NÓS FAZEMOS A DIFERENÇA NO MUNDO...

Nós fazemos a diferença no mundo
"Eu sou a minha cidade, e só eu posso mudá-la. Mesmo com o coração sem esperança, mesmo sem saber exatamente como dar o primeiro passo, mesmo achando que um esforço individual não serve para nada, preciso colocar mãos à obra. O caminho irá se mostrar por si mesmo, se eu vencer meus medos e aceitar um fato muito simples: cada um de nós faz uma grande diferença no mundo." (Paulo Coelho)

Na qualidade de Cidadão, afirmamos que deveríamos combater o analfabetismo político, com a mesma veemência que deveria ser combatido o analfabetismo oficioso no Brasil. Pois a politicagem ganha força por colocarmos poder de importantes decisões nas mãos de quem não se importa com o que irá decidir.
Concordo com Bertolt Brecht, quando afirma que: "O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos”. Ele não sabe o custo de vida, nem que o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato, saneamento, mobilidade urbana, e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. “Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce à prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Filme 'Porta a Porta' retrata a pobreza da política brasileira... Até parece Itaboraí RJ

Documentário de Marcelo Brennand, que estreia nesta sexta-feira, mostra, a partir da pequena Gravatá (PE), como as eleições tornaram-se apenas uma oportunidade de ganhar algum dinheiro

Texto de Carlos Helí de Almeida
O título sugere um assunto empolgante, mas o clima de Porta a Porta – A Política em Dois Tempos, que chega nesta sexta-feira aos cinemas cariocas, é de desilusão e desencanto. Ambientado na pequena Gravatá, município de 80 mil habitantes no interior de Pernambuco, o documentário de Marcelo Brennand funciona como um showcase da tragédia política brasileira. Ali, ninguém – nem candidatos, nem eleitores - vê numa eleição algo além dos benefícios financeiros imediatos. Militar por um candidato é, antes de tudo, uma forma de incrementar a precária renda doméstica; em caso de vitória, quem sabe, pode-se sonhar com um emprego mais duradouro na nova administração pública.
No quadro de uma cidade incapaz de absorver a força de trabalho adulta, o lado mais perverso das campanhas eleitorais aparece em sua plenitude. A política é reduzida a uma alternativa de renda temporária, na qual cabos eleitorais com mais jogo de cintura, o extrato intermediário dessa cadeia alimentar, sonham com um carreira política na câmara dos vereadores. O sentimento de frustração é compartilhado com os eleitores que encontram pelo caminho: “Os candidatos e as promessas são as mesmas, mas nada muda”, reclama um deles.
As estrelas deste pobre espetáculo são os cabos eleitorais. Em troca de cachê médio de R$ 70 semanais – que pode chegar a R$ 150 ou R$ 200, dependendo do poder de concentrar votos –, eles vão de porta em porta para levar as palavras de seu candidato/empregador. A energia e a disposição desses militantes de aluguel durante o período eleitoral parecem intensas e genuínas, mas os personagens acompanhados pelo diretor deixam claro que a motivação limita-se à sobrevivência pessoal, mesmo.
Porta a porta passa longe das milionárias campanhas para vistosos postos administrativos. Ao fazer sua crônica sobre a eleição de 2008 para a prefeitura de Gravatá, Brennand parece construir uma versão primo pobre de documentários mais grandiloquentes do gênero, como Entreato (2002), de João Moreira Salles, sobre os bastidores da corrida presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo. Seus protagonistas são militantes de aluguel contratados por candidatos sem contas correntes gordas ou marqueteiros contratados a peso de ouro para disfarçar a falta de conteúdo dos discursos. 
O eleitorado não fica atrás. “Quero eleger alguém que não nos ignore, que me receba em seu gabinete quando eu precisar pegar um remédio lá”, diz um deles ao longo do filme, que condensa 90 dias de movimentação de campanha em Gravatá. Demagogia e assistencialismo são registrados em estado bruto, flagrados por diretor que tenta entender as motivações dos dois lados, sem se envolver emocionalmente com seus personagens.
Vencedor da mostra Pernambuco do Cine PE de 2010, o filme fecha com uma sequência que pode ser interpretada como um dos desdobramentos desse desencanto com a política (e os políticos) nacionais. Carlinhos, um dos cabos eleitorais do candidato derrotado, não vê outra alternativa a não ser deixar a companheira e o filho recém-nascido e pegar um ônibus para São Paulo, onde espera encontrar emprego. Um desfecho bem sacado para um documentário que oferece um rico material de reflexão em vésperas de ano eleitoral.

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