NÓS FAZEMOS A DIFERENÇA NO MUNDO...

Nós fazemos a diferença no mundo
"Eu sou a minha cidade, e só eu posso mudá-la. Mesmo com o coração sem esperança, mesmo sem saber exatamente como dar o primeiro passo, mesmo achando que um esforço individual não serve para nada, preciso colocar mãos à obra. O caminho irá se mostrar por si mesmo, se eu vencer meus medos e aceitar um fato muito simples: cada um de nós faz uma grande diferença no mundo." (Paulo Coelho)

Na qualidade de Cidadão, afirmamos que deveríamos combater o analfabetismo político, com a mesma veemência que deveria ser combatido o analfabetismo oficioso no Brasil. Pois a politicagem ganha força por colocarmos poder de importantes decisões nas mãos de quem não se importa com o que irá decidir.
Concordo com Bertolt Brecht, quando afirma que: "O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos”. Ele não sabe o custo de vida, nem que o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato, saneamento, mobilidade urbana, e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. “Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce à prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

domingo, 14 de agosto de 2011

Eles querem... Elas não

A inversão de papéis entre homens e mulheres não está mais apenas no campo profissional. Enquanto elas chegam aos 30 pensando na carreira, na liberdade e na independência conquistada, eles não veem a hora de ter filhos... E cuidar deles
Texto de Alessandra Kormann.
Revista Época
A chegada aos 30 (um pouco menos, um pouco mais) sempre foi anunciada, para as mulheres, como a hora certa para pensar em filhos — o corpo, dizem alguns, parece até pedir pela gravidez. A cobrança da família também costuma se intensificar nessa fase para quem já está num relacionamento sério ou, pelo menos, estável. O mais comum até pouco tempo, no entanto, era o homem encontrar motivos para adiar a chegada do bebê. Esse assunto, inclusive, costumava gerar inseguranças e crises na cabeça deles, principalmente quando paravam para fazer as contas. O fato de eles não terem data de validade para procriar também sempre contribuiu para que não tivessem tanta pressa em serem pais.
“Adoro não ter horário, receber amigos em casa sem me preocupar com nada. Ainda não estou pronta para abrir mão disso”
– Camila Ricomini, 31, analista de projetos
Mas, hoje, o que não apenas o senso comum mas também especialistas têm notado nos consultórios é uma curiosa inversão de papéis entre os casais dessa idade: enquanto eles estão loucos para virar pais, elas é que encontram motivos para postergar a chegada do bebê. Para a antropóloga e professora da USP Heloisa Buarque de Almeida, é impossível dissociar esse comportamento da mudança do status feminino na sociedade. “No Brasil, normalmente são as mulheres profissionais de camadas médias e altas que tendem a adiar mais a maternidade do que antigamente. Isso porque esse grupo social reconhece na maternidade um empecilho a algumas atividades hoje valorizadas, como a carreira, que é vista também como um espaço de realização individual feminina, além da maternidade”, diz.
TEMPO
É exatamente o caso de Camila Roncalio Ricomini, 31, que trabalha como analista de novos produtos em uma indústria farmacêutica. “Minha pós-graduação vai até o final do ano e há outros cursos que eu gostaria de fazer antes de engravidar. Penso bastante na carreira. Não que ache impossível conciliar, mas é bem comum ficar até mais tarde na empresa e isso seria mais difícil com crianças.” Enquanto isso, o marido, Mauricio Iodice Cepeda, 35, que trabalha na mesma empresa como consultor, está na fase “alucinado para engravidar”, segundo ela. Os dois estão juntos há três anos. “Ele encontra amigos que têm filhos e solta pérolas do tipo: ‘Todo mundo já tem pimpolhos, menos eu...’ Não é que eu não queira ser mãe, mas ainda não estou pronta para abrir mão de ser dona do meu próprio tempo”, afirma Camila.
A agenda livre de compromissos é justamente uma das vantagens da vida sem filhos que ela mais preza. “Adoro ter um horário para não fazer nada no fim de semana, poder chamar os amigos em casa e ficar até altas horas com eles sem me preocupar com o barulho ou se terei de levantar cedo no dia seguinte. Claro que podemos nos adaptar, mas não dá para negar que a vida muda depois que chegam os filhos.”
