Revista Época - 25/07/2011
Vamos Combinar
Seis meses de convivência ensinaram aos ministros que as explosões de Dilma Rousseff são dolorosas e até humilhantes, mas a agressividade varia conforme o grau três de gravidade. No patamar mais suave encontra-se o ministro que apenas dá uma entrevista. A presidente já não gosta, salvo quando ela mesma autorizou. A irritação fica maior quando o ministro vaza informações. E Dilma pode perder o controle quando um ministro resolve falar sobre a área do outro. Recentemente, Paulo Bernardo, das Comunicações, e Ideli Salvatti, de Relações Institucionais, atingiram o grau três de gravidade e foram enquadrados com dureza. Boa parte do ministério já concluiu que ficar em silêncio é uma boa forma de agradar a Dilma.
As decisões solitárias
Dilma Rousseff ouviu poucos auxiliares durante a faxina no Ministério dos Transportes. Como ocorre todo fim de semana, a presidente teve uma longa conversa com Luiz Inácio Lula da Silva. Mas tomou todas as decisões solitariamente. Não prestou muita atenção a conselhos de marqueteiros nem em pesquisas de opinião. Por sinal: o governo está fazendo uma licitação para contratar um instituto de pesquisas. O último contrato acabou há seis meses, e Dilma não confia nos levantamentos que recebe de graça.
Lula vai a campo em agosto
O PT paulista aguarda as conversas com o ex-presidente, principal estrategista no Estado
Padrinho do ministro da Educação, Fernando Haddad, na pré-campanha para prefeito de São Paulo, no mês que vem Lula começa a conversar com caciques do PT paulista sobre o assunto. Uma parte do partido se alinhou com Marta Suplicy e pretende testar a firmeza do ex-presidente na defesa de seu protegido. Agindo em coordenação com Dilma Rousseff, Haddad pretende deixar o ministério quando isso for conveniente para todos, em outubro ou mais adiante. Abençoada pela presidente e pelo ex, a candidatura de Haddad já dava sinais, na semana passada, de uma vitalidade que surpreende os adversários mais empedernidos. Mas a luta está apenas começando.
Norte e Nordeste unidos no pré-sal
Após as férias de julho, os senadores se debruçarão sobre os royalties do pré-sal. Os governadores das regiões Norte e Nordeste fecharam acordo. Eles sugerem que 40% dos royalties sejam repassados à União e o restante seja distribuído na proporção direta das populações de Estados e municípios e na proporção inversamente da renda de cada Estado ou cidade, como acontece hoje com outros fundos federais. Para quem sair perdendo, a sugestão é pedir mais dinheiro à União.
Três tucanos na direção da UNE
A União Nacional dos Estudantes prossegue como uma fortaleza fechada pelo PCdoB, que se apossou da direção da entidade após sua reconstrução, no fim do regime militar. Mas, pela primeira vez desde 1964, quando José Serra deixou a presidência da UNE a caminho do exílio, um grupo de estudantes tucanos passou a integrar a direção da entidade. Entre os 86 diretores eleitos no último congresso, três são ligados ao PSDB. Os outros são comunistas, petistas, trotskistas, anarquistas...
Lá é o serviço secreto
Na guerra por cargos de segundo escalão, assessores do PMDB, de Michel Temer, e do PT, de Rui Falcão, correm atrás de dados para destruir adversários, entregando o saldo da investigação ao Planalto e à imprensa. Foi assim que se descobriu que Nicola Moreira Miccione, candidato do PT a uma direção do Banco do Nordeste, é citado no Tribunal de Contas da União e na Justiça em função de uma polêmica redução de empréstimos. Nos Estados Unidos, a mesma disputa é mais civilizada. O serviço secreto investiga a biografia dos interessados e entrega um relatório oficial ao governo, evitando nomeações que já nascem constrangedoras.
Um trio para cuidar da economia
O economista Nelson Barbosa é a terceira ponta do triângulo que monitora cada passo da economia nos bastidores do governo Dilma Rousseff. Barbosa não é ministro, mas caiu nas graças de Dilma quando ela era chefe da Casa Civil. As outras pontas do triângulo são Guido Mantega, da Fazenda, e Fernando Pimentel, do Desenvolvimento. Habituada a articular o governo em pequenos grupos, Dilma discute assuntos políticos com a dupla Gilberto Carvalho e Ideli Salvatti.
Ideia popular
Presidente da Comissão de Segurança Pública do Congresso, o deputado Mendonça Prado (DEM-SE) quer aprovar emenda constitucional destinando 5% da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados e do Imposto de Renda para criar um fundo de R$ 40 bilhões para pagar salários melhores para policiais e bombeiros estaduais. A medida pode não fazer sentido tributário, mas mostra a popularidade da ideia de reforçar a segurança.
Sob a lupa do TCU
Aquele convênio da Fundação José Sarney enquadrado nas leis de incentivo para organizar o acervo bibliográfico do ex-presidente José Sarney virou Tomada de Contas Especial no TCU. Uma Tomada de Contas Especial é uma investigação mais rigorosa e parte do princípio de que foram identificadas irregularidades. A Petrobras liberou R$ 1,3 milhão de patrocínio.
A dança dos votos
Os advogados dos acusados do mensalão esperam que os réus só sejam julgados depois que três votos considerados fechados pela condenação já tiverem deixado o Supremo Tribunal Federal. Em 2012, os ministros Cezar Peluso e Carlos Ayres Britto completarão 70 anos e deixarão o Tribunal. Ellen Gracie, que não tem idade, dá sinais de que deseja ir embora mais cedo. De olho nos prazos, os advogados preparam medidas para ganhar tempo.
Na porta de saída
O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, decidiu que não levará o mandato até o final, em 2012.Ele quer convencer colegas que dirigem o clube a encurtar o mandato e a fazer eleições até 15 de dezembro, no máximo. Se não conseguir, Sanchez pretende renunciar e forçar a escolha de seu sucessor antes da hora.
A prova dos 200 mil
Estrelado por Fernando Henrique Cardoso, o site Observador Político tem a ambição de conquistar 200 mil leitores registrados no prazo de um ano. Em teoria, não é uma meta difícil de atingir. Só na estreia do site, quinta-feira passada, um vídeo com FHC teve 4 mil acessos no YouTube.
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