NÓS FAZEMOS A DIFERENÇA NO MUNDO...

Nós fazemos a diferença no mundo
"Eu sou a minha cidade, e só eu posso mudá-la. Mesmo com o coração sem esperança, mesmo sem saber exatamente como dar o primeiro passo, mesmo achando que um esforço individual não serve para nada, preciso colocar mãos à obra. O caminho irá se mostrar por si mesmo, se eu vencer meus medos e aceitar um fato muito simples: cada um de nós faz uma grande diferença no mundo." (Paulo Coelho)

Na qualidade de Cidadão, afirmamos que deveríamos combater o analfabetismo político, com a mesma veemência que deveria ser combatido o analfabetismo oficioso no Brasil. Pois a politicagem ganha força por colocarmos poder de importantes decisões nas mãos de quem não se importa com o que irá decidir.
Concordo com Bertolt Brecht, quando afirma que: "O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos”. Ele não sabe o custo de vida, nem que o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato, saneamento, mobilidade urbana, e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. “Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce à prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

DEBATES NA UFRJ PARTE I

Muito além dos fatos

É preciso ir além dos fatos para entender a atual crise política que atingiu em cheio o primeiro governo de esquerda eleito no Brasil

A crise é a sombra inseparável da política. A atual veio à luz com denúncias de favorecimento em licitações de uma importante estatal brasileira, cresceu e se espalhou no Congresso com acusações de compra de voto de parlamentares da base aliada para sustentar medidas do executivo e, atravessando a Praça dos Três Poderes, acomodou-se - com desenvoltura - aos gabinetes do Palácio do Planalto. O presidente – a julgar-se pelas informações da mídia - assistiu impotente e paralisado, ministros e colaboradores de longa data, bem como dirigentes nacionais do principal partido de sustentação do governo, o Partido dos Trabalhadores (PT), serem – um após outro – envolvidos em um suposto esquema de corrupção. Midiática, a crise política vem, desde então, ocupando grandes espaços nas primeiras páginas dos jornais e no horário nobre das cadeias de televisão e rádio, além de frequentar salas de bate-papo na Internet e comunidades do Orkut.

Perplexa e atônita, a população que havia depositado suas mais caras esperanças no primeiro governo de esquerda eleito no País vê - nas telas de TV e em tempo real - mitos ruírem. A transmissão das seções das Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito (CPMI) instauradas para apurar a veracidade das denúncias alcançam índices elevados de audiência e insinuam que a esquerda adota as mesmas práticas fisiológicas, quando não se utiliza os mesmos agentes, que atribuía à direita. Arrastada à vala comum das denúncias, a vida política parece confirmar as mais cínicas suspeitas do senso comum: esquerda e direita são farinhas do mesmo saco. Todos parecem iguais, tudo parece o mesmo.

Esses são os fatos. Mas a universidade busca ir além dos fatos. É sua missão. Ela não os nega, mas desconfia das explicações fáceis, suspeita das aparências confortáveis e busca instaurar um discurso mais profundo que, ultrapassando o imediato, articule os acontecimentos como parte de uma trama larga, substancial e fecunda. Ela não pretende (nem lhe cabe) mudar estruturalmente a cena política, mas pode (e deve) ajudar a iluminá-la de um ponto de vista mais adequado, assim como sugerir alternativas. Uma universidade como a UFRJ, comprometida tanto com a produção contemporânea da ciência e da cultura, como com a construção de uma sociedade fraterna e uma nação socialmente justa, não poderia se furtar a essas tarefas. Não poderia se omitir frente à crise política que marca, talvez de forma inédita, o País.

Não se omitiu. A publicação que o leitor tem em mãos, e que inaugura a série UFRJ Debate, destinada a propor discussões relevantes tanto para a comunidade universitária como para a sociedade em geral, é uma prova disso. É, ao mesmo tempo, um convite à reflexão mais acurada acerca dos acontecimentos que invadem os meios de comunicação e impactam a vida pública. Ela se origina do debate A esquerda e a crise política do governo promovido pelo Fórum de Ciência e Cultura da Universidade, em 27 de julho, como parte das atividades do projeto Câmara de Estudos de Políticas Públicas. Coordenado pelo professor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ), Luiz Pinguelli Rosa, contou ainda com a participação do reitor da UFRJ e professor titular do Instituto de Economia, Aloísio Teixeira; do senador Saturnino Braga (PT-RJ); da deputada federal Jandira Feghalli (PCdoB-RJ); de Carlos Nelson Coutinho, professor da Escola de Serviço Social da UFRJ; de Luiz Werneck Vianna, sociólogo do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), e de Wanderley Guilherme dos Santos, cientista político também do Iuperj.

Foram quase quatro horas de debates, cuja transcrição oferecemos ao público. Optamos por manter a coloquialidade das intervenções e evitamos formalismos linguísticos excessivos. Resultou um texto que conserva propositadamente marcas de oralidade que denunciam o contexto de sua produção, surpreende reflexões ainda em progresso e aponta insuspeitas conexões entre fatos. Sobretudo, evidencia como a universidade pode contribuir para ultrapassarmos a pele dos acontecimentos imediatos.

Gabinete do Reitor

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