NÓS FAZEMOS A DIFERENÇA NO MUNDO...

Nós fazemos a diferença no mundo
"Eu sou a minha cidade, e só eu posso mudá-la. Mesmo com o coração sem esperança, mesmo sem saber exatamente como dar o primeiro passo, mesmo achando que um esforço individual não serve para nada, preciso colocar mãos à obra. O caminho irá se mostrar por si mesmo, se eu vencer meus medos e aceitar um fato muito simples: cada um de nós faz uma grande diferença no mundo." (Paulo Coelho)

Na qualidade de Cidadão, afirmamos que deveríamos combater o analfabetismo político, com a mesma veemência que deveria ser combatido o analfabetismo oficioso no Brasil. Pois a politicagem ganha força por colocarmos poder de importantes decisões nas mãos de quem não se importa com o que irá decidir.
Concordo com Bertolt Brecht, quando afirma que: "O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos”. Ele não sabe o custo de vida, nem que o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato, saneamento, mobilidade urbana, e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. “Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce à prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A farra imoral dos parlamentares

Texto de Ruth de Aquino
Cara Dilma, como a senhora protegerá o Brasil dos abutres que enriquecem e vão a motéis com o dinheiro do povo?

Cara presidenta, a senhora que lutou contra a ditadura militar, fará exatamente o que para proteger a democracia dos abutres que se apropriam do dinheiro do povo para enriquecer e ir a motéis? Um deles é seu ministro do Turismo. Devemos rebatizar a pasta para “Turismo Sexual”? Ou moralizar logo? Não deixe que o amigo de Sarney, o deputado federal maranhense Pedro Novais, de 80 anos, a coloque em maus lençóis na aurora de um novo governo.

Dilma defende o rigor fiscal. Mas onde anda o exemplo de austeridade? Se o salário mínimo só pode aumentar R$ 30, sob pena de quebrar o Orçamento, por que os parlamentares podem ter aumento de 61,8% e passar a ganhar R$ 26.500? Não dá para arrochar somente o trabalhador, o aposentado e a classe média.

Está tudo errado. Os congressistas, por lei, podem votar em seu próprio benefício. Não deveriam, já que recebem um subsídio pago por nós, eleitores e contribuintes, e não um salário. Homens públicos teriam de fazer por merecer, com produtividade e competência. Os parlamentares recebem 15 subsídios anuais, desfrutam quase dois meses de recessos por ano, comparecem ao plenário dois ou três dias na semana e podem aposentar-se com oito anos de mandato, com vencimentos iguais aos da ativa.

Pedro Novais já exerceu cinco mandatos como deputado federal pelo Maranhão – mas vive no Rio de Janeiro. Sua contribuição foi um projeto irrelevante em média por ano! E, agora, assume o Turismo com orçamento de mais de R$ 4 bilhões para Copa e Olimpíadas. É protagonista de um escândalo: teria passado uma noite com 15 casais na suíte Bahamas do Motel Caribe em São Luís. Não pagou a conta de R$ 2.156. Enfiou a mão no meu bolso, no seu bolso. Porque a nota fiscal, apresentada por seu gabinete, foi ressarcida pela Câmara.

Casado há 35 anos, Novais reagiu “indignado como parlamentar, cidadão e marido” contra a “acusação leviana”. Estaria com a mulher em casa nesse dia. Culpou os assessores pelo “erro”. E no fim prometeu devolver a verba. O orçamento do Turismo permitirá a Novais conhecer as instalações de todos os motéis no Brasil. O novo ministro de Relações Institucionais, o deputado Luís Sérgio, do PT do Rio de Janeiro, saiu em seu socorro: “O fato de alguém dormir num motel nem sempre significa que está fazendo amor”. Verdade. Digamos que Novais não tenha mais idade para orgias. Mas a falha foi dele. Não é só o sexo que está em jogo.

Revoltante é que, mesmo com um subsídio polpudo, os congressistas disponham de verba de até R$ 35 mil mensais para passagens, diárias, alimentação, moradia, viagens e contratações, muitas de parentes.

A nova ministra da Pesca, Ideli Salvatti, do PT de Santa Catarina, gastou mais de R$ 4 mil em verba do Senado para pagar diárias de um hotel em Brasília enquanto recebia auxílio-moradia. É uma atitude ilegal. Por muito menos, qualquer profissional na iniciativa privada seria demitido. O que disse Ideli? Foi “erro dos assessores”, e ela vai devolver o dinheiro. Dá vontade de mandar Ideli ir pescar em alto-mar.

Quando flagrados no malfeito, eles colocam um "ponto final" devolvendo o dinheiro. Ninguém é punido

É assim no Brasil. Os assessores de deputados e senadores são uns incompetentes. Apresentam notas de gastos pessoais de seus chefes para que eu e você paguemos. Os congressistas não sabem de nada. Quando flagrados no malfeito, resolvem colocar um “ponto final” devolvendo o dinheiro. Ninguém é punido.

O que fizeram os brasileiros? Pouco. Estudantes ocuparam o gramado do Congresso, com as caras pintadas, e levaram uns golpes de cassetete e spray de pimenta dos policiais. Onde já se viu, numa democracia, protestar pacificamente?

Dilma não foi torturada numa cela para conviver com abusos de congressistas e ministros. Desvios terão de ser punidos exemplarmente. Privilégios precisarão ser cortados. Hoje, os políticos formam uma casta superior, intocável e alheia à opinião pública, como se vivêssemos num regime totalitário. Leia as cartas nos jornais, presidenta. Seus eleitores chamaram o reajuste dos parlamentares de “assalto aviltante” e “vergonha nacional”. Eles não são o quarto poder. São o primeiro poder. Porque a democracia emana do povo.

Publicado na revista Época - 04/01/2011

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