pessoa que te venda um prazer fácil está mentindo. Se o que queremos é prazer profundo, com troca entre pessoas, ele será difícil, cheio de conflitos.
Como lidar com os conflitos?
As crianças deveriam ter aulas na escola sobre frustração, para entender como ela é valiosa. Para adultos, a psicanálise ajuda, é educativa. Os adultos precisam aprender a ser adultos. A maioria age como adolescente, não quer crescer, acredita em fórmulas mágicas de relacionamento.
A fórmula 'feliz para sempre'?
Claro, é um ideal enganoso. Assim como achar que a pessoa que não se prende a ninguém é livre. São dois ideais igualmente enganadores.
A monogamia não é também uma forma de evitar riscos?
Pode ser. Correr riscos é muito importante, mas não devemos pressupor que todos os riscos estão na infidelidade. Fidelidade é tão arriscada quanto traição, há muitos riscos na monogamia.
Quais são eles?
Numa relação monogâmica, cada parceiro sabe e não sabe muitas coisas íntimas sobre o outro. Outro risco é descobrir as limitações do relacionamento humano, o quanto a outra pessoa pode de fato fazer por você. E há o risco de formar uma família.
Por que não considerar esses riscos tão atraentes quanto os riscos da traição?
Não fomos capazes de produzir relatos excitantes sobre a monogamia. Os bons romances são sobre adultério. Por isso, é difícil articular de forma interessante os prazeres da monogamia. Fica parecendo algo tedioso. Além disso, fomos educados para acreditar que a vitalidade está na heresia. Mas pode haver vitalidade nos dois tipos de relacionamento. O ocidental moderno e culto assume que a vitalidade esta só na heresia. Também está, mas essa não é toda a verdade.
Do que precisamos, afinal?
De boas histórias que nos ajudem a viver. As únicas verdades úteis são as que nos ajudam a viver. Num relacionamento, o que você precisa é criar uma história na qual se sinta vivo com a outra pessoa.
Hoje, temos mais opções para criar essa história?
Não sei. A cultura liberal oferece mais escolhas do que havia antes. Mas o capitalismo cria a ilusão de que temos muitas escolhas, quando na verdade temos muito poucas.
A única escolha é ser feliz ou não. É isso que está sendo vendido como o único programa: quanto prazer você pode ter, quão feliz pode ser. Só que felicidade pode ser como uma droga, nunca satisfaz, você quer sempre mais. Há coisas muito mais importantes que a felicidade: justiça, generosidade, gentileza.

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