NÓS FAZEMOS A DIFERENÇA NO MUNDO...

Nós fazemos a diferença no mundo
"Eu sou a minha cidade, e só eu posso mudá-la. Mesmo com o coração sem esperança, mesmo sem saber exatamente como dar o primeiro passo, mesmo achando que um esforço individual não serve para nada, preciso colocar mãos à obra. O caminho irá se mostrar por si mesmo, se eu vencer meus medos e aceitar um fato muito simples: cada um de nós faz uma grande diferença no mundo." (Paulo Coelho)

Na qualidade de Cidadão, afirmamos que deveríamos combater o analfabetismo político, com a mesma veemência que deveria ser combatido o analfabetismo oficioso no Brasil. Pois a politicagem ganha força por colocarmos poder de importantes decisões nas mãos de quem não se importa com o que irá decidir.
Concordo com Bertolt Brecht, quando afirma que: "O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos”. Ele não sabe o custo de vida, nem que o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato, saneamento, mobilidade urbana, e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. “Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce à prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O Brasil no Ranking Global de PIBs

Autor: Armando Castelar
Correio Braziliense - 28/12/2011
Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
A notícia era esperada, mas ainda assim movimentou as manchetes de jornal: em 2011 o Brasil ultrapassou o Reino Unido e tornou-se a sexta maior economia do mundo. A ultrapassagem deve-se a uma combinação de fatores, alguns são sinais de força, outros de problema.
O fator mais positivo é que, desde que o Plano Real controlou a inflação e várias reformas mudaram para melhor a economia brasileira, o país tem sido capaz de manter um ritmo mais ou menos constante de crescimento. Basta ver que, desde então, 2009 foi o único ano em que o PIB caiu. No período pós-Real, o PIB cresceu em média 3,3% ao ano, próximo ao que se estima ser o limite atual para a economia brasileira, de 3,5% a 4% ao ano.
Essa taxa pode parecer baixa, e de fato o país poderia crescer mais com as reformas certas, mas ela é bem melhor que a observada nos países que há uma década e meia estavam à nossa frente no ranking global de PIBs. A Itália, que ficou para trás há um par de anos, teve crescimento médio anual nesse período de 1%; o Reino Unido, de 2,2% e a França, de 1,7%.
A grande diferença surgiu após a crise: em 2007-11, o Brasil cresceu um total de 23%, enquanto os PIBs de Itália, Reino Unido e França tiveram variações acumuladas de -3%, 0% e 5%, respectivamente. Portanto, a ultrapassagem de PIBs não foi só mérito do Brasil, mas também reflexo do fraco desempenho europeu.
No próximo quinquênio, a diferença de desempenhos deve se manter. A crise na Europa parece longe de um fim, já que o processo de redução de endividamento de governos, bancos e famílias da região será necessariamente lento, na melhor das hipóteses. A tendência é que a contração fiscal, a redução do crédito e a falta de confiança de consumidores e empresas mantenham o crescimento econômico baixo nesses países. O cenário alternativo parece ainda pior: um calote descoordenado, com a estatização do sistema bancário e forte recessão global.
O FMI prevê que Itália, Reino Unido e França cresçam em média 0,8%, 2,4% e 1,9% ao ano no próximo quinquênio, mas o próprio fundo reconhece que essas são estimativas otimistas. Não obstante, se a França mantiver essa taxa de expansão durante o resto da década e o Brasil for capaz de crescer 3,5% ao ano, em 2019 devemos ultrapassar também a França em termos de tamanho da economia em dólares.
Há, porém, vários riscos nesse cenário. O mais importante é que o tamanho do PIB nessa medida é muito sensível à taxa de câmbio em relação ao dólar. Nesse sentido, uma razão importante para o PIB brasileiro ter ultrapassado o do Reino Unido é que, após a crise financeira internacional, o real continuou se valorizando frente ao dólar, enquanto a libra perdeu valor. Mais especificamente, em 2006 eram necessários R$ 4 para comprar uma libra, enquanto em 2011 bastaram R$ 2,6 para fazer a mesma operação. Ou seja, o real se valorizou 50% frente à libra esterlina nesses cinco anos. Mesmo que os dois países tivessem crescido à mesma taxa, o PIB brasileiro teria aumentado em dólares 50% a mais do que o inglês.
Por conta das flutuações cambiais, o próximo ano pode ver o Reino Unido outra vez passar o Brasil nesse ranking de PIBs. Isso pode ocorrer, por exemplo, se em 2012 a nossa taxa de câmbio permanecer no patamar de R$ 1,86 por dólar e a taxa de câmbio libra/dólar ficar no nível de 2011, como prevê o FMI. O Brasil pode cair no ranking mesmo se crescer mais que o Reino Unido.
Outro fator a considerar é que, em algum momento desta década, devemos ser ultrapassados, em termos de PIB, pela Índia, país mais pobre que o nosso, mas com população várias vezes maior e crescimento bem mais rápido.
Se as projeções do FMI se confirmarem e a Índia de fato crescer em média 8% ao ano no próximo quinquênio (e deixando de lado eventuais flutuações do câmbio), já à época da próxima Copa do Mundo seremos ultrapassados por ela.
No todo, esses vários números mostram duas coisas. Primeiro, no pouco interessante cenário que se avizinha para a economia mundial nesta década, o Brasil deve continuar sobressaindo como país com bom crescimento que oferece boas oportunidades para empresas e indivíduos de todo o mundo. Segundo, ainda há muito a fazer para aumentar o potencial de crescimento do Brasil. Não devemos nos iludir por oscilações do câmbio e ganhos de posição em rankings internacionais que dependem tanto dos nossos sucessos quanto dos fracassos dos outros. O grande risco é ficar comemorando e se esquecer disso.

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