Mas Mauricio não desiste. Pelo menos duas ou três vezes por mês, o assunto vem à tona entre eles. Nessas ocasiões, Camila “empurra com a barriga” a história de gravidez. Mas ele procura não forçar a barra. “Se dependesse de mim, ela engravidaria agora. Mas sei que tenho de esperar o tempo dela”, diz.
SONHO
Quando os dois se conheceram, Camila tinha 28 anos e, logo nos primeiros encontros, Mauricio quis saber se ela queria ter filhos. “Ele perguntou, meio brincando, se eu já estava querendo engravidar, fazendo referência ao estereótipo da mulher de 30 que quer casar e engravidar. Eu respondi que até aquele momento não me preocupava com o assunto e que nunca fui louca para ser mãe. E, na verdade, nem ele havia entrado ainda nessa fase “alucinada”. Segundo ele diz, se sentia muito novo e achava que ainda não havia encontrado a mulher certa. “Foi com a Camila que a vontade de ser pai despertou. E a cada dia está maior.”
E enquanto ela não cede, ele paparica os filhos dos amigos. “Adoro interagir com os pequenos, eles têm umas sacadas geniais. Vejo que dá trabalho, mas sinto que vale a pena. Parece um caminho muito natural imaginar a família crescendo”, diz. Nem tão natural assim. De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2010, do IBGE, há mais casais sem filhos: eram 13,3% dos arranjos familiares no país em 1999 e passaram a ser 17% em 2009 — um crescimento de 28%. Já a proporção de casais com filhos caiu de 55% para 47% em dez anos.
Nova geração de pais
O analista junguiano e professor de pós-graduação em Psicologia Clínica da PUC-SP, Durval Luiz de Faria, autor de O pai possível — conflitos da paternidade contemporânea (Ed. Educ), destaca que a paternidade está na agenda dos homens na pós-modernidade. “Eles, hoje, dão muito mais valor à paternidade do que nas décadas da primeira metade do século passado. Eles cuidam dos filhos e expressam carinho não apenas de longe, mas também fisicamente. Começa a haver espaço na cultura para que o homem seja cuidador e isso o leva a querer ter filhos antes delas”, afirma.
Há também a questão de geração. Os homens de hoje foram criados para participar e exercer de fato a paternidade. Eles querem não apenas ser modelos, mas fazer parte da vida dos filhos no dia a dia. Esse é o principal argumento do superintendente de vendas Marcio Barbarov, 39, que logo no primeiro ano de casado começou a pressionar a mulher, a publicitária Daniele Vano Barbarov, 28, para terem filhos. “Quando nasci, meu pai já tinha 50 anos e, por conta disso, o conflito de gerações em nossa relação era forte. Não gostaria que isso se repetisse com meus filhos” diz ele. Os dois estão juntos há 13 anos e casados há quase três. Na época do namoro, como a maioria dos casais, eles apenas conversavam hipoteticamente sobre quantos filhos gostariam de ter. O assunto começou a ficar sério logo no primeiro ano depois do casamento, quando a vontade de ser pai bateu forte em Marcio.
“É uma coisa instintiva. Ser pai é ter a chance de ensinar outro ser, aperfeiçoá-lo para que a geração dele seja melhor do que a minha” – Mauricio Cepeda, 35, consultor.
Mas Daniela ainda lista algumas prioridades antes de ceder aos pedidos do marido. “O meu apartamento tem dois quartos e ficaria apertado, pois não é só o bebê, tem o carrinho, os brinquedos”, diz. “Além disso, viajamos para o exterior umas três vezes por ano. Com crianças isso fica mais complicado, a gente perde essa independência. Tem escola e mais um monte de compromissos relacionados a elas.” A verdade é que ser mãe nunca foi um sonho de infância, assume ela, ao contrário de Marcio, que nunca considerou a hipótese de não ter filhos.
Seja qual for o motivo, o fato é que, se esse descompasso aterrissa na vida de um casal na hora de decidir ter filhos, é preciso saber como resolver a questão sem deixar que isso interfira no relacionamento.
Para o professor Durval Luiz de Faria, a saída é a negociação. “No casal patriarcal, os âmbitos eram divididos: trabalho para o homem e cuidados com a prole para a mulher. Hoje, é importante haver sincronia entre os dois desejos, pois os papéis não são mais separados, tanto o homem quanto a mulher compartilham do cuidado doméstico e do profissional. Assim, o momento certo é aquele que é negociado pelos dois”, afirma.
