Isso é uma vergonha Estadual e Nacional

Jornal O Fluminense

Bairros de Niterói, Itaboraí e outos à luz de velas

Danielle Rabello e Lucas Paulino

A pancada de chuva, seguida de fortes ventos que atingiu Niterói, no fim da tarde de quinta-feira, causou transtornos aos moradores da cidade. O fornecimento de energia ficou prejudicado em vários pontos até a manhã de ontem. De acordo com a Subsecretaria Municipal de Defesa Civil, não foram registrados deslizamentos, mas houve queda de árvores, em muitos bairros. Na Zona Sul e no Centro, muitas ruas ficaram alagadas. "Apenas algumas árvores caíram pela cidade, mas os prejuízos também não foram grandes. A cidade suportou bem o temporal, apenas muitas ruas alagaram", informou o subsecretário de Defesa Civil, major Márcio Romano.

Moradores do Edifício Sant Paul, na Rua Mário Alves, 78, esquina com a Rua Presidente Backer, em Icaraí, ficaram sem luz por volta das 17h20min de quinta-feira. O fornecimento de energia só foi restabelecido por volta das 10h40min de ontem. "Fiquei a noite e a madrugada toda ligando para a Ampla e o telefone só dava ocupado, quando conseguia falar, a cada 5 horas, os atendentes eram debochados. A única coisa que diziam era que o prédio não era considerado prioridade. Como um prédio com 19 andares, com 120 apartamentos sem luz não é prioridade? A rua tinha luz, o problema é no transformador. As árvores estão enormes, com os galhos entrelaçados nos fios, qualquer vento que der vai ser a mesma coisa", reclamou o comerciante Roberto Guanabara, de 46 anos.

De acordo com a subsíndica do prédio, a advogada Renata Gueiros, de 35 anos, seu marido chegou a ir até o Centro de Operações da empresa, em Alcântara, São Gonçalo, para tentar resolver a questão. "A gente começou a ligar para a Ampla às 17h20min, assim que o transformador estourou. Só fui atendida pela primeira vez às 20h20min. Eles disseram que iam mandar uma equipe, mas não deram previsão de quando. Como a luz não voltava, meu marido saiu para ver se encontrava alguma equipe na rua. Acabou indo parar no Centro Operacional, em Alcântara, onde não havia nenhuma equipe. Lá, ele recebeu a informação que só havia quatro equipes de plantão para atender Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá. Isso é um absurdo", disse.

Semelhante - Em Santa Rosa, a situação se repetiu no condomínio de número 747 da Rua Mário Viana. As 53 casas do condomínio também ficaram sem luz das 16h30min de quinta-feira, até as 16 horas de ontem. A arquiteta Vivian Hardman, de 52 anos, contou que também ficou a noite inteira ligando para a Ampla, sem que nada fosse resolvido.

"O pior, é que além de não conseguir dormir, tenho um projeto para entregar hoje (ontem) e não vou poder concluir porque não tem energia. Além de todos os transtornos de ficar sem luz, estou perdendo dinheiro", disse a arquiteta. Vizinho da arquiteta, o policial aposentado, Sérgio da Silva Chaves, de 66 anos, e a dona de casa Aldinéia Viana Chavez, de 62, também não conseguiram dormir a noite com a falta de luz.

"O calor e os mosquitos eram insuportáveis. Por volta das 23 horas vi uma moto da Ampla passando e fui atrás. Eles foram restabelecer a energia em um posto de combustível aqui perto. Depois de muito implorar eles vieram até aqui, olharam a rede e disseram que o fio neutro havia entrado em curto, e que só um caminhão ou caminhonete da empresa poderia resolver a questão", contou Sérgio.

Solução - A Ampla informou que as fortes chuvas e ventos que atingiram as cidades de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí na noite de quinta-feira, madrugada e manhã de ontem afetaram o fornecimento de energia em alguns pontos isolados das cidades. A concessionária esclareceu que equipes foram encaminhadas aos locais onde houve registros de falta de luz e técnicos trabalharam para normalizar o fornecimento o mais breve possível.

Problema prejudica ainda fornecimento de água em vários pontos

Em decorrência de uma falta de energia no sistema de Imunana-Laranjal, o fornecimento de água em Niterói, São Gonçalo, Maricá e Itaboraí foi afetado ontem. Por conta da falha no abastecimento, a Águas de Niterói, concessionária responsável pelo serviço na cidade, e a Cedae, responsável em Maricá, Itaboraí e São Gonçalo, alertaram para que sejam adotadas medidas de economia.

Em Niterói, o bairro mais atingido foi o Fonseca, onde cerca de 15 ruas tiveram o abastecimento interrompido. Atrelado à falta de água, um corte no fornecimento de energia elétrica também atingiu o bairro. Desta forma, após o serviço de água ter voltado ao normal, muitas casas na região não tiveram acesso ao produto, pois não dispunham de energia para utilizarem bombas elétricas. Além do Fonseca, Nova Cidade, em Itaboraí, e Laranjal, São Gonçalo, também tiveram problemas com falta de água.

"A situação ficou lastimável. Tomamos banho e lavamos louça, tudo com o auxílio de baldes. Isso porque pago a conta rigorosamente em dia. Imagine se não pagasse", alegou a professora Mirna Cabral, de 49 anos, moradora do Fonseca, que ficou mais de 24 horas sem água e 20 horas sem luz. A Águas de Niterói informou, via assessoria de imprensa, que o abastecimento foi restabelecido às 23 horas de quinta-feira, e que a demora se dava por conta da despressurizasão do sistema de abastecimento. O fornecimento deveria voltar ao normal ainda na sexta-feira.

Sobre os municípios vizinhos à Niterói, a Cedae informou que a falha no abastecimento afetou todo o Leste Fluminense, e que os reparos já haviam sido feitos. A demora, no entanto, poderia ocorrer, em pontos isolados, por se tratarem de locais de ponta do sistema.

Quanto à falta de energia, a assessoria de imprensa da Ampla disse que forte chuva na noite de quinta-feira causou interrupção em pontos isolados da cidade, e que equipes trabalharam durante toda sexta-feira para corrigir as falhas.

Problema no fornecimento de energia elétrica gera manifestação em Itaboraí

Danilo Motta

Erguendo cartazes de protesto, moradores dos bairros Parque Aurora e Gebara, em Itaboraí, fizeram uma manifestação, na manhã de sábado, contra a interrupção no fornecimento de energia elétrica na localidade. Por volta de 10 horas, cerca de 50 moradores se reuniram pedindo a normalização do serviço. Segundo os manifestantes, cerca de 5 mil moradores estariam sem luz há três dias. As polícias Militar e Rodoviária Federal foram acionadas, mas não houve confronto.

A dona de casa Antônia Martins Oliveira, de 65 anos, disse que, com a falta de energia, as ruas ficam às escuras e as pessoas mais propensas a assaltos. A Ampla informou, através de sua assessoria de imprensa, que dobrou o número de equipes para realizar os reparos no local e que, ainda no sábado, seria restabelecido o fornecimento de energia elétrica nos locais.

Fonte: O Fluminense