Autora: Cristiane Agostine
Valor Econômico - 27/01/2012
Os movimentos sociais intensificaram as críticas ao novo Código
Florestal, previsto para ser votado em março na Câmara, e pressionarão a
presidente Dilma Rousseff a vetar itens da proposta, se o projeto de lei for
aprovado pelos deputados. Nesta quinta-feira, cerca de 70 entidades da
sociedade civil terão uma reunião com Dilma, como parte das atividades do Fórum
Social Mundial Temático, em Porto Alegre.
No terceiro dia do fórum social, organizações como a CNBB, MST, Via
Campesina, UNE, WWF e SOS Mata Atlântica anunciaram mobilizações em todo o país
para tentar impedir a votação do novo Código Florestal, que foi alterado no fim
do ano passado no Senado. Se o texto for aprovado da forma como está, os
movimentos sociais apelarão para o veto da presidente.
Na análise de entidades da sociedade civil e ambientalistas, o projeto
de lei deverá ampliar o desmatamento, anistiará os desmatadores e prejudicará
os mangues.
Representando o MST e a Via Campesina, João Pedro Stédile reiterou:
"os movimentos sociais devem pressionar Dilma pelo veto. Vamos apelar para
o brio da presidente, que tem personalidade, para que honre seus compromissos
com as gerações futuras. Vamos fazer ações de massa". Mario Mantovani, da
SOS Mata Atlântica, disse que serão feitas 30 mobilizações em 14 Estados, que
serão intensificadas na véspera do dia previsto para a votação do novo Código
Florestal, em março.
Para a secretária geral da WWF, Maria Cecília Wey de Brito, o texto do
novo Código Florestal brasileiro é "incoerente" com a Rio +20,
conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, que será realizada no Rio
de Janeiro, em junho.
"As alterações que foram feitas [no Senado] não foram suficientes
para acabar com a perspectiva de aumento do desmatamento e da liberação de gases
de efeito estufa. No texto, existem várias propostas para reduzir as áreas de
conservação", afirmou. "Dilma pode não ter sido informada a contento
sobre o Código Florestal, nem sobre a visão da sociedade civil sobre
isso", disse a representante da WWF ao participar de um debate sobre o
código florestal.
Na plateia, ativistas exibiam adesivos com a frase "Proposta de
alteração do Código Florestal? Veta, Dilma!"
Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente e ex-presidenciável, analisou
que a aprovação do atual texto do novo Código Florestal abrirá precedente para
a votação de "uma enorme agenda de retrocessos", e citou projetos
como o da revisão do código mineral e da demarcação de terras indígenas.
"Estão removendo empecilhos. O Brasil quer passar no teste da
sustentabilidade ou mudar esse teste? Parece que está querendo mudar, em vez de
passar", disse. "Esse texto é um retrocesso", declarou Marina.
"Dilma se comprometeu em vetar propostas que aumentassem o
desmatamento e que anistiasse os desmatadores e está em uma situação
complicada. Ou se indispõe com o Congresso ou com a sociedade. A nossa
mobilização é importante para dar sustentação política para a presidente
vetar", comentou.
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