Mauricio e Marcio afirmam estar prontos para isso e querem deixar descendentes. “É uma coisa meio instintiva, de passar os genes para a frente para preservar a espécie. Ser pai é, de certa forma, se perpetuar. É ter a oportunidade de ensinar um outro ser, aperfeiçoá-lo, para que a geração dele seja melhor do que a minha”, diz Mauricio. “Eu quero ter filhos para dar continuidade ao que construí. Pretendo passar para eles os meus valores, os meus princípios. Ser pai significa ser o exemplo, ser o apoio. É construir um ser humano para o mundo”, afirma Marcio. Só falta eles conseguirem convencer as mulheres disso.
Procura-se uma mãe para os filhos dele
“O maior sonho da minha vida é ser pai”. A maioria das pessoas quer ter filhos apenas para dar sequência à família. Eu quero por ser completamente apaixonado por crianças e por tudo que elas representam: carinho, pureza, sinceridade. É como um pedaço do céu dado a você de presente.
Acredito que tudo tem seu tempo, mas, como já tenho 30 anos, quero ser pai em, no máximo, dois anos, para que a minha idade não entre tanto em conflito com a do meu filho e para que eu consiga acompanhá-lo em cada fase, sendo seu amigo e não um rabugento que discorda de tudo.
Tanto faz se for menino ou menina. Se vier menino, vou querer jogar bola com ele, levá-lo ao estádio. Se for menina, vou tentar ser um pai em que ela possa confiar e vou enchê-la de carinho e delicadezas. Quero ter quatro filhos, dois biológicos e dois adotados. Mas os adotados só virão se eu realmente tiver uma condição financeira para sustentar a todos com conforto.
Morro de inveja quando vejo uma mulher grávida ou pais brincando com os filhos. Quando estou com amigos em algum lugar e vejo crianças perto de mim, às vezes até perco o foco na conversa. O pessoal sempre diz que eu fico com cara de bobo quando olho para bebês.
Por gostar tanto de criança, criei com um amigo um projeto social, chamado Só Ria, que hoje atende quatro orfanatos e um abrigo de idosos. Quando estou com os pequenos, parece que escapo do mundo real e entro em outro planeta. Acabo sendo pai, tio, amigo, palhaço, tudo que as crianças desejam nesse momento mágico que passo com elas.
Já tive alguns relacionamentos sérios que não deram certo, mas com todas as mulheres que passaram pela minha vida aprendi alguma coisa, até com as que me fizeram sofrer. Algumas namoradas quiseram ter filhos, mas na época eu ainda estava estudando e me dedicando ao projeto social. Se eu tivesse topado na ocasião, hoje seria pai, mas acho que eu não teria conseguido dar uma boa estrutura para eles e isso é fundamental.
Também já tive uma namorada que não queria ter filho de jeito nenhum, pois era modelo e não queria estragar o corpo e ter de parar de trabalhar. Eu era apaixonado por ela, mas ela era tão irredutível nesse assunto que com o tempo isso foi desgastando a relação e terminamos. Uma outra não podia engravidar por problemas de saúde, mas o namoro não deu certo por outras circunstâncias. Nós falávamos que, se ficássemos juntos, adotaríamos um casal.
Acredito que ainda serei muito feliz com alguém, mas está difícil encontrar uma mulher que saiba o que quer para ser a mãe dos meus filhos. Não procuro nenhum estereótipo definido, mas obviamente tem de gostar de criança.
Para aumentar as chances de achar essa pessoa, eu até me cadastrei no site de encontros Par Perfeito. Acho que existem pessoas boas em todos os lugares, bares, escolas, parques e, por que não, na internet? Já conheci pelo site pessoas maravilhosas, que, inclusive, levei para o meu projeto social.
Se eu não achar a mãe ideal em dois anos, vou adotar. Um dos meus companheiros no ‘Só Ria’ é advogado e vai encaminhar tudo para mim. Quero adotar uma das crianças do projeto. Na verdade, já tenho algumas em vista, tem cinco irmãos pequenos lá... Eu adotaria os cinco se eu pudesse. Mas pelo menos um vou adotar com certeza.”
– Luciano de Souza, 30 anos, engenheiro, solteiro

3 comentários:

  1. Adorei a publicação...e a reportagem com o Luciano de Souza...até que um dia eu encontrei um homem que ame crianças tanto qto eu..tb sou louca para ser mãe,quem sabe um dia eu encontre alguém me de essa felicidade!!

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  2. Eu e o Luciano temos muito em comum. Gostaria de alguma forma entrar em contato com ele. Seria possível?

    -Ana Paula Borges, 27 anos, Solteira.

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