Autor: Plácido Fernandes Vieira
Correio Braziliense - 14/10/2011
Sou contra a reforma política que estabelece financiamento exclusivamente público de campanha e uma espécie de votação mista em que o eleitor vota diretamente em alguns candidatos e também numa lista fechada apresentada pelo partido. Se mais uma vez é o povo que paga imposto quem vai bancar a fatura, nada mais justo que seja ele a decidir se aceita essas mudanças. Há o risco de os cascas-grossas darem uma banana para a sociedade e enfiarem mais essa estrovenga goela abaixo dos brasileiros.
Ou seja: nada mais antidemocrático do que nos tirar o direito de escolher os eleitos e ainda colocar a fatura da campanha nas nossas costas. E quem disse que os cascas-grossas vão se tornar honestos do dia para a noite e deixar de fazer as tenebrosas transações nas quais embolsam caixa dois antes da eleição e pagam com maracutaias superfaturadas em obras e serviços públicos depois de empossados? E por que não instituir o voto distrital que, além de baratear o custo das campanhas, pode pôr os eleitos sob a fiscalização mais direta dos eleitores?
Sim, sob fiscalização direta, porque você conhece quem elegeu, o cara está mais próximo da comunidade. Pode até ser você, caro leitor. Depende da reforma política que se faça. E por que não financiamento exclusivo de pessoa física? Seria assim: o teto é x e o candidato é que teria de convencer o eleitor a fazer a doação para a campanha. Que história é essa de empresa bancando eleição? Com que interesse?
Se a reforma é mesmo para melhorar o Brasil, por que não adotar um modelo parecido com o da Suécia, em que os eleitos não fazem jus a mordomias pagas com o dinheiro do contribuinte? E são obrigados a manter a prestação de contas em dia e ao alcance de qualquer cidadão. Quando você tiver um tempinho, dê uma olhada no site do YouTube (www.youtube.com), pesquise "políticos na suécia" e veja alguns vídeos sobre como funcionam as coisas por lá. Vale muito a pena.
O que me pergunto, do alto da minha ignorância, é por que Lula, que hoje no Brasil tudo pode, não encampa uma proposta dessas? Ainda dá tempo de reforçar a biografia e entrar para a história como o grande animal político que é, mas sem levar junto o título de padroeiro dos cascas-grossas.
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