A Fifa expôs ontem o racha com o governo sobre os casos em que o Brasil deverá bancar prejuízos causados à entidade durante a Copa-2014... E afirmou que o país "acha que pode pedir mais" do que as sedes anteriores... O secretário-geral Jérôme Valcke foi incisivo ao defender que a entidade não pode arcar com os custos de um desastre natural que atrapalhe a organização da Copa será que os políticos um dia vão responder pelas mortes em desastres naturais e a segurança do povo?. Antes, a Fifa centrava essa pressão nos deputados que tratam da Lei Geral da Copa.
"Desastre natural e segurança no país não podem ser responsabilidade da Fifa, têm que ser do governo. Não podemos ser responsáveis por eventos deste tipo", declarou Valcke em entrevista realizada ontem à tarde, no Ministério do Esporte.
A responsabilização do governo durante o Mundial é um dos pontos mais polêmicos da Lei Geral da Copa, que deve ser votada em fevereiro.
A Fifa insiste que o Brasil se comprometa a bancar prejuízos que a entidade possa ter. E uma das versões do texto chegou a deixar claro que isso valeria "independentemente de culpa".
O governo brasileiro, por outro lado, defende que só seja responsabilizado por danos causados a entidades por "ação ou omissão", redação que teve o apoio da oposição ao governo Dilma Rousseff.
Valcke veio a Brasília para se encontrar com o ministro Aldo Rebelo (Esporte) antes de iniciar uma série de visitas aos estádios da Copa.
Em entrevista ao lado do ministro, o dirigente da Fifa alfinetou a maneira como o país negocia a organização do Mundial de 2014, ao comparar a demorada discussão a um parto.
"Talvez porque o Brasil é o país que ganhou cinco vezes a Copa, vocês acham que podem pedir, pedir e pedir. Mas na vida há princípios, e chegamos bem longe nas discussões. É o momento de acertar o acordo", disse o cartola.
O dirigente cobrou ainda do governo que resolva o impasse da meia-entrada, que deverá ser substituída por uma cota social de ingressos de US$ 25 (cerca de R$ 45) para estudantes, indígenas e integrantes do Bolsa Família.
Segundo Valcke, é preciso oferecer uma "logística" para que essas pessoas cheguem ao estádio. Na semana passada, o deputado federal Romário (PSB-RJ) foi à sede da Fifa e pediu doação de ingressos para idosos.
Nesta semana, a Fifa visitará os estádios de Fortaleza e Salvador. O calendário inclui outras vistorias, em março, e depois visitas a cada seis ou oito semanas. Valcke, contudo, não quis comentar a situação das arenas de Salvador e Recife, que sediarão a Copa das Confederações-2013 caso acelerem as obras.
UNIÃO
Ontem, o ex-jogador Ronaldo foi pela primeira vez a "cara" do Comitê Organizador Local (COL), presidido por Ricardo Teixeira. Ele disse que sua função será tomar decisões estratégicas com Teixeira e "fazer o brasileiro ficar orgulhoso com a Copa".
Enquanto a Fifa alfinetava o Brasil por "pedir mais que outros países", o jogador defendeu a união com o governo para fazer "a melhor Copa de todos os tempos".
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